Ana Francisconi/Pexels| Foto:
John Malouff, The Conversation
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“Fico com tanta raiva quando ele diz que vai ligar e não liga”, diz Ellen sobre o namorado. Sua amiga, usando da empatia pode responder: “Sim, posso ver como isso a deixaria irritada. Acho que você está magoada”. Se Ellen concorda ou discorda, ocorre uma comunicação importante. Ela pode aprender algo útil sobre suas emoções, e a amiga pode aprender algo sobre Ellen.

A empatia é uma habilidade interpessoal que pode ser vista como parte da inteligência emocional. O psicoterapeuta Carl Rogers escreveu que a empatia poderia melhorar os relacionamentos e a recomendava para pessoas comuns e até mesmo terapeutas.

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6 dicas para desenvolver a habilidade da empatia

Além disso, estudos apoiam o valor dessa capacidade. Profissionais de saúde que demonstram altos níveis de empatia, por exemplo, tendem a obter melhor adesão ao tratamento de seus pacientes e melhores resultados. E além dos cuidados de saúde, a empatia está associada a melhores relacionamentos pessoais e comportamento social mais bem-sucedido.

Em sua forma mais completa, a empatia envolve entender a emoção de outra pessoa, sentir a emoção e responder adequadamente a ela. Esses três aspectos da empatia constituem cognição, emoções e comportamento empáticos. Só que algumas pessoas são boas em entender as emoções dos outros, mas não em senti-las de fato e oferecer ajuda. Então, o que gostaríamos se saber é se podemos ensinar às pessoas essa parte que lhes falta?

Aprendendo empatia de forma natural

Pessoas que têm uma personalidade antissocial ou narcisista tendem a ter problemas de empatia. O mesmo acontece com aqueles com autismo ou esquizofrenia. Há também muitas crianças e alguns adultos sem diagnóstico mental com pouca empatia. Algumas pessoas são geneticamente inclinadas a serem altamente empáticas ou não. Mas, geralmente, desenvolvemos empatia quando crianças, principalmente observando como os outros a demonstram.

Para ensinar ativamente a empatia às crianças, os pais podem explicar suas próprias emoções durante eventos significativos. Eles também podem discutir as emoções da criança e as de outras pessoas. Por exemplo: “Quando soube que Poppy tinha câncer, me senti atordoado, depois com medo e tristeza”.

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Os pais podem modelar a empatia mostrando-a quando a criança tem uma forte emoção, seja medo, surpresa ou outra coisa. Mas eles podem também estimular a empatia fazendo perguntas à criança como: “De que maneira você acha que seu irmão se sentiu quando jogou o brinquedo e ele quebrou?”, e ainda podem elogiar a criança por demonstrar empatia.

Aprendendo a empatia de maneira formal

Muitos pais, profissionais de saúde, professores, supervisores de trabalho e parceiros românticos provavelmente se beneficiariam de níveis mais altos de empatia. Pesquisadores examinaram se é possível aumentar a empatia cognitiva, emocional e comportamental por meio de treinamento formal. Os métodos usados para ensinar alguém a ser mais empático são, em muitos aspectos, semelhantes aos usados para ensinar uma nova dança ou como fazer um bom discurso público.

O treinamento normalmente inclui quatro elementos. A primeira parte geralmente envolve instruções sobre os benefícios de mostrar empatia, como identificar emoções nos outros, como sentir essas emoções e como comentar apropriadamente sobre elas.

Como desenvolver a empatia nos jovens

Em seguida, vem o modelo de uma pessoa que mostra empatia em resposta a algo que outra pessoa disse ou fez. Os modelos podem ser ao vivo, em vídeo ou áudio. A situação inclui uma resposta positiva à expressão apropriada de empatia. Às vezes, o modelo pode não demonstrar empatia e, posteriormente, demonstrar uma resposta melhor.

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O terceiro passo é a prática de mostrar empatia. Isso pode ocorrer ao vivo com o treinador ou online, em resposta a comentários ou ações por escrito ou em áudio de outra pessoa. A prática incluiria, quando possível, mostrar empatia em situações reais fora das sessões de treinamento.

O último passo envolve feedback construtivo sobre as tentativas de mostrar empatia. O feedback normalmente inclui elogios quando a pessoa reagiu adequadamente, mas, também pode apresentar informações sobre a melhor forma de avaliar a emoção de outra pessoa ou responder à emoção.

Ensinar empatia realmente funciona?

Recentemente, um estudante e eu concluímos uma meta-análise que reuniu 18 estudos sobre os efeitos do treinamento de empatia. Nossos resultados indicaram que o treinamento formal pode aumentar sim esse sentimento.

Alguns estudos pediram que as pessoas contassem sobre quando percebiam a empatia na vida cotidiana. Outros procuraram por relatos de pacientes sobre o nível de empatia de um profissional durante as consultas médicas. Independentemente de qual medida fosse usada, o treinamento tendia a ter um efeito positivo.

Os resultados dos estudos que pesquisamos tiveram limitações, no entanto. Aquelas pessoas que apresentaram melhorias significativas foram principalmente profissionais de saúde ou estudantes universitários. E os estudos geralmente acompanhavam os participantes por períodos de algumas semanas, no máximo.

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Portanto, não sabemos ao certo se podemos aumentar a empatia nas pessoas comuns por meio de treinamento formal. Também não sabemos se é possível ajudar alguém a obter um ganho de empatia a longo prazo. Para algumas pessoas pode ser desafiador aprender isso, porque elas podem não ter motivação para aumentar a empatia ou porque acham difícil imaginar como os outros se sentem.

Então, se as crianças aprendem naturalmente os adultos também podem?

Os adultos podem aumentar sua empatia fora do treinamento formal. Eles podem começar a procurar sinais no momento em que outras pessoas estão experimentando uma emoção. Isso pode incluir expressões faciais, posturas, suspiros, tom de voz, o conteúdo do que eles dizem e sua aparente situação.

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Se nos imaginarmos na situação de outra pessoa, daremos um grande passo no caminho da empatia. Se desenvolvermos uma hipótese sobre a emoção da pessoa e apresentá-la gentilmente a outro, podemos obter um feedback valioso e concluir uma experiência no aprimoramento da empatia.

Obviamente, nem todo mundo ganha com o aumento da empatia. Aqueles em ocupações que exigem lidar de maneira assertiva ou dura com outras pessoas podem não se beneficiar profissionalmente. Considere as pressões sobre soldados de combate e policiais. Mas, para a maioria das pessoas, o aumento da empatia teria efeitos positivos. A vida oferece oportunidades para aumentar nossa própria empatia e nós apenas precisamos procurá-las.

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* Professor associado na Escola de Ciências Comportamentais, Cognitivas e Sociais, Universidade da Nova Inglaterra

Tradução de Janaína Imthurm.

©2019 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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