O caminho para a mudança passa por uma decisão pessoal, mas apoio do outro é importante para que se alcance o objetivo.| Foto: Bigstock
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A maturidade, constantemente desenvolvida durante nosso processo de crescimento intelectual e emocional, é essencial para o relacionamento humano. Assim sendo, espera-se em um relacionamento conjugal que os envolvidos estejam maduros para arcarem com as responsabilidades da união.

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Clarice Ebert, psicóloga e terapeuta familiar, explica que para uma pessoa ser considerada adulta, deve apresentar autonomia e independência, ou seja, potencial para o autogerenciamento e efetivação do cuidado de si: “Pessoas que apresentam maturidade no relacionamento são pessoas adultas, com aptidão de autonomia e independência afetiva, cognitiva e financeira”. Mas para um relacionamento conjugal ser maduro, é necessário que o casal consiga lidar com as diferenças entre si, entendendo que não existe a perfeição.

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Imaturidade e diálogo

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Contudo, pode acontecer que, após o casamento, um dos cônjuges (ou os dois) demonstre sinais de imaturidade, uma vez que a intimidade diária torna muito evidente as qualidades e os defeitos do casal, que podem não terem sido notados no período de namoro. E então, o que fazer?

Quando a imaturidade é percebida por meio de uma autoavaliação, é mais fácil buscar o crescimento e amadurecimento. Para realizar esta autoavaliação, a pessoa precisa observar como se comporta com as divergências, frustrações e insatisfações apresentadas no decorrer do cotidiano. “Trabalhar a frustração é uma boa questão Pensar em como lido quando as coisas não saem do meu jeito, se faço birra ou fico enraivecido. A imaturidade tem a ver com a questão egóica ou até narcísica de querer as coisas na sua maneira, relacionando-se com uma baixa tolerância à frustração ao descobrir que as coisas não são do jeito que se desejava”, explica o psicoterapeuta Matheus Vieira.

Só que nem sempre a autopercepção é tão clara e as sinalizações do cônjuge podem ajudar no caminho do amadurecimento. Por meio do diálogo, um pode mostrar ao outro com respeito, amor e zelo, quais atitudes poderiam ser amadurecidas para o bom relacionamento conjugal e crescimento do outro, orienta Vieira.

E neste momento entra em ação uma ferramenta que costumamos tratar aqui no Sempre Família e que é imprescindível a qualquer relação: o diálogo, que sempre é uma poderosa ferramenta da comunicação. "Mas é necessário que exista uma reciprocidade, de forma que haja uma troca de fala assertiva e escuta empática", alerta Clarice. E, caso os cônjuges possuam dificuldades para manter a conversa de forma sadia, é importante buscar o auxílio em uma terapia de casal ou em um aconselhamento conjugal, acrescenta Matheus.

Mas Clarice reforça alcançar um bom nível de diálogo requer esforço de ambos, porque essa não é uma caminhada simples. Destacar as fragilidades do outro requer habilidade uma postura respeitosa ao se pontuar no que ele ou ela mostra imaturo e poderia amadurecer. “Os cônjuges que aceitarem o desafio de aprender a crescer juntos, no lugar de insistentemente impor vontades ao outro, podem evoluir no diálogo e aprender a dizer o que traz desconforto, sem ofender o outro”, explica.

Além do mais, por ser mais fácil perceber as atitudes do outro, é necessário tomar cuidado com avaliações prematuras e mesmo tiranas das imaturidades alheias, aponta Clarice. Também, é imprescindível que o casal saiba distinguir a imaturidade e o egoísmo do amor-próprio, da luta pelos próprios direitos. “O egoísmo é querer que tudo seja feito conforme a própria vontade, enquanto o amor-próprio é querer que algumas coisas sejam feitas do seu jeito, considerando o relacionamento como uma via de mão dupla", esclarece Vieira.

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Decisão pessoal, caminho a dois

Amadurecer depende da vontade e do esforço do próprio indivíduo, sendo importante lembrar que os cônjuges podem ser facilitadores um para o outro, mas não devem assumir como tarefa levar o outro ao amadurecimento. “Na vida adulta cada um deve assumir a responsabilidade da continuidade do seu desenvolvimento. Essa é uma tarefa intransferível”, destaca Clarice, para que não exista o risco do outro cônjuge assumir o papel dos pais e não de companheiro matrimonial.

O casamento é muito importante para o crescimento pessoal, possibilitando o desenvolvimento próprio e a contribuição no processo do cônjuge, sempre de maneira assertiva e empática. “Juntos, os cônjuges podem fazer trocas e partilhas, de forma que ambos seguem rumo à maturidade em novos passos. Quando isso acontece é maravilhoso”, diz Clarice Ebert.

“O amor maduro não é aquele que vai ter o melhor beijo, o melhor sexo ou a melhor companhia, mas é aquele que vai ter o equilíbrio de tudo, onde a pessoa sabe respeitar os seus próprios defeitos e sabe respeitar os defeitos ou as características gerais da outra pessoa”, finaliza Matheus Vieira.

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