Jens Johnsson/ Unsplash| Foto:
Brad Ridout*, The Conversation
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Na última década, os smartphones deixaram de ser apenas um item de status para se tornar uma parte indispensável da nossa rotina. Nós passamos bastante tempo usando eles – cerca de quatro horas por dia. Existem pesquisas recentes mostrando que eles podem interferir em nosso sono, nossa produtividade, na saúde mental e no controle da impulsividade.

Sabe-se, também, que ter um aparelho próximo pode reduzir a capacidade cognitiva. Por isso, recentemente surgiu a ideia de que deveríamos estar mais preocupados com os danos que um smartphone pode causar, reduzindo nosso tempo de vida, por exemplo, ao elevar nossos níveis de cortisol, um dos hormônios mais estressantes que existem.

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O hormônio do estresse

O cortisol é erroneamente nomeado como o primeiro hormônio que provoca nossa ação quando estamos sob alguma ameaça (na verdade, é a adrenalina que faz isso). A verdade é que o cortisol é produzido quando estamos estressados, mas o seu dever é manter o corpo alerta, aumentando os níveis de açúcar no sangue, suprimindo o sistema imunológico.

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Esse fato nos ajuda quando estamos lidando com uma ameaça física imediata, que se resolve rapidamente. Mas quando estamos lidando com um estresse permanente (como e-mails do trabalho dia e noite) os níveis elevados de cortisol podem levar a diversos problemas de saúde, incluindo diabetes, obesidade, hipertensão e depressão. Os riscos à longo prazo para doenças e ataque cardíaco também aumentam, e tudo isso pode levar a uma morte prematura.

Mesmo que muitas pessoas afirmem sentir mais estresse agora do que antes de terem um smartphone, os estudos ainda determinarão o papel que o aparelho tem em elevar o nível de cortisol ao longo do dia. Uma pesquisa recente descobriu que o uso excessivo de um smartphone estava associado ao aumento do cortisol matinal – o nível que naturalmente se eleva cerca de 30 minutos após o despertar e que nos prepara para as demandas do dia.

Essas respostas do cortisol matinal, tanto altas quanto baixas, estão associadas a uma má condição física ou mental. No entanto, o uso de smartphone não afetou o padrão normal de cortisol dos participantes e nenhum outro estudo comprovou a ligação entre o aparelho e o aumento nos níveis de cortisol. Apesar disso, as pessoas ainda afirmam sentir um estresse digital e uma carga exaustiva de informação e comunicação.

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Uso de tecnologia por crianças: benefício ou perda da infância?

Checar os e-mails do trabalho antes de dormir ou logo após acordar pode aumentar o estresse. As redes sociais também podem ser problemáticas nesse sentido, nos expondo a conflitos ou a cyberbullying e criando o medo de que estamos perdendo algo importante que só acontece ali. Apesar de saber desses fatores, o aumento de dopamina se deve ao design viciante das redes sociais e a nossa compulsão de checar o feed e as notificações a qualquer momento. Mais da metade de jovens abaixo dos 35 anos checam o aparelho inclusive quando estão no banheiro.

Algumas dicas

Não é simples lidar com o estresse causado por smartphones. Mesmo a condição conhecida como nomophobia (uma abreviação para a fobia do sem-telefone-celular) também aumentou os níveis de cortisol. Em vez de fazer um detox digital, nós deveríamos estar abraçando a nutrição dos aparelhos. Isso quer dizer: manter uma relação saudável com nossos smartphones e prestar atenção ao que consumimos digitalmente, para maximizar os benefícios e minimizar o estresse.

Aqui estão algumas dicas para utilizar melhor seu smartphone:

1. Use aplicativos de monitoramento de tempo, como o Screen Time, da Apple, por exemplo, para saber o quanto você usa o aparelho e quais aplicativos consomem mais tempo.

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2. Desative todas as notificações, menos as dos aplicativos mais importantes, para que você se controle quando olhar a tela do smartphone.

3. Desative a atualização automática do e-mail, assim os novos e-mails apenas aparecerão quando você abrir o aplicativo. Isso também aumentará a durabilidade da bateria do seu celular.

4. Tire um tempo para fazer uma limpeza digital, o que inclui deixar de seguir pessoas e páginas que deixem você estressado ou que não tragam nenhum benefício. Lembre que você pode deixar de seguir amigos no Facebook sem precisar deletá-los.

5. Crie zonas livres da tecnologia em sua casa, como a mesa de jantar ou o quarto. Uma abordagem assim pode ajudar a evitar o estresse nesse período.

6. Não deixe o seu smartphone próximo da cama. Em vez de checar as notificações assim que acordar, comece o dia meditando, fazendo algum exercício ou tomando café da manhã calmamente.

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7. Esteja ciente de quantas vezes você usa o smartphone durante o dia por causa de um simples tédio. Em vez de bombardear sua mente com informações, utilize essas oportunidades para relaxar.

* Pesquisador bolsista, psicólogo e vice-presidente do Grupo de Pesquisa em Ciberpsicologia da Universidade de Sydney

Tradução de André Luiz Costa.

©2019 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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