Todos nós conhecemos casamentos que passaram dos 50 anos de união. Mas, do mesmo modo, também conhecemos casamentos que não conseguiram ultrapassar a primeira dificuldade ou não chegaram a pelo menos cinco anos unidos. O que difere em casal de outro? Que atitudes aqueles que têm um casamento de longa data tomam para fazer dar certo?
Siga o Sempre Família no Instagram!
Após 20 anos de estudos sobre as interações entre casais, o psicanalista John Gottman buscou encontrar o que distingue os casamentos bem-sucedidos dos casamentos que acabam em divórcio. Foi a partir disso que ele escrever o livro Os sete princípios para fazer o casamento funcionar –(The seven principles for making marriage work). Para ele, os princípios que resultam em uma fórmula para encontrar a felicidade no casamento, são:
- Aprofundar o conhecimento mútuo
- Cultivar a afeição e a admiração
- Estar voltado um para o outro
- Aceitar as opiniões do parceiro
- Resolver os problemas que têm solução
- Superar os impasses
- Criar significados na vida em comum
Além dos sete princípios, Gottman narra em seu livro que, para o casamento funcionar é necessária uma profunda amizade entre os cônjuges. Isso se traduz em respeito mútuo e prazer pela companhia do outro, tendo como arma secreta a tentativa de reparação, ou seja, sempre evitar que se perca o controle das atitudes negativas. “Temos que tomar cuidado com as coisas que falamos para o próximo, independentemente se for o homem ou a mulher”, acrescenta Sofia Helena, professora, psicopedagoga e neuropsicopedagoga educacional.
Fazer dar certo
Sofia e Luiz, que já completaram 34 anos de matrimônio, acreditam que o maior segredo para o sucesso do casamento é querer que ele dê certo. “Para o casamento funcionar primeiramente é preciso conhecer o outro e ver as imperfeições de maneira natural, como imperfeições humanas. Assim, além de conhecê-lo intimamente, os pequenos defeitos não serão vistos como tal. É uma maneira de entender que não somos iguais e, para amar, se ama do jeito que é e não do jeito que se quer”, acredita Luiz.
Além disto, dentre os sete princípios apresentados pelo autor, Luiz destaca que o da aceitação das opiniões do parceiro é imprescindível para alcançar um casamento de longos anos. “Muitas vezes temos que saber silenciar, deixar de querer ter a razão em tudo. O fato de abrir mão naquele momento não significa a negação de si, mas saber esperar outro momento para expor as ideias de maneira que o outro entenda melhor, com isso o casal vai amadurecendo os seus propósitos e valorizando mais as decisões tomadas em conjunto”, diz ele.
Pequenas atitudes que fazem a diferença
Para Gottman a atenção aos pequenos momentos do dia a dia preserva a magia da vida a dois, pois a valorização das coisas simples proporciona bases sólidas para solucionar os conflitos que são inevitáveis no relacionamento. “Muitas pessoas pensam que o segredo para manter um parceiro ao seu lado é um jantar à luz de velas ou umas férias à beira-mar. Mas o verdadeiro segredo é estarem voltados um para o outro nas pequenas situações da vida diária. Um programa romântico à noite só intensifica realmente o amor quando o casal manteve a chama acesa tendo contato nas pequeninas coisas da rotina diária”, cita o escritor.
Sofia acredita que valorizando as pequenas coisas do cotidiano e somando isso ao diálogo do casal, a cumplicidade se mantém ao longo dos anos, tornando o convívio leve e prazeroso entre os cônjuges. Ela explica que com o passar do tempo há tanta cumplicidade entre o casal que os sentimentos do outro acabam sendo percebidos mais facilmente, “é como se a dor, angústia, alegria e vitórias do outro fossem as nossas, porque ele se torna uma extensão sua"
E quando os filhos vão embora?
Um casamento duradouro ultrapassa inúmeras dificuldades e é quase certo que os casais que possuem filhos irão se deparar com o choque da saída deles de casa, ainda que os cônjuges possuam uma relação forte de cumplicidade.
Para enfrentar este momento, Luiz e Sofia, pais de duas filhas, sendo que uma já saiu de casa, pontuam a importância da preparação para o momento de afastamento. “A melhor forma de se preparar é a cumplicidade dos pais com os filhos. É saber que eles foram bem-educados e estão bem. A receita para isso é o amor, pois não importará quanto tempo você estará junto, mas sim a qualidade deste tempo. O melhor presente que recebemos dos filhos é o olhar, o carinho e sentir-nos amados, independentemente se moram conosco ou não”, indica a neuropsicopedagoga.
“O casal precisa estar preparado para voltar a serem dois. Não existe fórmula. Deve haver companheirismo e cuidado com a pessoa amada, para com isso deixar os filhos seguirem seus caminhos e o casal cuidar de si próprio. Precisamos saber que através do matrimônio preparamos nossos filhos para andarem por si próprios”, conclui o empresário.