child sitting under a tree. Puzzle Pieces in Autism Awareness Colors Background, 3D rendering
child sitting under a tree. Puzzle Pieces in Autism Awareness Colors Background, 3D rendering| Foto:

Resistente a mudanças, hipersensível, com dificuldade para o contato físico, mas principalmente singular. Assim é o indivíduo com autismo, transtorno que se manifesta em diferentes níveis sendo, portanto, equivocado generalizar a condição das crianças com o transtorno. É preciso analisar caso por caso.

No entanto, mesmo que você não seja um estudioso do assunto, basta estar atento determinadas características para saber como estabelecer um contato amigável.

Confira abaixo algumas dicas do professor de Psicologia Reginaldo Daniel da Silveira, do Centro Universitário Autônomo do Brasil (Unibrasil), que podem te ajudar nesse contato:

Saiba como se comunicar: ao falar com a criança autista, procure modular a voz, fazendo entonações que a ajudem a identificar emoções. Gesticule de maneira a mostrar que você tem interesse em entendê-la. “Use palavras simples e curtas, expresse-se usando olhos, boca, nariz e corpo. Converse sobre assuntos que agradem ela e tenha paciência, dando tempo para a criança processar as informações”, explica Silveira.

Desperte a atenção: aproveite os momentos em que ela está relaxada. Use estímulos visuais criando ambientes físicos, minimizando estímulos de distração como luz e sons, por exemplo. Figuras, imagens de objetos e paisagens podem facilitar sua aproximação. Além disso, demonstre que você se importa com a presença dela naquele lugar.

Brinque com ela: o professor explica que lojas especializadas oferecem pela internet, produtos para atividades com crianças autistas. No entanto, ele indica que papel, papelão, balde e potes podem muito bem ser utilizados como brinquedos, porque se tornam ilimitados pela criatividade.

Conte histórias: conte histórias para a criança usando um repertório de gestos, olhares e tons de voz. Esse pode ser um jogo bem produtivo, porque incentiva a concentração sobre a história, enriquece a linguagem e favorece o vínculo.

Cuidado ao toque e com as palavras: a criança autista é hipersensível. Então cuide com a intensidade da voz, com os gritos e até abraços. Ao perceber que uma determinada palavra a incomoda, procure estudar o que isso pode significar para a criança. Tudo o que você falar, explique palavra por palavra.

Ajude-a quando ela se assustar: descubra o que a assustou. Se for um ruído, veja se consegue eliminar esse estímulo. Se ela se debater ou sacudir o corpo, afaste objetos que possam machucá-la. Ao proteger a cabeça da criança, pegue-a no colo ou deixe uma almofada ou travesseiro sob sua cabeça.  “Para acalmá-la você pode fazer uma pequena massagem nas têmporas, nos ombros nas costas ou pés. Se puder permita que ela ouça uma pequena canção acompanhada de movimentos suaves e cuidadosos”, recomenda o professor.

Quando for necessário quebrar a rotina: a criança autista pode ter resistência a mudanças e uma rotina modificada por provocar reações como comportamentos repetitivos. Para quebrar rotinas dessa criança, apresente sinais de transição (objetos, gestos), use um timer, uma campainha para a criança se acostumar com uma mudança de atividade. Se for de um lugar para o outro, explique como, quando e para onde ela está indo.

Incentive o contato com outras pessoas: manter objetos de agrado da criança à sua vista, mas inalcançáveis, fazem com que ela tenha de se comunicar com adultos para conseguir o que quer.

Apresente um amigo animal: de acordo com o especialista, estudos recentes, como o da Universidade de Missouri (EUA), indicam melhoria no tratamento de crianças autistas através do contato com cães. Elas se sentem à vontade para agir com os animais e isso acaba estimulando habilidades sociais. Entre os ganhos obtidos nos diversos estudos feitos, aponta-se a melhora na socialização e comunicação, redução do isolamento e solidão, estímulo de afeição e prazer, melhora do humor, da atenção, da aprendizagem e na expressão de sentimentos e confiança.

Desde 2007, a ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Isso porque ainda há bastante preconceito em relação ao autismo, mesmo que o conhecimento médico sobre o assunto seja vasto. Inclusive, a necessidade de conscientizar o maior número possível de pessoas sobre o tema e o fato de que o transtorno afeta mais os meninos, transformou abril em Abril Azul. De acordo com a ONU, hoje, uma em cada 68 crianças apresenta algum transtorno do espectro do autismo.

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