Josiane e os filhos (dois biológicos e um adotivo). “Comentários negativos sempre vão existir, mas a convivência é que faz a diferença para a gente”.| Foto: Arquivo pessoal/Josiane da Silva Ribeiro
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Como seres sociais que somos, é absolutamente normal esperar o apoio de pais, irmãos, tios, primos e avós para qualquer decisão que a gente tome. Só que nem sempre isso acontece. Muitas vezes, aliás, a “rejeição” vem da própria família extensa – algo doloroso de enfrentar.

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“Nossa postura foi muito firme desde o começo. A gente tinha muita certeza do que queria fazer”, diz a administradora Josiane da Silva Ribeiro, ao falar sobre a experiência dela com a adoção do filho mais novo. Victor, de 11 anos, chegou à família depois de dois filhos biológicos.

Pelo que conta, de modo geral, a família reagiu bem, mas ela e o marido, Gilson, chegaram a ouvir que “estavam loucos ao levar para casa alguém criado e com o caráter já formado”. “Acho que teve muito a ver com a maneira como a gente conduziu tudo. Nunca escondemos de ninguém nossa vontade [em adotar]. Comentários ruins sempre vão existir, mas para a gente a convivência é o que faz a diferença”, sustenta.

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O que fazer

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Acostumada a lidar com candidatos à adoção, a psicóloga Daniela Zeponi Garcia Reis, do Tribunal de Justiça do Paraná, já viu situações em que algum membro da família era contra e isso acabou gerando problemas de convivência. “Tive um caso em que a mãe adotiva teve que se afastar da sogra para seguir com o plano de ter uma filha que não fosse biológica”, lembra.

Por isso, ela alerta que quem estiver firme no propósito deve estar disposto a passar por abalos nas relações familiares, mas defende que a opinião dos mais próximos seja, sim, levada em conta. “O que eu sempre oriento é que não se faça a adoção 'a fórceps'. Não force se você não tem o apoio da sua rede social e se não sabe se vai conseguir lidar com isso”, ressalta.

Segundo Daniela, mais do que nunca, é preciso agir com bom senso. “A dica que eu dou é: analise se você vai ter essa resistência [de lidar com a rejeição de alguém que tanto importa para você] ou como vai fazer para adquiri-la”, pondera.

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Projeto de vida

Já para evitar conflitos futuros, Daniela recomenda que os pretendentes sensibilizem as pessoas antes de tomar qualquer decisão. “Faça da adoção um projeto. Da mesma maneira que você se abre e busca informações sobre o processo, participa de grupos familiares, faz contato com pais adotivos pela internet, comece a fazer isso com quem considera importante na sua vida, quem você quer que esteja junto nessa”, sugere.

A especialista também orienta que os interessados “filtrem” quem serão os membros dessa rede de apoio e “gastem” um tempo com eles. “Gaste um tempo para explicar, para mandar vídeos, indicar filmes, compartilhar um áudio book que fale sobre adoção. Vá trazendo a pessoa nesse projeto adotivo com você. Porque da mesma maneira com que você se abriu para essa possibilidade e passou a visualizar isso na sua vida, ela também pode fazer”, garante.

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