Maria Carolina Ferreira, especial para o Sempre Família
Quando Alexandre e Milene Cieslak se casaram, nenhum deles ainda havia concluído a faculdade. Na época, somente Alexandre tinha um trabalho formal e Milene era estagiária. De acordo com o salário que recebiam, financiaram um apartamento e um carro, e arcaram com as despesas do início de um início de casamento.
Mas, após seis meses, Alexandre perdeu o emprego e o casal percebeu que não havia uma fonte emergencial. Ao se ver nessa situação, os recém-casados se sentiram perdidos em meio às contas e não sabiam como sair daquela situação.
O primeiro passo foi se unir em busca de uma solução. “Nesse momento é preciso que os parceiros tenham empatia um com o outro e se escutem”, explica o psicólogo Antônio Fernando Vieira Garcia, validando a decisão do casal. Outra recomendação do especialista é manter-se perto da família e amigos. “É comum que o casal mude de humor, tenha um comportamento mais brusco e se afastar dos círculos de amizade e família”.
A importância do compromisso familiar
Jeffrey Dew, professor associado na Universidade Estadual de Utah e estudioso sobre a relação entre os recursos familiares e a qualidade de seus relacionamentos, avaliou como o clima no casamento pode ser afetado em crises financeiras.
Em um artigo publicado no Institute for Family Studies, ele mostra como a recessão econômica gera uma pressão extra sobre o relacionamento conjugal e como o estresse financeiro está diretamente ligado a dificuldades relacionais. Dew sugere algumas atitudes que podem fazer a diferença nesse momento e dependendo de como forem adotadas, contribuem para que o casamento saia ileso desse momento. São elas:
- Preparação financeira
- Atitudes pró casamento
- Atitudes positivas com seu cônjuge
Para chegar a essas três atitudes, Dew se juntou ao colega Mark Jackson para coletar dados de casais aleatoriamente selecionados, nos Estados Unidos. Os casais então lhes contaram o quanto se preocupavam sobre a provisão de suas necessidades mensais e avaliaram a sua preparação financeira. “Também lhes perguntamos sobre suas economias e dívidas (por exemplo, dívida de cartão de crédito)”, conta Dew.
O resultado [do estudo] foi surpreendente e mostrou que o compromisso do casal em estar junto supera qualquer dificuldade que possa aparecer
Depois os pesquisadores avaliaram as atitudes pró-casamento, perguntando aos participantes sobre o compromisso que sentiam em relação a seu parceiro. “Os relatórios dos participantes sobre quantas vezes eles mostraram respeito, carinho e perdão, bem como quantas vezes eles se envolviam em pequenos atos de bondade para com o seu cônjuge, formaram nossa medida de comportamentos conjugais positivos”, explica Dew.
Por fim, eles perguntaram aos casais o quão feliz eles eram em diferentes dimensões de seu casamento, e como provavelmente eles se sentiriam caso seu casamento acabasse em divórcio. O resultado foi surpreendente e mostrou que o compromisso do casal em estar junto supera qualquer dificuldade que possa aparecer. Também, comportamentos positivos no relacionamento sustentam casamentos durante uma crise financeira”.
Quais são os passos iniciais a serem adotados pela família?
O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Marcelo Cichacz, explica a família deve fazer um mapa da situação e saber exatamente por onde devem começar. Se o casal já tiver filhos, eles devem sim estar incluídos nesse trabalho.
Ele comenta que, primeiramente, o casal precisa separar todas as dívidas e negociar com as instituições mais caras para que não aumente os juros. “Deve-se evitar emprestar dinheiro de instituições financeiras, sendo o ideal emprestar de um familiar ou amigo próximo e pagar para a pessoa ao menos os 0.5%, que é o que renderia na poupança”, sugere.
Alexandre e Milene seguiram buscaram ajuda com familiares e seguiram ainda uma outra recomendação que Cichacz costuma dar àqueles que passam por uma crise financeira: encontraram uma nova fonte de renda. “Tivemos o aconselhamento e apoio financeiro da nossa família. Com o tempo e buscando novas alternativas de trabalho, conseguimos pagá-los e reorganizar nossa vida”, explica Milene. Na ocasião, Alexandre passou a trabalhar como motorista de aplicativos.
Dicas para reduzir os custos
Além do mapeamento e da busca de uma nova fonte de renda, Cichacz listou outras recomendações às famílias, a serem implantadas no dia a dia:
- Diminuir saídas para comer fora de casa
- Rever planos de internet, telefone, TV por assinatura
- Utilizar outros meios de transporte
- Rever a necessidade de manter um veículo
- Analisar preços de seguros, tarifas de banco e planos de saúde
- Vender coisas que não se utiliza mais
- Acompanhar promoções nos supermercados
- Eliminar todos os gastos supérfluos (cafezinho, pipoca no cinema, compras de brinquedos)
- Gastar menos do que se ganha e fazer o controle por meio de planilhas e aplicativos
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