O Natal e essa época do ano lembram, para muitos, bons momentos em família, perto de quem se ama. Só que mesmo pessoas que têm com quem passar as festas podem sentir algo que não seja necessariamente uma alegria. Para outros pode ser um período difícil justamente porque não vivem essa realidade por serem distantes dos familiares ou então porque simplesmente não têm mais família.
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Os motivos podem ser variados, mas o sentimento é mais ou menos comum. “Natal é um dos momentos mais depressivos, assim como o Dia das Mães. As pessoas entram em depressão facilmente porque podem se sentir mais solitárias, não tendo o sentimento de pertencimento”, revela Sônia Lunardon Vaz, psicóloga clínica.
Sônia diz, ainda, que os índices de suicídio são grandes nessas duas datas específicas. “O Natal, no cristianismo, é feito para a comunhão da família e é voltado para isso. Só que ninguém tem uma família 'hollywoodiana'. Tem famílias bem disfuncionais, inclusive”, destaca a psicóloga.
Karina Pinheiro, psicóloga, mestre em Análise do Comportamento e professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo afirma que depressão é multifatorial, pois depende de fatores biológicos e ambientais. Segundo ela ninguém vai ficar deprimido só porque é natal, mas que isso pode, sim, ser um gatilho.
“Primeiro a pessoa precisa saber o que incomoda. O que ela precisa melhorar? Depois que identifica quais são os gatilhos, aí ela vai trabalhar isso”, ensina a psicóloga. Ela lembra que períodos de férias e confraternizações parecem exigir uma necessidade de estar bem, feliz, rodeado de amigos e pessoas queridas, mas que muita gente pode ter perdido algum ente querido, ser mais carente de relações interpessoais e até ser uma pessoa mais isolada.
Esses fatores todos podem causar certa tristeza, segundo Karina. “Outra coisa pode ser alguém frustrado por conta do ano mesmo. A pessoa acaba estando mais triste no final do ano pelo que não deu certo”, diz.
Praticar a solidariedade
Sônia dá uma ideia para quem não se sente tão confortável em passar a data perto da família, mas não quer se deixar abater: promover a solidariedade. “Fazer um natal de forma mais coletiva, com grupos de necessitados. Pessoal de rua, orfanato, asilo, hospital de câncer. São várias as opções”, exemplifica. “Dessa forma é possível manter uma tradição com outra perspectiva, outro olhar, outra motivação que não aquela de comungar com a família unida, cheia de amor e carinho”, completa ela.
Depressão é coisa séria
Karina reforça que depressão exige um diagnóstico feito por profissional da área da saúde e lembra que o tratamento pode ser farmacológico e com auxílio de psicoterapia. Ela indica, porém, que junto disso a pessoa faça um descanso ativo. “É diferente de dormir. Descanso ativo é uma caminhada, assistir algo que gosta, sair tomar um café com alguém, praticar um hobby”, sugere.