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Tão importante quanto os hábitos relacionados à saúde e à educação, são os hábitos financeiros de uma família. A forma como uma casa lida com suas finanças diz muito sobre o seu equilíbrio até mesmo em outras áreas, afinal, a vida econômica reflete em boa parte delas. Isso também significa que é a partir dessa cultura financeira que os filhos vão formar sua consciência em relação ao dinheiro, consumo, despesas, valores e, principalmente, à responsabilidade financeira.

4 maneiras simples de ensinar as crianças a lidar com o dinheiro

Segundo o economista Giovani Domiciano Formenton, para ter finanças controladas, o mais importante não é ser bom em matemática ou entender tudo sobre o sistema financeiro: é uma questão de hábito e força de vontade. “São duas coisas que necessitam muito treinamento. E, como qualquer outra coisa, quanto antes você iniciar a prática, mais hábil você se torna”, afirma o economista. Por isso a importância dos pais estimularem os filhos também nesse processo, mas claro, sempre respeitando o momento do desenvolvimento cognitivo de cada criança.

Mas então, como os pais podem contribuir de forma prática para a educação financeira dos filhos? Para isso, vamos nos atentar às particularidades de cada fase. Segundo o economista, quando a criança é muito nova, ela ainda não é capaz de compreender abstrações e, por isso, nesta fase os ensinamentos precisam ser bem práticos e palpáveis, para que ela compreenda. Por volta dos 12 anos, ela já passa a assimilar melhor o pensamento abstrato e, assim, a imaginação vai longe. É nesta hora que você pode começar a adicionar conceitos à educação financeira.

O valor das coisas: vale a pena?

Um conceito extremamente importante é o conceito de valor. “É fundamental a criança saber que o valor das coisas não é dado pelo ‘quanto ela paga’ por elas”, explica Formenton. Esse tipo de noção deve ser construído na prática desde cedo, mas quando a criança já está na fase em que o pensamento abstrato está mais completo, é fundamental fazê-la refletir sobre esses três pontos:

  • Algumas coisas têm mais valor do que o dinheiro que pagamos e outras muito menos;
  • O valor de uso (valor real de cada coisa para uma indivíduo) varia de pessoa para pessoa;
  • Existem motivos para as coisas terem um valor diferente das outras e estes motivos podem ou não valer a pena. Por exemplo: você pode dar um grande valor a um gibi se ele foi a primeira coisa que você comprou na vida, ou se foi a sua avó que te deu, este valor vale a pena. Mas você também pode dar grande valor a um gibi porque você é o único da sua escola que o tem e isso te faz se sentir superior aos outros, este valor não vale a pena.

Qual o impacto de recompensar financeiramente os filhos por suas tarefas?

Na fase da pré-adolescência, seu filho já está em condições de compreender o que é status, inveja, ganância, corrupção, etc. Isto tudo está atrelado a uma educação econômica financeira. “Não se trata só de aprender a gerir o dinheiro, mas de compreendê-lo para que a gestão financeira não se aparte do que a pessoa é em sua integridade”, afirma o especialista. Em geral, quando as pessoas separam isso, elas acabam dando muito mais valor ao “ter” ou, então, têm sua vida financeira bagunçada por não se conformar com o que têm. “Está tudo atrelado, por isso, o melhor método de ensino é sempre o exemplo”, completa.

Para que o exemplo seja realmente eficaz, duas coisas são importantes: os pais precisam ter uma vida financeiramente educada e os filhos têm de acompanhar desde cedo a atividade econômica da famílias – uma compra, uma tomada de decisão, a contabilidade da casa, etc. Mas lembre-se de que há coisas que têm hora para serem aprendidas. O filho não pode ser responsabilizado por nenhuma decisão que seja obrigação dos pais durante este processo. “Discutir sobre o quanto vai custar o internamento do avô ou conviver com um momento excessivamente intenso de dificuldade financeira do casal, por exemplo, pode ser uma experiência muito mais traumática do que educativa”, ressalta Formenton. Isso, além de trazer problemas emocionais para a criança, pode fazer com que ela crie um desgosto excessivo pelo tema.

Como ensinar sobre finanças nas diferentes idades da criança?

De 2 a 4 anos

Nessa idade, seu filho já compreende que ao entregar dinheiro a alguém, ele consegue algo em troca. Coloque limites para que a criança não queira tudo o que vê pela frente no supermercado, por exemplo. É importante ser firme nessas decisões. Brincadeiras e atividades que lhe ensinem noções de quantidade, somas e subtrações simples são suficientes para um bom começo de sua educação financeira.

De 5 a 8 anos

É hora de “apresentar” o dinheiro ao seu filho. Mostre as moedas e as cédulas e explique o valor de cada uma. Se precisar, faça desenhos. Nessa fase, também é importante orientar suas escolhas, por exemplo: se ele quer comprar um brinquedo caro, faço-o compreender que para isso ele precisará deixar de comprar outras coisas.

De 9 a 12 anos

Ajude seu filho a entender quanto custam as despesas domésticas e, com isso, comece a inserir na rotina da casa práticas de economia, como por exemplo, o cuidado com o desperdício de água e comida. Levá-lo para ajudar a fazer a compra do mês no supermercado, também é uma boa prática para sua noção de planejamento financeiro.

A partir dos 12 anos

É nessa fase que, segundo o economista, você pode começar a explicar o conceito de valor. É importante também que, aos poucos, ele aprenda a cuidar do próprio dinheiro, gastando somente o que ele pode e guardando a quantia que precisa para comprar algo que queira ou para algum plano futuro. Para isso, a prática de dar a ele alguma quantia semanal ou mensal pode incentivá-lo.

 

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