É possível encontrar a felicidade mesmo em tempos de crise como este em que vivemos, quando o caos está imperando no mundo?| Foto: Larry Crayton/Unsplash
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O ser humano vive em uma busca contínua da satisfação. Acredita-se que a tão almejada felicidade está relacionada a um estilo de vida sem dificuldades, totalmente equilibrado, seja física, emocional e espiritualmente. Mas, esse é o retrato da verdadeira felicidade? É possível ser feliz mesmo em tempos de crise, quando o caos está imperando no mundo?

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A abordagem comum sobre a felicidade normalmente destaca um sentimento resultante das realizações. No entanto, é fundamental compreendermos que a felicidade é o resultado da tomada de decisão e mudanças internas que impactarão nas nossas ações. Ser feliz é um direito que todos nós temos, mas pode ser uma constância em nossas vidas, independentemente das circunstâncias?

Segundo a última pesquisa sobre felicidade global, realizada pelo instituto Ipsos, seis em cada 10 adultos de 27 países (63%) estão felizes. Apesar de todos os transtornos causados pela pandemia da Covid-19, o índice permaneceu quase semelhante ao divulgado em 2019, quando o resultado foi 64%. Em relação aos brasileiros, o percentual de felicidade oscilou positivamente: de 61% para 63%.

Mas, será que esse índice permanece atualmente, após um ano de pandemia, período em que inúmeras famílias já perderam entes queridos, outros sofreram com a contaminação do vírus ou perderam seu emprego e estão enfrentando a escassez?

Um dos principais fatores que colabora com a felicidade são os pensamentos positivos. Uma pessoa feliz normalmente possui pensamentos positivos. Fala-se muito sobre sermos o que pensamos, afinal, as nossas ações são guiadas pelo nosso cérebro, que traduz os estímulos que recebemos e nos prepara para respondermos; ou seja, ele rege quem somos, o que sentimos e como devemos agir.

Esse fato, leva-nos a refletirmos acerca do nosso foco, já que reagimos a partir dos nossos pensamentos. Um sábio provérbio paternal escrito aproximadamente 900 a.C nos alerta de que “devemos guardar o coração, porque dele procedem as fontes da vida”.

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Como nos mantermos felizes se estivermos com os nossos olhos focados na tragédia, nos índices alarmantes, nas faltas de leito e respiradores, na queda da economia, no desemprego e na fome? Impossível! Portanto, vamos alterar a direção do nosso olhar e pensamentos, lembrando que a qualquer momento podemos mudar o curso da vida; ou seja, somos responsáveis pelo funcionamento do nosso cérebro e nossas escolhas têm papel significativo.

Ser feliz inclui o controle dos pensamentos, o que gera uma sensação de domínio sobre as situações. Assim, você pode identificar os sentimentos que precisa fortalecer e aqueles que devem ser eliminados. Entre os principais sentimentos que geram felicidade, podemos destacar a esperança, que nos ajuda a enfrentar os desafios, lidar com as perdas, superar as frustrações e também a encontrar novas possibilidades.

Esta é a primeira orientação para a felicidade, pensar naquilo que nos traz esperança, resgatando as boas memórias. Todos nós temos muitas recordações, sejam da infância ou de outras etapas da vida, como casamento, nascimento dos filhos, viagens, passeios e outros.

Até mesmo lembranças de momentos simples ocorridos antes da pandemia, como uma refeição com os amigos e uma ida ao parque. Independentemente do tipo de memória, com certeza você pode resgatar essas lindas recordações e alimentar positivamente os seus pensamentos.

Para o filósofo grego Aristóteles, ser feliz é se sentir bem; uma sensação de plenitude, de completude consigo mesmo e com o meio no qual está inserido. Analisando desta forma, além dos pensamentos positivos, há outros fatores que podem desencadear em você a sensação de felicidade e bem-estar.

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A gratidão, por exemplo, é fundamental nesse processo. Vale priorizar esse sentimento que nos leva ao reconhecimento das boas ações e auxílio. Com isso, desenvolvemos um estilo de vida que valoriza as pequenas ações. É um dos sentimentos mais nobres que existem. Sermos gratos nos possibilita enxergar detalhes que auxiliam no bem-estar, aumenta a resiliência, reduz o estresse e ajuda na prevenção da depressão, fatores que contribuem para a manutenção da felicidade.

De acordo com pesquisadores da Harvard Medical School, em Boston, a gratidão é um poderoso remédio para o cérebro. Em um estudo realizado com 300 adultos, o grupo que fez um exercício de agradecimento apresentou melhora na saúde mental em comparação aos participantes sem atividade. Consequentemente, com uma boa saúde mental o alcance da felicidade torna-se mais fácil, apesar do caos instaurado na sociedade.

Estabeleça metas reais e alcançáveis para sua vida. Alcançar objetivos nos trazem a sensação de realização e bem-estar e, consequentemente, de felicidade; Mas é preciso que estes sejam atingíveis. Muitos estabelecem objetivos para suas vidas inalcançáveis e, quando não alcançam, frustram-se consigo mesmos, o que lhes traz imensa insatisfação.

Desenvolva estratégias pessoais para enfrentamento de situações de ansiedade e estresse. Ore, reze, medite, faça caminhadas, contemple a natureza, mas aprenda a se desligar de momentos de tensão e dar um descanso para si mesmo. Considere suas imperfeições e as aceite.

Evite comparações com outras pessoas, cada ser humano é único em suas experiências, valores, características e atributos. Valorize sua individualidade, sua inteligência, seus talentos, dons e seu corpo. Aprenda a se amar e respeitar do jeito que é. Não se cobre demais e não faça as coisas para agradar aos outros, mas sim para viver bem e sentir-se bem consigo mesmo.

Desenvolva sua espiritualidade, seu autoconhecimento, envolva-se em causas nobres e altruístas, cuide de si mesmo, tanto do corpo como de sua mente. Busque fortalecer bons sentimentos, bons relacionamentos. Tome ações que eliminem os maus pensamentos.

Decida perdoar aqueles que lhe magoaram, isso fará toda a diferença na sua vida. O rancor e a mágoa são extremamente prejudiciais, resultando em tristeza e decepção. Desenvolva boas ações, auxilie outras pessoas, essas atitudes lhe trarão inúmeros benefícios, fomentando a felicidade.

*Sandra Morais Ribeiro dos Santos é teóloga e pedagoga, mestre e doutoranda em Teologia, professora da área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER
**Daiane Martins Batista é teóloga e pedagoga, mestranda em Educação, da área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER