O presidente francês Emmanuel Macron agora está começando a reconhecer publicamente a importância da fé cristã, em particular o papel que o Catolicismo teve na construção, desenvolvimento e sustentação da França.
Estive lá dez anos atrás e lembro-me que a devastação já estava em elevado grau de ebulição pela crescente entrada descontrolada de estrangeiros africanos e do Oriente Médio – ou seja, imigrantes, de maioria muçulmanos, é claro.
Uma amiga jornalista me ligou ontem e conversávamos exatamente sobre isso. Disse-me ela, com o típico e carregado sotaque carioca:
“Berrrrnarrrrdo do céu, a França já era. Já era!” – Meu coração ficou apertado.
Não sei por qual razão, mas meu coração ainda porta alguma esperança quanto ao futuro do país de Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face; país que nos legou alguns dos maiores santos da humanidade. Acho que é aquela mesma esperançazinha besta, quase sem expressão, que habitou alguns discípulos entre a sexta da Paixão e o Domingo da Ressurreição. Deus sabe.
Por Deus, o que os franceses têm em mente? Acham que, cedendo a certas pressões sócio-políticas, e permitindo que a matriz religiosa fundante do país seja trocada, tudo ficará bem? Ledo engano. Grave engano. Macron sabe disso; reconhece isso.
A tomada do poder pela simples superação numérica é tática velha e os islâmicos sabem disso. Se a Guerra das Astúrias os expulsou de lá com armas e soldados, agora o simples e belo ato de multiplicar-se vencerá a guerra sem muito sangue; pelo menos por ora. Os judeus, na dinastia dos Ramsés, causaram espanto no faraó, que os fez trabalhar pra chuchu, a fim de que não tivessem mais tempo de crescer em número. O esquema não deu certo e o povo escapou pelo Mar.
Se uma formiga não representa ameaça alguma, sentar num formigueiro pode significar a morte. A pátria-mãe de Mollière está sem calças e prestes a reinar sobre um dos grandes.
A França é um delicado e sofisticado mecanismo, cuja lógica interna da engrenagem está sendo alterada ano após ano. Engraçado que, por um lado, o presidente francês reconhece as bases que (ainda) mantém o país cambaleante, feito bêbado. Disse ele:
“Sim, a França foi fortalecida pelo compromisso dos católicos“, lembrando-se também de Santa Joana d’Arc e do Padre Jacques Hamel, assassinado por um terrorista do Estado Islâmico (EI) quando celebrava uma missa em Rouen, em julho de 2016. Macron, inclusive, esteve presente na missa do aniversário de um ano da morte do padre Hamel (26/07/2017) na mesmíssima igreja na qual o sacerdote foi brutalmente morto em Saint-Etienne-du-Rouvray.
Durante uma Conferência dos Bispos Franceses, no último dia 9, continuou o presidente:
“Dizendo isso, não estou errado. Se os católicos quiseram servir para fazer a França crescer, se aceitaram morrer, não é apenas por causa de seus ideais humanísticos, nem apenas por causa de uma moralidade judaico-cristã secularizada. É também porque eles foram encorajados por sua fé em Deus e sua prática religiosa“.
Mas por outro lado, reluta em apontar a origem do imbroglio. Pois bem, Macron. A etiologia da identidade nacional está bem feita, a terapêutica também. E o diagnóstico? Qual é a causa da desestruturação do vosso país? A Revolução Francesa? O Socialismo? A Imigração Islâmica? Ele não reconhece. Não pontifica.
Antes que me acusem de colocar palavras na boca do francês como se ele quisesse fazer da França um Estado confessional, declarou que:
“Cegar-me voluntariamente à dimensão espiritual que os católicos investem em suas vidas moral, intelectual, familiar, profissional e social, seria condenar-me a ter uma visão parcial da França; seria desconhecer o país, sua história, seus cidadãos e, gerando a indiferença, derrogaria minha missão. E não tenho indiferença à respeito a nenhuma das confissões que hoje estão em nosso país”. Onde está também a “não indiferença” de Macron quanto ao Islam? Inexiste. Falta-lhe força.
E terminou: “Estou convencido de que a seiva católica deve contribuir uma e outra vez à vida de nossa nação”. Perfeito.
Bem, o país de Voltaire, Diderot, Rousseau e Robespierre jamais deixaria tais declarações passarem livres pelo crivo revolucionário. Acusaram-no de violar a lei francesa de 1905 que declara que a França é laica e que nela não prevalece nenhuma religião. Se é assim, que então nenhuma delas prevaleça, nem o Islam; muito menos o Islam. Não deve, no entanto, ser assim. Ele sabe. Nós sabemos.
Estou convicto da impopular constatação de que algumas religiões são muito melhores que outras. Há boas e objetivas razões para pensar assim.
Será necessário, novamente, relembrar ao leitor a natureza política intrínseca do Islam? Seus problemas internos? Suas ações escabrosas, que não são desvios doutrinais, por assim dizer, mas corolários inexoráveis da sua natureza, da sua essência? Mas isso tudo é assunto para outro artigo.
Por enquanto, parabéns, Macron. Je suis heureux!