O papa Francisco declarou ontem (25/09), durante a tradicional oração do Ângelus na Praça de S. Pedro, o seu apoio à Igreja Católica do México na defesa da família. Em duas ocasiões, em 10 e em 24 de setembro, os mexicanos foram às ruas se manifestar contra as investidas do presidente Enrique Peña Nieto para a legalização do casamento gay. “De bom grado eu me associo aos bispos do México ao apoiar o empenho da Igreja e da sociedade civil em favor da família e da vida, que atualmente requerem uma atenção especial pastoral e cultural em todo o mundo”, disse o papa.
As manifestações foram organizadas pela Frente Nacional pela Família, com o apoio da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), e tiveram a participação de mais de um milhão de pessoas. A CEM enviou em agosto uma carta a todos os bispos do país pedindo que fosse promovida a participação dos fiéis nas manifestações.
O presidente Peña Nieto tem advogado desde maio pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo. No dia 17 de maio, ele disse, através do Twitter, que havia assinado iniciativas de reforma para que o “casamento igualitário”, como ele chama o projeto, seja incluído na constituição do país. Durante algumas horas, ele usou como foto de perfil na rede social uma imagem com a aplicação do arco-íris do movimento gay como filtro.
O movimento custou caro ao presidente e ao seu partido, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que sofreu um duro revés nas eleições para governadores de estados, em 5 de junho.
Na exortação apostólica Amoris Laetitia, publicada em abril, Francisco já tinha se manifestado contrário à legalização do casamento homossexual. “Não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família. É inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o ‘matrimônio’ entre pessoas do mesmo sexo”, escreveu o papa.
Bispos
Poucos dias depois da declaração de Peña Nieto no Twitter, o bispo de Aguascalientes, José María de la Torre Martín, criticou as propostas do presidente, acusando os lobbys gays de conseguir impor a sua agenda apoiados por interesses econômicos e instrumentalização ideológica. O bispo também questionou as prioridades do governo mexicano, em um contexto problemático devido à pobreza e ao narcotráfico.
Na mesma semana, o bispo de Toluca, Francisco Javier Chavolla Ramos, disse a um programa de rádio que o núcleo da família estava sendo atacado. “Antes a família era protegida pelas leis, amparada por bons legisladores, mas agora estão propondo outras correntes, outras ideologias, que vão contra a família”, disse o bispo na ocasião. “Há pessoas que pensam diferentes de nós; nós as queremos bem e as respeitamos, mesmo que não estejamos de acordo”.
Pelas declarações de Chavolla, o Conselho para a Diversidade Sexual do Estado do México (CODISEM) apresentou uma denúncia contra o bispo ao Conselho Nacional para a Prevenção da Discriminação (CONAPRED), acusando a ele e à Igreja Católica de homofobia.
Em outra ocasião, em uma homilia, Chavolla pediu que se fizesse um “experimento”: levar um grupo de homens e mulheres a uma ilha distante, com alimentos e remédios, e outro grupo apenas de homens a outra ilha. “Passados vinte, trinta, quarenta anos, voltem. O que aconteceu onde apenas havia homens? Já começaram a morrer, e tudo o que resta são velhinhos acabados e esqueletos. E onde puseram homens e mulheres? Verão um monte de criancinhas. O que disse a natureza? Onde está a vida? Meus filhos, não é a religião: é a natureza que está falando”, disse o bispo.
Por sua vez, o bispo auxiliar da Cidade do México, Carlos Briseño, pediu ao presidente que reconsiderasse a proposta do casamento igualitário. “Eu faria um chamado para que a reconsiderassem, a refletissem e se fizesse um estudo profundo, científico, sobre o impacto que isso teria na sociedade, sem que se considerem unicamente aspectos econômicos ou de moda”, disse Briseño.
Com informações de Aciprensa, La Jornada, Expansión, Conferencia del Episcopado Mexicano e Sala de Imprensa da Santa Sé.
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