Bastava conversar com um amigo pelas redes sociais para que o assistente administrativo Pedro Vínícius* lidasse com brigas em casa. “Minha esposa direcionava com quem eu podia falar e sempre tentava me monitorar”, conta o curitibano de 26 anos, que percebeu como isso prejudicou sua saúde mental. “Nossa relação foi ficando difícil e, como eu a amava muito, não sabia o que fazer e acabei entrando em depressão”, lamenta.
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Casos como esse, de acordo com a psicóloga Clarice Ebert, ocorrem com homens e mulheres que tentam controlar a vida do cônjuge, e além de decidir quais as amizades ele pode ter, também define a alimentação, vestuário e sonhos, sem promover o diálogo e sem se importar com as preferências do outro. “Aos poucos, essas imposições anulam a pessoa e fazem com que ela perca sua identidade”, alerta a terapeuta de casais, ao afirmar que a pessoa controlada costuma ficar deprimida e pode desenvolver diversos quadros patológicos.
Por isso, é necessário ficar atento aos sinais de um relacionamento possessivo ou tóxico, quando existe comunicação agressiva, dependência emocional de um dos cônjuges ou falta de abertura para ouvir o que o outro tem a dizer. “Até mesmo relacionamentos saudáveis podem comprometer a saúde emocional dos envolvidos em momentos de crise”, aponta Clarice.
A situação ocorre, segundo a terapeuta, porque todo casal enfrenta dificuldades e precisa lidar com elas de forma assertiva, ouvindo a opinião do outro e tomando decisões em conjunto. “Ou seja, precisa estabelecer uma relação de confiança para direcionar questões relacionadas às finanças, educação dos filhos, sexualidade e problemas”, afirma. “Sem isso, o bem-estar dos dois é prejudicado”.
Inclusive, são essas situações sem resolução harmônica que fazem o casal se afastar, agir com passividade em relação ao companheiro e sofrer com estresse, ansiedade e depressão. Portanto, “é necessário sempre ter diálogo para resolver um conflito, sem fugir do assunto”, orienta a psicóloga, garantindo que, dessa forma, marido e esposa encontrarão uma maneira de combinar suas diferenças para promover a boa saúde mental no casamento.
O que fazer?
Para exemplificar isso, a psicóloga cita o relacionamento de Jack e Rebecca Pearson, da série televisiva This is Us, lançada em 2016. “Nessa história é possível perceber a dinâmica positiva de um casal e como isso contribui para fortalecer o amor conjugal”, diz, ao pontuar detalhes como a parceria dos personagens, a preocupação que demonstram pelo cônjuge e a relação de confiança, intimidade, lealdade e cooperação que constroem. “Não é um casal sem crises, mas que aprendeu a acolher o outro para favorecer o conjunto”.
E isso começa com os dois tomando a decisão de lutar pela relação a fim de fortalecer o casamento, promover diálogo e gerar mudanças. “Para isso, é necessário buscar crescimento pessoal e contar com a ajuda de profissionais por meio de terapia individual ou de casal”, orienta a especialista.
*O nome apresentado é fictício, pois o personagem citado preferiu não se identificar