O endividamento das famílias, seja pelo desemprego ou pela má administração econômica do lar tira o sono de muitos casais. E esse momento delicado acaba tornando-se motivo de discussões e, infelizmente, até mesmo divórcio.
O advogado e doutor em Direito, Sandro Mansur Gibran, orienta que o casal deve lidar com a situação sempre buscando a serenidade e o respeito entre si. “Precisarão juntos avaliar as prioridades domésticas, eliminar eventuais supérfluos e tentar estabelecer estratégias para a superação do estado de dívida”.
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Inicialmente, é importante que o casal possua clareza sobre as dívidas que contraiu. É necessário o reconhecimento da situação, descobrindo o real valor que precisam adimplir, incluindo os juros e a correção monetária. Descoberta a proporção do endividamento, o casal deve traçar uma estratégia para buscar a quitação e, com muito diálogo, encontrar uma alternativa única, ainda que oriunda de dois pontos de vistas diferentes. “As pessoas são diferentes, possuem gostos e, muitas vezes, prioridades distintas. O desafio dos cônjuges é conciliar essas diferenças em prol do bom convívio e, melhor ainda, quando um dos cônjuges prioriza agradar o outro e vice-versa”, acredita Sandro.
Descoberta a dívida, traçada a estratégia, o casal deve buscar executar o planejamento realizado. Muitas vezes nesse momento é necessário rever alguns hábitos, desapegar de bens supérfluos ou até mesmo que causem conforto para a família, como um veículo e até mesmo considerar diminuir o padrão de vida.
Embora o casal deva chegar a um consenso, é importante que cada um preserve sua individualidade, ainda que seja necessário suspender temporariamente certo hábito, atividade ou hobby particular, enquanto se busca o reequilíbrio financeiro da família. “Enquanto indivíduos, o respeito às diferenças deve prevalecer, mas que isso não signifique o estímulo ao individualismo pois, em casal e para a vida em casal, as opções precisam ser necessariamente conjuntas, de ambos, em prol do bem em comum”, explica o advogado.
Compreensão
Acontece em alguns casamentos, de a dívida ser contraída sem o conhecimento e consentimento de uma das partes do casal. E esse cônjuge só descobre o fato quando a situação é crítica e aquele que a causou não encontra mais alternativa de resolução por conta própria.
Para evitar que isso dificulte o convívio familiar, é importante que aquele que contraiu a dívida comunique o parceiro antes do débito tomar proporções maiores, reconhecendo o seu erro. Afinal, todos somos falíveis e manifestar com real arrependimento, transparência e sinceridade, a verdade ao outro, buscando reestabelecer a confiança por meio de um firme propósito de não incorrer mais em falta, é fundamental para o bom andamento do relacionamento.
O cônjuge, ao tomar conhecimento da dívida contraída pelo outro, não deve tomar nenhum tipo de atitude precipitada. Normalmente uma dívida aparece pela falta de planejamento e, por isso, entender o que houve, e em conjunto tentar resolver, é a melhor alternativa. “O amor perdoa e mais: muitas vezes tenta auxiliar o cônjuge que, na fraqueza, precisa superar os seus equívocos; auxilia o outro a não incorrer mais no erro; e, no caso de endividamento, como o problema afeta o casal, pensa junto nas estratégias”, afirma o advogado.
A união faz a força
Além do impacto financeiro, na maioria das vezes o endividamento dos casais pode trazer irritabilidade, desespero, desrespeito e humilhação daquele a quem possa ser atribuída a causa do problema. E, infelizmente, pode até resultar na separação do casal. E se há filhos, os danos ao psicológico e à afetividade das crianças são incomensuráveis.
Por isso, a necessidade de o casal manter a serenidade e o respeito entre si é de fundamental importância. Juntos os dois podem buscar não só o reequilíbrio financeiro da casa, mas também o bem-estar psicológico e afetuoso de todos os integrantes da família. “O casal deve caminhar em um mesmo sentido e não como opositores em um cabo de força. Duas cabeças pensam melhor do que uma e duas pessoas podem construir muito mais do que apenas uma. O essencial é o diálogo e o respeito para que, juntos, os cônjuges encontrem os meios necessários para preservar o casamento e o lar!”, ensina o advogado.
Passos para sair de uma dívida
Para auxiliar a família na busca do reequilíbrio financeiro, Sandro apresentou cinco passos. Ele lembra que as decisões e as escolhas das prioridades devem ser tomadas em conjunto pelo casal:
- Marido e mulher devem, juntos, estabelecer as prioridades.
- Devem escolher, juntos, os supérfluos, as alternativas mais econômicas e eliminar do orçamento mensal aquilo que for dispensável.
- Devem buscar, em conjunto, negociar possíveis formas de pagamentos com os seus credores.
- Se possível, também idealizarem juntos alternativas que possam implementar a renda do casal, seja com a venda de artesanato, de comida, de cosméticos, com a prestação de algum serviço, etc.
- Paciência e respeito durante todo o processo.