| Foto: Amin Sani/Pexels
Ouça este conteúdo

Acostumada com uma rotina intensa de trabalho e estudos dentro e fora de casa, a assistente social Donina Rebelato Palumbo, de 74 anos, começou a sentir dificuldade para completar atividades simples do dia a dia depois da aposentadoria. "Percebi que minha concentração já não era mais a mesma e que eu não lembrava o nome de pessoas que eu conhecia, então tinha que perguntar toda vez", conta a idosa, que realizou alguns exames e descobriu que o problema não era sua saúde. "O que faltava era apenas manter meu cérebro treinado", afirma.

De acordo com a psicóloga Paula Ranieri, isso acontece porque, com o passar da idade, as funções cognitivas sofrem desgaste, trazendo dificuldades de memória e raciocínio ágil. "Por isso, é importante que o idoso mantenha seu cérebro ativo para evitar ou postergar esses sintomas", orienta a especialista, ao garantir que estímulos frequentes durante a vida são essenciais nessa tarefa.

"Uma pessoa que sempre estudou muito, tem o hábito de leitura, pratica atividades físicas, se alimenta adequadamente e mantém boas interações sociais apresenta mais conexões neurais e, com isso, maior capacidade para evitar processos neurodegenerativos que são aqueles responsáveis por doenças como Parkinson e Mal de Alzheimer", exemplifica Paula.

O problema, no entanto, é que boa parte da interatividade que estimula essa cognição foi reduzida significativamente nas últimas semanas devido às ações de prevenção à Covid-19. Com isso, pessoas como dona Donina precisaram usar a criatividade para manter o cérebro ativo neste período. “Sem poder trabalhar ou sair, comecei a preencher meu tempo com outras alternativas e não deixei espaço para tédio”, afirma a curitibana, que passou a bordar, fazer crochê, cuidar de sua horta, assistir pelo menos um filme por dia e estudar inglês.

CARREGANDO :)

"Comecei a preencher meu tempo com outras alternativas e não deixei espaço para tédio”

Além disso, ela aproveitou o momento para aperfeiçoar suas habilidades relacionadas ao uso da tecnologia. “Meu marido me ajuda com a parte de informática, então fazemos chamadas de vídeo com os filhos e netos, e também estou participando de um curso online para treinar meu cérebro”, conta Donina.

Segundo ela, as aulas são realizadas presencialmente pela Supera, empresa que atua especificamente com o desenvolvimento das capacidades do cérebro e saúde mental. Mas, devido à pandemia, as aulas de Donina passaram a acontecer via internet, com o auxílio de uma plataforma de videoconferência. “Aí a gente vê os colegas sem sair de casa e, além de resolver exercícios e participar de jogos, temos esse momento de interação”.

Para Paula, essa decisão da idosa é muito sensata e evita que o isolamento exigido atualmente lhe traga desânimo ou solidão. “Como esses sentimentos podem levar a quadros depressivos, é importante que nossos avós sintam que ainda pertencem a um grupo, mesmo em uma aula online”, afirma a especialista.

Publicidade

É importante que nossos avós sintam que ainda pertencem a um grupo, mesmo em uma aula online”

Além disso, ela garante que realizar atividades específicas para o cérebro estimula o funcionamento da memória, raciocínio lógico, atenção e das capacidades socioemocionais. “Lembrando que, ao se sentir capaz de superar desafios por meio dos exercícios propostos e do uso da tecnologia, o idoso também passa a ter mais segurança”.

Exercícios para o intelecto

Mas não é apenas a terceira idade que deve fortalecer suas habilidades cognitivas. De acordo com o engenheiro Adriano Saldanha, proprietário de duas filiais do Curso Supera em Curitiba, as aulas de “ginástica para o cérebro” – como são conhecidas – atendem pessoas de todas as idades em turmas específicas para cada faixa etária e ajudam a prevenir problemas intelectuais no futuro.

Por isso, para incentivar a população a cuidar da mente e aproveitar bem o período de isolamento, a rede disponibilizou em todo o Brasil diversos exercícios online gratuitos durante 30 dias. “As atividades fazem parte da nossa metodologia e contribuem para o desenvolvimento cerebral”, afirma o empresário.

E para não ficar somente usando o computador, também vale estimular a mente com atividades tradicionais, como cruzadinhas, sudoku e caça-palavras. “Lembrando que coisas cotidianas feitas de forma diferente também estimulam a capacidade intelectual”, aponta a Paula, ao sugerir ações como vestir-se com olhos fechados, ver o horário pelo espelho ou segurar a escova de dentes com sua mão não-dominante.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]