Com o fechamento temporário das academias devido à pandemia da Covid-19, e com as orientações que ainda seguem de manter distanciamento de outras pessoas, a solução encontrada por muita gente para continuar com a vida ativa foi comprar uma bicicleta.
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Dados da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) mostram um aumento nas vendas do item desde maio. Em agosto, no país, foram vendidas 93% mais bicicletas do que no mesmo período do ano passado. Os modelos mais buscados foram os chamados "de entrada", cujos valores vão de R$ 800 a R$ 2 mil.
Rodrigo Dudeque Calefe, administrador de empresas de 39 anos, foi uma dessas pessoas. Diagnosticado com diabete tipo 2 no fim de 2017, o jiu jitsu tinha sido o exercício físico de escolha para manter a glicemia controlada, até a chegada da Covid-19.
"Nesse ano, com a pandemia, resolvi trocar a bicicleta que eu tinha e transformei a pedalada em rotina. Eu não posso ficar sem exercícios, para manter meus exames em dia, e hoje pedalo cinco vezes na semana, duas horas por dia. Perdi 8 kg nos últimos meses e estou me sentindo bem", relata Rodrigo, que já convenceu a esposa, Melissa Calefe, a entrar nesse estilo há dois meses. "Ela me via saindo todo dia para pedalar e achou legal, quis começar também. Ela está no início, mas logo entra no ritmo", completa.
Qualidade de vida
Manter o ritmo dos exercícios físicos durante a pandemia é benéfico não só a quem tem alguma doença crônica, como no caso do Rodrigo. Quem sente dores ou está mais sedentário nesse período também verá mudanças com a adição de uma atividade física, como o ciclismo, de acordo com João Luiz Carneiro, médico clínico geral do Hospital VITA, em Curitiba.
"A bicicleta tem o lado mais lúdico, de passear, dar uma volta na cidade, ir ao parque. Pode ir com a família. A corrida é um pouco mais individual, mais complicado. E com as academias mais restritas, assim como as piscinas, o ciclismo pode ser uma alternativa", explica.
Foi a opção escolhida por Felipe Nóbrega, empresário de 40 anos. Sempre ativo, com a Covid-19 se espalhando, Felipe se viu em casa por mais tempo do que gostaria. "Ficar uma semana em casa é um descanso. Duas semanas já fico nervoso. Comecei a andar, ia a pé para o trabalho, mas pensei que a bicicleta poderia ser melhor. Eu tinha uma velha, que levei para arrumar, mas achei melhor trocar e peguei uma nova", detalha.
No começo, Felipe ia uma vez por semana ao trabalho de bicicleta. Aos poucos foi aumentando a frequência e hoje são três a quatro vezes. "A distância de casa para o trabalho não é tão longe, dá uns 5 km. Mas tenho feito uma volta mais longa, de 15 km, porque já faço um treino antes de trabalhar", relata. "Eu sou um cara que sempre praticou exercícios. Nunca fui de corrida, tenho 92kg. Se eu começo a correr, na terceira semana estou 'sem' joelho. A bicicleta estimula mais. Na primeira vez cansa, mas na segunda vai mais fácil", explica.
Escape para a saúde mental
O aumento na procura por bicicletas pegou muitos vendedores de surpresa, como Alessandro D'Andrea, sócio-gerente da Bravo Bikes, de Curitiba. "Houve um aumento expressivo no volume de demanda por bicicletas. Sei que algumas lojas tiveram 300% de aumento no volume de buscas. Tanto que o mercado, de modo geral, está com falta de produto. A linha 2020 acabou e a de 2021 começa a chegar em outubro/novembro", diz.
Apesar dos percalços, Alessandro vê com otimismo essa busca pelo item, especialmente durante a pandemia. "Pessoas que já pedalavam aumentaram a frequência, as que um dia pedalaram resolveram retomar, e as que nunca tinham pedalado se sentiram incentivadas a começar. Com o fechamento temporário das academias, clubes e parques, as atividades ao ar livre se tornaram alternativa para poder manter a saúde física e mental", relata.
"A bicicleta permite que você, respeitando o distanciamento, possa fazer um pedal com um ou dois amigos. Permite ter algum tipo de convívio, mas com os devidos cuidados", completa Alessandro.