Para cada fase da vida, um novo desafio a ser enfrentado. Na vida a dois isso não é diferente. Dificuldades são experimentadas por homem e mulher no tempo da conquista, do namoro, do noivado, na estressante fase da preparação para o casamento e, de maneira ainda mais intensa, nos primeiros meses que se seguem após o grande dia.
Isso porque, os recém-casados levam um tempo para aprender a lidar com os pormenores da convivência, que agora passou a ser diária, explica o terapeuta de casais Clayton Machado. “O que era algo parcial, se tornou integral, e nisso a intimidade é mais clara, a relação é mais intensa e as singularidades da personalidade de cada um tornam-se evidentes”, afirma.
Para a supervisora de atendimento Fernanda Camani, que se casou há um ano e três meses, não foi nada fácil aprender a lidar com os conflitos que surgiram nos primeiros meses de casada. “Não tem como ir embora, precisa ficar e tentar resolver”, conta Fernanda. “Às vezes eu queria resolver na hora e ele não, ele gosta de esperar”.
Essas novidades sobre o temperamento, a personalidade, os hábitos e até sobre a forma como o cônjuge também lida com essa fase são uma descoberta mesmo para aqueles que namoraram por muitos anos. É somente com a convivência diária e com um diálogo frequente e sincero que se conhece verdadeiramente o outro.
Mas os desafios não param por aí. Somado a tantas descobertas, o casal ainda passa a assumir sérias responsabilidades, como o compromisso de cuidar das finanças da casa, dividir as tarefas domésticas, além de tentar buscar o equilíbrio entre a vida profissional e o tempo para se dedicarem um ao outro. E para que tudo isso não vire uma verdadeira bola de neve pronta para acabar com a alegria que ainda está brilhando nos olhos do jovem casal que acabou de dizer sim um para o outro, algumas práticas e reflexões são importantes.
Nada pode superar a alegria
Em primeiro lugar, o casal precisa assumir a alegria que brota dessa decisão que foi tão importante para os dois. Depois de um tempo de discernimento, vocês se escolheram para passar o resto da vida juntos. Nada pode superar essa felicidade. Muito menos as dificuldades que esse tempo de adaptação traz.
Depois, é importante fazer uma autoavaliação e escolher uma postura para enfrentar esses desafios. Como você quer passar por eles? Quer aproveitá-los para amadurecer e fazer com que eles aproximem ainda mais você e seu cônjuge ou prefere lamentá-los? Muitas vezes, deixamos as coisas irem acontecendo e não nos damos conta do quanto estamos sendo imaturos diante de algumas situações.
Para o terapeuta de casais, a melhor postura é sempre a de servir o outro. “O que mantém a maioria dos casamentos em pé, é a humildade de buscar sempre fazer o parceiro feliz”, afirma Machado. “Utopia para alguns, mas caminho de felicidade para muitos”.
Paciência e diálogo
Não permitir que as pequenas coisas do dia a dia começassem a prejudicar o relacionamento também foi o que ajudou Fernanda e seu esposo a superarem essa fase de adaptação juntos e de forma saudável. “Coisas pequenas como uma toalha molhada na cama ou uma roupa jogada em um canto, buscamos resolver juntos e também relevar muita coisa pelo bem do relacionamento”, conta a supervisora.
Assim como para todas as outras fases da vida de um casal, o diálogo também é fundamental. O casal não pode ter medo de falar sobre suas dificuldades, medos, inseguranças e expectativas. A situação é nova para ambos e a vida conjugal não vem com um manual de instruções. Portanto, paciência e diálogo são peças chaves.
Além disso, se os recém-casados acharem necessário, podem – e devem – procurar ajuda especializada. “É importante procurar ajuda de alguém de confiança, com mais experiência e sabedoria, que possa trazer pontos importantes a serem ponderados em um casamento”, afirma Fernanda. “Geralmente os namorados ou noivos não discutem pela inexperiência de nunca terem vivido a situação, e quando essa situação acontece, é mais difícil lidar com ela”.
Apesar de todas as dificuldades, a supervisora não deixa de dar o recado: “Casar é maravilhoso! Precisa de dedicação diária, mas acredito que a vida a dois traz muito mais felicidade do que viver só”.