Individualidade e individualismo, embora sejam palavras muito parecidas e possuam o indivíduo como aspecto em comum, têm diferenças bastante significativas que devem ser observadas. E principalmente no relacionamento conjugal, o entendimento dessa questão pode contribuir para o fracasso do casamento.
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A psicóloga Ana Flávia Oliveira Souza explica que o individualismo é quando o sujeito da relação pensa apenas em si próprio, deixando de se importar com os sentimentos, pensamentos e ações do seu companheiro. Enquanto isso, a individualidade prioriza o que é importante para determinada pessoa, no que ela gosta de fazer, os seus valores e ideias, mas, concomitantemente, respeita o modo de pensar do outro, entendendo que o cônjuge também possui uma individualidade própria.
“A individualidade sugere a própria identidade, referente aos nossos hábitos, escolhas e vontades individuais. Já o individualismo remete à individualidade de forma egoísta e egocêntrica, que não respeita a individualidade de ninguém”, exemplifica Cris Monteiro, terapeuta matrimonial.
Individualidade e individualismo no casamento
Muitas vezes o casamento acontece por conta das diferenças que são admiradas no outro. Mas, depois de um certo tempo de convivência, pode acontecer de um dos cônjuges desejar que o outro seja igual a si, se adaptando naquilo que ele quer ou ignorando o que o outro deseja. Por consequência, então, atrapalhando o relacionamento.
As mulheres, segundo a psicóloga, tendem muitas vezes a se diluir entre as atividades do trabalho e da casa, e entre a vida conjugal e parental, deixando de lado, muitas vezes, sua própria individualidade. E muitas seguem assim até o momento em que não se reconhecem mais, perdendo sua individualidade.
Só que a individualidade é imprescindível para qualquer pessoa dentro de um relacionamento, a fim de preservar sua própria identidade pessoal, sendo necessário que cada cônjuge possua o seu espaço para fazer aquilo que gosta, tanto sozinho, quanto com amigos ou outros familiares. “Se não houver esse espaço entre o casal, se ambos fazem absolutamente tudo juntos vai se perdendo a alegria e a vontade de estar juntos”, alerta Ana Flávia.
A consciência da individualidade nasce a partir do momento que o cônjuge entende que ele tem uma vida além do relacionamento, mas que aceita a importância do outro na sua vida, e que não precisa impor nada. De forma contrária, é importante que ambos os cônjuges evitem uma postura individualista, sendo preciso desapegar de uma forma única de viver para criar um formato adequado à realidade da pessoa com que se escolheu compartilhar a vida.
Caso um dos cônjuges não possua a consciência de que é individualista, é importante o diálogo, motivando-o a exercitar a generosidade e inclusão com a mudança de hábitos, bem como acompanhá-lo nesse processo, pois a solidão pode contribuir para a piora do estado individualista.
“Algumas pessoas estão tão acostumadas a viver o individualismo que não percebem estar machucando o parceiro. Mostre como se sente, sem julgamentos, e peça ajuda do parceiro para juntos encontrarem uma solução que combine com a realidade de ambos”, ensina Cris.
A terapeuta matrimonial destaca que é preciso estar consciente de que viver de forma individualista é escolha para os solteiros e caso haja conflitos referentes aos excessos de individualismo sem abertura do cônjuge para mudança através do diálogo do casal, é importante buscar a terapia para reverter a situação.