Não é que alguém espiritualizado não tenha problemas, o que muda é a maneira como ele os enfrenta.| Foto: Ben White/Unsplash
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Membro da Igreja Batista do Bacacheri (IBB), há 27 anos, o pastor Wellington Salvador Martins acompanha de perto fiéis em pequenos grupos. “Como igreja, desenvolvemos um olhar direcionado para o cuidado com cada um. É o que chamamos de vida discipular”, conta.

A dinâmica de atenção integral faz parte da cultura de pastoreio junto ao povo, segundo ele. “Além do atendimento e aconselhamento pastoral, atendemos também as pessoas e suas famílias nas mais diversas necessidades”, ressalta.

Acostumado ao trabalho contínuo, o pastor tem visto os pedidos de ajuda à IBB crescerem consideravelmente. “Este tempo de quarentena serviu para evidenciar algumas realidades. Vimos, por exemplo, famílias que não tinham uma boa convivência terem suas fragilidades expostas. E isso acarretou, sim, em um aumento na procura por orientação e pela nossa rede de apoio”, diz Martins. Segundo o pastor, “em momentos de dificuldade, é comum que as pessoas se voltem mais para Deus”.

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Mesma direção  

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“Acredito que as pessoas estão orando mais”, avalia o frei capuchinho Luiz Carlos da Silva, capelão do Hospital Nossa Senhora das Graças, no bairro Mercês, em Curitiba. Para o religioso, o medo e o confronto com a finitude humana – evidenciados pela pandemia – sugerem a prática da espiritualidade. “A enfermidade leva ao processo de introspecção, uma síntese da própria vida. É uma oportunidade para se encontrar consigo mesmo e resolver aquilo que ficou para trás”, sustenta.

Ao citar a mensagem bíblica de Paulo aos Filipenses: “Não vos preocupeis com coisa alguma, mas, em toda ocasião, apresentai a Deus os vossos pedidos, em orações e súplicas”, o frei atribui à crença dois elementos fundamentais: “primeiro a fé, de confiar no projeto divino de salvação e depois a esperança, de que as coisas vão melhorar”, pontua. Ainda pelo que recomenda, o exercício de acreditar deve ser visto como ferramenta fundamental para o sustento da nossa existência.

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Efeitos

Já o psicólogo José Palcoski esclarece que a positividade gerada pela oração é o que traz benefícios físicos ao nosso corpo, como a liberação de serotonina – o hormônio da felicidade. “O que funciona é a concentração. O movimento [da oração] ocorre em uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal, onde são formadas funções como empatia, perseverança e resolução de problemas”, explica.

Segundo ele, uma pessoa que reza o terço, é como se estivesse repetindo um mantra, “que faz com que acredite naquelas palavras e que aquela ação tenha sentido real na vida dela”. Pelo que evidencia o especialista, não é que alguém espiritualizado não sofra tentações ou passe por desertos, o que muda é a maneira como enfrenta os problemas. “Ele acaba tendo uma melhor adaptação à realidade que está enfrentando. Se torna mais resiliente”, conclui.