Organização e metas bem definidas ajudam a controlar o estresse de fim de ano.| Foto: Bigstock

As últimas semanas do ano são carregadas de estresse e os motivos para tais sintomas são muitos. Ao mesmo tempo em que há uma preocupação com as tarefas se acumulando no trabalho, a chegada dos familiares para as festas de Natal e ano novo e a análise sobre metas pessoais – alcançadas ou não – são fatores importantes de estresse.

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Também por esses motivos, dezembro é o mês onde há maior busca por atendimentos nos consultórios dos psiquiatras e psicólogos, como aponta Marcelo Von der Heyde, médico psiquiatra, professor da PUCPR e do hospital das Clínicas, da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR). “É um dos meses críticos do ano, e isso é percebido entre psiquiatras e psicólogos. Em casos mais graves, é preciso buscar ajuda, como quadros de depressão ou síndrome do pânico. Esses seriam sinais de que o limiar entre um estresse intenso, como é comum na época, foi rompido e tornou-se uma doença”, explica o psiquiatra.

Não é à toa, portanto, que a pesquisa da International Stress Management Association (ISMA-BR), entidade de prevenção e tratamento do estresse, indica um aumento de 75% na tensão dos brasileiros no mês de dezembro. Os dados são de 2015, mas permanecem bastante atuais: das quase 700 pessoas entrevistadas, entre 25 e 55 anos, 75% disseram estar mais irritadas nessa época; 70% ficaram mais ansiosas e 80% sentiram a tensão percorrer o corpo todo. Ainda, quase 40% tiveram dificuldades para dormir.

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Metas: onde estamos errando?

Fim de ano é sinônimo de balanço dos últimos 12 meses. O que foi feito, o que não foi alcançado e o que nem mesmo foi tentado. Como muitas pessoas têm mais itens no “não feito” ou “não alcançado” do que no de “meta batida com louvor”, há estresse. Ainda assim, é possível passar por esse inventário do ano com mais leveza. A resposta está em mudar o ponto de vista.

“Há pessoas que até conseguiram realizar muitas coisas, mas elas só veem o que não alcançaram. Por isso é interessante que se coloque tudo no papel. Às vezes, a pessoa acha que só é válido se conquistar por completo, e não valoriza o caminho percorrido. Mas enquanto estamos vivos, estamos nos desenvolvendo”, sugere Gustavo Sehnem, médico psiquiatra cooperado da Unimed Curitiba e diretor da clínica Cadmo, em Curitiba.

Então, antes de partir para novas metas em 2020, liste tudo aquilo que você se propôs a fazer em 2019 e o que foi, ainda que em parte, alcançado. Celebre essas conquistas, mesmo que pela metade, pois foram passos dados em direção ao objetivo maior.

Sonho x meta

Outro erro bastante comum nesta época do ano, conforme o médico, está em confundir o sonho da vida com uma meta. Embora o sonho seja aprender um novo idioma, por exemplo, a meta deve ser revista a cada passo. Assim, a primeira etapa seria decidir se a ideia é aprender sozinho ou com a ajuda de algum professor, escola de idiomas ou aplicativo; se haverá uma dedicação todos os dias ou apenas em alguns dias na semana, entre outras etapas.

“Muitas das vezes, falta à pessoa pensar: o que eu preciso fazer para realizar esse sonho? Falta destrinchar mais. Ao longo do ano ela vai procrastinando, deixando cada vez mais para o final, e esquece que é importante doutrinar ao longo de todo o ano”, explica Gustavo.

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Organize-se

Destrinchar a meta é responder algumas perguntas antes de tudo, como:

  • Farei sozinha ou preciso da ajuda de alguém?
  • Farei todo dia um pouco ou em alguns dias da semana?
  • Eu tenho dinheiro, tempo ou qualquer material necessário para cumprir a meta?
  • Quanto tempo essa meta levará para ser totalmente cumprida?
  • Quanto tempo levará o primeiro passo? E o segundo? Terceiro?
  • Reavalie a cada etapa: eu ainda quero essa meta? Ou ela sofreu alguma mudança?

Lembre-se: grandes metas exigem mudanças na rotina diária, na semana ou no mês. Não é algo que vem da noite para o dia.