Aprender com as dificuldades: o que poderemos levar dos aprendizados de 2020 para o novo ano que logo se inicia?
Aprender com as dificuldades: o que poderemos levar dos aprendizados de 2020 para o novo ano que logo se inicia?| Foto: Unsplash/Parth Vyas

Sim, a gente sabe, 2020 foi um ano intenso e desafiador para todo mundo. Medo, distância, saudades, incertezas, perdas. Mas, ao mesmo tempo, também tivemos oportunidades únicas de nos reinventar e de aprender com as dificuldades. Então, o que poderemos levar desses aprendizados de 2020, para o novo ano que logo se inicia?

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“Se pensamos em nos planejar para o ano que vem, ou mesmo para o mês que vem, devemos ter em mente essa inconstância, essa nossa falta de controle sobre as coisas. E tudo bem, pois nem sempre é ruim não termos controle absoluto sobre tudo”, diz Gabriel Resgala. “Mas só o fato de pensar no que queremos e sobre o que está faltando já é um ganho”, avalia a mestre em Administração e professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, Janete Knapik.

Segundo ela, é preciso “colocar em prática, fazer acontecer e, principalmente, separar o desejável do realizável”. E lembrar que “o ano de 2020 frustrou muitos planos. Tendo em mente que 2021 ainda estará sob o impacto da pandemia, é preciso estabelecer objetivos realistas e que também priorizem o autocuidado e a saúde mental, que tanto sofreu no ano que está passando”, afirma.

Para o psicólogo Flávio Voight Komonski, do Conselho de Psicologia do Paraná, a primeira coisa a se fazer – antes de sair por aí bolando metas – é ter muito claro na cabeça que elas podem não dar certo (como aconteceu em 2020). “A gente não tem nenhuma garantia de que fazer planos vai resultar em ter essas metas atingidas”, pondera.

Pelo que aponta, o start para qualquer projeto passa por saber exatamente onde se está. “Eu estou de luto, porque perdi alguém que amava. Eu estou na pior fase financeira da minha vida. O mundo vive uma situação complicada e inesperada [a ameaça do novo coronavírus]. Reconhecer isso ajuda a entender de onde partimos. Ok, então minha fundação vai ser feita a partir daqui”, comenta.

Tendo esse “terreno” pré-estabelecido, aí sim dá para planejar o lugar (ou os lugares) em que se quer chegar, desde que seja algo coerente com a nossa realidade hoje. “Não adianta querer comparar com um ano que foi ótimo para você, que você viajou, fez novos amigos, só prosperou e cresceu profissionalmente. Otimismo demais pode ser mais um ingrediente para uma frustração posterior”, ressalta Komonski.

Por partes

Dividir a lista de desejos e estipular evoluções pontuais, que levem em conta os diferentes setores da vida, é uma forma sensata de alcançar sucesso em 2021. Para que isso ocorra, no entanto, o psicólogo clínico sugere que, primeiro, a gente avalie como está o nosso desempenho no trabalho, no casamento, em casa, com os filhos, no convívio social e com nós mesmos — e atribua notas para isso. “Pode até parecer rígido demais, mas ajuda a termos uma visão mais realista”, explica.

É a partir dessas percepções que as ideias de mudança podem ser instituídas, indica Komonski. Sempre pouco a pouco. “Se eu me avalio em uma nota 7 e consigo planejar chegar a um 7.5 em um ano, isso já é muita coisa. Crescer meio ponto, crescer um pouquinho, é tão válido quanto revolucionar tudo”, declara. “Nós temos a tendência de querer mudar tudo a todo ano que passa. Não dá!”, enfatiza.

Sentimentos

Outro ponto de destaque para Flávio Komonski e que quase nunca entra nas promessas de ano novo é estabelecer metas emocionais (aquelas que não são, necessariamente, tangíveis, específicas, numéricas, sabe?) “Como eu quero me sentir no meu casamento no fim de 2021? Qual emoção eu quero ter quando eu olhar para trás e ver tudo o que eu construí para aquele ano?”, exemplifica.

Tem questões mal resolvidas entre a família? A reconciliação também deve ser estipulada como meta para 2021, indica a psicóloga Jocely Burda, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Curitiba. “O significado da vida está relacionado a quem temos e não ao que temos. As pessoas que nós temos por perto, o que nós ouvimos e de quem ouvimos. Este ano mostrou muito isso para a gente. Por isso, vale a pena retomar a conversa e trabalhar esses conflitos para resolvê-los o quanto antes”, sugere.

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