Evidentemente, o divórcio não é a solução para qualquer dificuldade em um relacionamento conjugal, já que há inúmeras possibilidades de buscar a reconstrução de um relacionamento.
Siga o Sempre Família no Instagram!
Contudo, o divórcio pode ser necessário quando estiver presente algum aspecto de violência, seja ela física, moral, sexual, patrimonial ou psicológica. “Entendo o divórcio como a formalização da impossibilidade de manutenção de uma parceria de vida anteriormente planejada por duas pessoas que optaram pelo casamento civil. A mesma lógica se aplica aos casos de dissolução – extrajudicial ou judicial, a depender do caso – àqueles que convivem em união estável”, comenta Bruna Marques Saraiva, advogada.
"É comum encontrar dificuldades em qualquer relacionamento conjugal", lembra o pastor e terapeuta familiar, Claudio Ebert. Ele explica que à medida em que o relacionamento se prolonga pode ocorrer o crescimento do amor, a parceria dinâmica, o respeito e a admiração mútua ou, por outro lado, o desgaste da relação, provocado pelas rotinas entediantes, pela falta de tempo para o relacionamento, pelo desleixo e negligência na afeição, nas palavras de afirmação e reconhecimento.
Portanto, o divórcio não deve ser a primeira solução a ser escolhida quando o casal enfrenta alguma problema de adaptação, como também não deve ser utilizado como uma carta na manga ou como uma forma de ameaça ou retaliação ao companheiro, acredita Bruna. “Ainda que o casal possa trazer consigo "educação" e "vivências" divergentes, é preciso, primordialmente, que direcionem seu foco para o fortalecimento do relacionamento. Diferenças existirão, mas a vontade de manter-se vinculados, desde que de forma emocionalmente sadia, deve prevalecer. Do contrário, dificilmente a união vigorará", diz.
As marcas do divórcio
Ao contrário do que se imagina, o discurso de que "nos tornamos amigos" não é observado na maioria dos divórcios, pois, geralmente, apenas uma das partes passa a não mais desejar a continuidade da vida em comum. “E é nesse momento que se recomenda a formalização de divórcio, evitando-se o desgaste psicoemocional dos envolvidos decorrentes dos conflitos naturais que se iniciam a partir de então, e que vão atingir diretamente as crianças do núcleo familiar”, orienta Bruna.
Além do desgaste do casal, as maiores vítimas do divórcio acabam sendo os filhos da relação, que são atingidos psicoemocionalmente de forma direta pela ruptura do casamento dos pais. “Eles não são culpados pelo divórcio dos pais, mas, por alguma razão, eles pensam que são responsáveis pela preservação do casamento, sem mencionar ainda as questões da guarda e divisão do tempo dos pais com os filhos, acarretando numa divisão interior na sua psique e nos seus sentimentos que pode acarretar alguns distúrbios emocionais mais agressivos”, explica Ebert.
O terapeuta familiar ainda indica que, para minimizar esses problemas, é importante que os pais esclareçam e afirmem o seu amor pelos filhos. “Sentar-se com os filhos, às vezes com cada um particularmente, outra vezes coletivamente em reuniões familiares, para deixar muito claro que tanto a mãe quanto o pai os amam muito e, após a separação, manter os vínculos e compromissos adquiridos com os filhos. Essa fidelidade relacional será apenas uma prova de que, de fato, os filhos são amados incondicionalmente.”, complementa.
E existindo crianças e adolescentes envolvidos no processo de divórcio, o acompanhamento de um psicólogo para que as decisões e ações dos pais produzam o mínimo de impacto à vida dos filhos é muito importante. “Ainda que o casal siga experimentando sentimento de frustração decorrentes do fim do relacionamento, não devem economizar esforços para que os filhos mantenham vinculação harmônica com ambos, vez que, para o alcance do seu perfeito desenvolvimento humano, as referências paternas e maternas são de essencial relevância”, acrescenta.
Além disto, o divórcio é um processo que envolve custos financeiros consideráveis. “Independentemente de ser processado pela via judicial ou extrajudicial – que possuem requisitos e ritos próprios – é necessária a contratação de profissional da advocacia, pagamento de custas processuais, salvo se beneficiário da justiça gratuita, e de impostos apurados sobre eventual excesso na partilha, além das despesas necessárias para se averbar a partilha de bens junto aos registros oficiais, se for o caso”, explica a advogada.
Questionem-se
Muitas vezes o divórcio pode ser evitado se o casal decidir por uma simples atitude: investimento em tempo junto. “É comum que uma pessoa invista naquilo que ela considera importante para si. Se o casamento for considerado importante, uma boa dose de investimento seria um grande passo na ajuda da manutenção dessa instituição tão preciosa, que é o matrimônio”, explica Ebert, que traz algumas perguntas que podem orientar os casais que estão pensando em um divórcio:
- O que eu esperava quando me casei? Lembrar-se das expectativas alimentadas a respeito do casamento e ver se eram muito elevadas ou medíocres;
- Quanto tempo eu investi na nossa relação? Observar a importância dada para a construção da parceria;
- Se eu me separar, como será começar tudo outra vez com outra pessoa?
- Se eu decidir passar por um processo de renovação, de conscientização, será que não podemos fazer o casamento funcionar?
- Será que um pedido de perdão, sincero, não faria diferença em nosso casamento?