A hora de desmamar exige equilíbrio da mãe, pois pode representar uma espécie de luto.| Foto: Bigstock
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Amamentar o filho é uma das maiores emoções que uma mãe pode sentir. É um vínculo, um ato de cumplicidade, uma entrega que deve ser encorajada e incentivada. A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno como forma exclusiva de alimentação até os seis meses de vida do bebê e, de forma complementar, até os dois anos.

Em algum momento, por necessidade, por opção da mãe ou de forma natural o desmame vai ocorrer. Essa experiência não precisa ser traumática. Nem para a mãe, nem para a criança.

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A pediatra Marcilene Teixeira Lima Oku explica que primeiro é preciso entender que o desmame não é o ato de cortar a amamentação. Introduzir qualquer alimento que não seja o leite já é considerado desmame.

Outro detalhe que a médica ressalta é que para muitas mães esse processo é um momento de luto. “É um período de desapego, de sofrimento porque marca o fim de um vínculo muito forte”, destaca. Por isso é tão importante se preparar para essa fase.

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Se a criança já tem certa autonomia o desmame pode ocorrer naturalmente, por iniciativa dela. Nesse caso, mesmo que a mãe se esforce para continuar amamentando, não tem muito o que fazer, segundo Marcilene. “A criança empurra, chora e não pega o peito”, diz a médica.

Se parte da mãe a necessidade de reduzir as mamadas, a médica orienta que seja feito de forma gradual. Porque até o organismo da mulher precisa se adaptar. “A redução da sucção diminui o estímulo hormonal e a produção de leite diminui automaticamente”, argumenta.

Outra dica da médica é que a mãe estabeleça limites, explicando para a criança que não é hora de mamar. “Dá para usar roupas diferentes, que não deixem a mama tão exposta e fazer com que a criança tenha mais dificuldade de pegar a mama, de modo que ela tenha que pedir para mamar”, exemplifica ela.

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Além do leite

O cardápio complementar normalmente começa a ser oferecido a partir do sexto mês. É quando a demanda energética do bebê começa a aumentar. Por isso é importante introduzir alimentos na rotina da criança para que as mamadas diminuam.

As frutas raspadas e amassadas são mais comuns nessa fase e com maior aceitação. Depois disso as papinhas sem sal são uma boa opção.

A nutricionista clínica Angela Federau enfatiza que o ideal é começar com um ou dois itens no máximo e, aos poucos, aumentar a diversidade e a frequência. “No início do desmame a criança come e a mãe complementa com o leite”, indica Angela, que completa: “É uma fase em que a criança aprende a mastigar e fazer movimentos que até então não precisava fazer”. Esse processo é fundamental e também influencia na aprendizagem da fala.

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Paixão por brócolis

Issana Braga da Cruz Justen é psicóloga e mãe do Gael, de 11 meses. Há 5 meses ele começou a comer frutas, mas ela conta que a paixão dele é por brócolis. “Ele me viu comendo, pediu e amou”, diz ela. Por isso Issana mudou a própria alimentação já durante a gestação, pois sabia que queria garantir uma rotina alimentar saudável para o filho.

Mesmo preparando quatro refeições diárias para o Gael, ela continua amamentando em livre demanda. “O mais prazeroso é o interesse que ele tem. Quando falo que ele vai comer, ele fica super feliz”, comemora a mãe.

Manter hábitos saudáveis é um grande legado que a mãe passa para o filho. Angela orienta que a individualidade de cada um seja respeitada porque não há um padrão de comportamento e pede paciência. “Com criatividade nessa introdução, todo o processo de educação alimentar fica mais fácil”, recomenda.