Educar os filhos é uma missão complexa, com obstáculos diários e que exige muita paciência e dedicação. E a tarefa pode ficar ainda mais difícil quando outras pessoas querem interferir na maneira como os pais conduzem a educação de seus próprios filhos.
Normalmente as sugestões vêm de parentes mais próximos e que convivem com a criança. Mas também há amigos próximos que querem tanto ajudar que acabam estragando a relação, ao se intrometerem. Essas pessoas costumam dar pitacos na criação dos pequenos ou interferem de alguma maneira quando estão com elas. A psicopedagoga Sonia Renner Ferreira, especialista em educação especial, afirma que são corriqueiros os comentários que podem gerar constrangimento ou desautorização dos pais em frente aos filhos.
Os avós, por exemplo, não precisam assumir a tarefa de educar, mas, sim, precisam se permitir brincar e ensinar com docilidade, sem culpa ou responsabilidade de acertar. “É comum os pais entrarem em conflito com seus genitores quando precisam chamar a atenção ou corrigir os próprios filhos. Até outros parentes podem se sentir penalizados quando não concordam com as decisões tomadas na educação da criança”, explica.
Seja firme, mas gentil
A psicóloga infantil Nadia Favretto, especialista em clínica analítico comportamental, observa que quando alguém intervém na educação familiar, os pais devem deixar claro a forma como consideram mais adequada de educar e quais são as atitudes com as quais não concordam. Para uma comunicação ainda mais assertiva é possível pedir de maneira gentil a colaboração de todos neste contexto. “Em uma situação na qual os pais precisam deixar os filhos com os avós, por exemplo, uma sugestão é deixar uma lista com a rotina que deve ser seguida naquele período, facilitando o cumprimento das regras”, aconselha.
As especialistas concordam que a insegurança é um dos fatores que mais favorecem a interferência alheia. Quando as pessoas percebem firmeza, tranquilidade e segurança os pais conseguem mostrar sua autoridade e capacidade de educar. “O diálogo, o exemplo e a postura ética dos pais direciona a educação familiar e com isto a criança aprende que a opinião dos outros não deve prevalecer numa relação de ensinamentos, cuidado e amor. Ensinar implica aprender com os erros, acertos e experiências em um processo que gera crescimento para quem educa e para quem aprende”, ressalta Sonia.
Ao receber contribuições ou serem questionados pela forma de educar, os pais devem investir no diálogo com aqueles que os criticam. Sonia recomenda dar exemplos positivos e negativos vivenciados pela família, citar conhecimentos obtidos em palestras, livros, vídeos e outros meios de comunicação que ajudam a refletir sobre a educação na infância, adolescência e juventude. As trocas com outros pais nas redes sociais e grupos da escola, por exemplo, também podem ajudar.
Para evitar constrangimentos, Nadia aponta que outra necessidade é repensar a maneira de repreender. Uma boa estratégia é levar a criança para outro ambiente e conversar com ela sem a presença de outras pessoas. Também é preciso olhar com atenção a relação entre pais e filhos, pois a autoridade é construída naturalmente e o vínculo materno e paterno são os mais fortes, superando os demais. “Se a relação é de confiança, amor e respeito, qualquer obstáculo será vencido eficientemente”, finaliza Nadia.