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A gestação é um período cheio de preparativos – os pais aproveitam cada momento dos meses que antecedem o nascimento para deixar tudo pronto para a chegada do bebê. Tão importante quanto comprar todos os itens do enxoval, preparar o quarto do novo membro da família e fazer o estoque de fraldas é conversar sobre a nova fase que está por vir.

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O diálogo entre o casal é importante para alinhar as expectativas que cada um tem sobre tudo o que vai acontecer durante a gravidez, o parto e o pós-parto e evitar frustrações, diz a psicoterapeuta corporal e especialista em Psicologia da Saúde e Psicologia Perinatal Josie Zecchinelli Horta Marques da Cunha.

Para a especialista, as pessoas falam pouco sobre este período de transformações tão intensas, no qual ocorre uma crise de identidade tanto para a mulher quanto para o homem e inúmeras outras mudanças que afetam o casal. A conversa entre os dois deve ser realista, com uma escuta empática, na qual um tenta compreender o outro e juntos buscam formas de cuidar de cada realidade da melhor maneira possível, sem esquecer que a mãe terá que se tornar a protagonista desta nova fase por um longo tempo.

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Tocofobia: o medo extremo da gravidez e do parto

“A experiência da chegada de um filho mexe com todo o sistema familiar pois traz um novo ser, papéis se somam, surgem outras formas de exercer a maternidade e a paternidade e novas figuras surgem, como os avós, por exemplo”, ressalta.

Josie lembra que cada filho é único e mexe com a família de maneira singular. A vivência das gestações também é diferente, pois o contexto de vida é outro e novas experiências de parto e pós-parto serão vividas. Não há garantia que a experiência anterior facilite a próxima, já que todas as circunstâncias mudam e é necessário um tempo de adaptação de todos os membros da família.

Quanto mais compreensão, carinho e respeito neste ciclo de mudanças, maior a ajuda e o número de ferramentas que facilitam superar este “período de crise de desenvolvimento”. O apoio mútuo é fundamental e melhora a qualidade de vida em meio a tantos desafios.

Temas importantes a serem discutidos antes da chegada dos filhos

O casal deve conversar sobre tudo – principalmente sobre os assuntos que podem gerar conflitos após o nascimento da criança, como as opiniões alheias, divisão de tarefas e questões financeiras. A psicoterapeuta Josie listou os temas que não podem ser deixados de lado. Confira:

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Cuidados com o bebê: os cuidados com a criança durante o dia e a noite, assim como as tarefas domésticas, devem ser divididos de acordo com a realidade familiar e a flexibilidade de horários de cada um. Pode-se fazer combinados de compensação no fim de semana, caso seja necessário, para que haja um equilíbrio. Isso é fundamental para a saúde emocional do casal. Pai e mãe devem se sentir envolvidos com os vários elementos da nova realidade e compartilhar a rotina para que fique mais leve para todos.

Cuidados com a mãe: deve-se ter um olhar voltado para essa mulher, que vai precisar se recuperar fisicamente e emocionalmente de todas as transformações após o parto. Seus sentimentos precisam ser respeitados e ela deve ter apoio para superar os desafios.

Relacionamento: o casal deve estar ciente que a relação entre eles vai passar por mudanças e seus papéis dentro da família terão outro significado quando se tornarem pais.

Palpites: conversar sobre as possíveis interferências dos demais familiares contribui para definir as possíveis formas de evitar conflitos e como gerenciar as crises quando forem inevitáveis.  Os futuros pais podem falar sobre tudo o que incomoda, qual apoio sentem que vão precisar e quais pessoas podem oferecer essa ajuda de acordo com suas possibilidades. A rede de apoio é essencial para minimizar os impactos emocionais negativos, mas precisa proporcionar benefícios reais. Após conversar entre si, o casal pode chamar a família e deixar claro, de maneira amorosa, o desejo de apoio, suas necessidades e quais os limites.

Finanças: Não é possível prever com exatidão todos os gastos que estão por vir, porém pode-se fazer uma previsão, alinhar desejos, estabelecer prioridades e se organizar financeiramente. O casal pode decidir as metas da família para diminuir as chances de conflitos e melhorar as perspectivas.

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Gestão do tempo: Para não negligenciar o tempo individual e o do casal mesmo com uma rotina puxada, é necessário refletir sobre quando estarão preparados para isso, quando esses momentos devem acontecer e com qual rede de apoio irão contar. “Eles vão ter que descobrir novas formas de estarem juntos, entender que estarão privados de certas necessidades por algum tempo e que é preciso lidar com isso de maneira saudável e respeitosa. A mudança de identidade pode dificultar a conexão e se for difícil para este reencontro acontecer, o apoio terapêutico pode fazer muito a diferença”, destaca a psicoterapeuta.

Educação dos filhos: As diferentes visões sobre criação e educação podem gerar discussões. Por isso, é necessário que o pai e a mãe estejam abertos a estudar e a aprender sobre o desenvolvimento infantil e as diferentes formas de educação antes mesmo da chegada dos filhos. Quanto mais conhecimento, maior a chance de criar filhos de maneira amorosa, respeitosa e consciente. Se tiverem dúvidas, os pais podem buscar o apoio de profissionais que trabalhem com perinatalidade, parentalidade ou sistema familiar.

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