Ser mãe… e ainda sim, ser pessoa
A VISÃO DE MÃES DE FAMÍLIAS NUMEROSAS
Antes de ser mãe, eu chegava do trabalho e decidia o que ia fazer… de acordo com a minha vontade. Ia comer algo rapidinho, tomar um banho longo e bem quentinho, assistir ao meu programa favorito? Nos finais de semana, sobrava tempo para ver os filmes que eu e meu marido tanto gostamos. Não havia problema em praticar meu hobbie (mosaicos) na sala… era só passar uma vassoura e retirar os cacos de vidros.
Bom… agora sou mãe. As coisas não são exatamente como antes. Um tempo atrás, quando ainda trabalhava como professora e tínhamos metade das filhas que hoje temos, cheguei do trabalho e depois da rotina com as meninas, eu e meu marido decidimos ficar um pouco junto da Maria Clara, enquanto ela assistia a um desenho antes de dormir. Meu marido queria me mostrar uma música, então peguei meu tablet e lá fomos nós escutá-la com uns foninhos de ouvido. Isso chamou a atenção da Maria que já pediu o fone que estava com o pai. Escutou um pouco, sorriu e olhou pra mim: “O outro ouvido também quer escutar, mamãe”. Sorri e entreguei o foninho pra ela. E assim minha filha de, na época, quase 4 anos ficou escutando Son Volt e eu e meu marido assistido Peppa. Não estávamos fazendo o que queríamos, mas sim o que nos fazia felizes. Olhamos um para o outro e a risada veio fácil.
Manter a individualidade, continuar a praticar hobbies entre outras coisas que fazem parte da personalidade da pessoa, após a maternidade/paternidade pode ser um desafio. Este tema pode ser recorrente em rodas de mães. Quando penso sobre ele, reflito sobre tudo que mudou em minha vida a partir do momento em que minha filha veio ao mundo. Realmente muita coisa…muitas dúvidas podem surgir, principalmente quando se é mãe recente. Começamos a travar uma luta interna a respeito de nossa identidade como mulher, pessoa com vontades, sonhos, desejos, lidando com uma nova e tão importante responsabilidade que a maternidade apresenta. Normal que isso gere uma certa dose de insegurança! E quando a mulher abdica de seu lugar no tão sonhado (e supervalorizado) mercado de trabalho? Quando ela assume seu papel em casa? E quando assume ser “do lar” e ainda por cima mãe educadora? Retrocesso total? Volta à Idade Média?
Então achei que seria interessante uma publicação que tratasse do assunto do ponto de vista de mães de famílias numerosas, cada vez mais raras na sociedade atual. Se um filho já gera instabilidade, como essas mulheres fazem com quatro, oito, ou mais filhos? E aí, fui atrás de algumas outras mães, mulheres corajosas e muito generosas, munida de algumas perguntinhas. Entrei em contato com várias mães, algumas homeschoolers, outras não.
Mas será que a maternidade causa perda de individualidade na mulher? Acredito que isso depende muito da maneira como a mulher encara a escolha de ser mãe e gerencia a nova realidade. Por exemplo, Ozana Cristina Nadalin, mãe de nada mais, nada menos que 11 filhos, afirma que sua individualidade assumiu sua plenitude com a família que construiu. Faz parte dela ser mãe. Isso é algo, entre outras coisas, que a identifica. Lindo, não é? Ozana diz que não viu na maternidade uma perda de identidade, nem de gostos (apesar de ter aprendido a gostar de sorvete de chocolate), continua a ser ela mesma com alguns aprendizados a mais.
Talvez aí esteja uma boa dica: ao invés de encarar a maternidade como uma escolha capaz de minar a individualidade, que tal encará-la como uma oportunidade de enriquecê-la? Tarefa fácil? Mmmm.. não. Mas me digam qual tesouro é encontrado com facilidade? Se fosse tão fácil encontrar diamantes, eles não valeriam tanto. Este, talvez seja um desafio para nós, mulheres modernas, ensinadas a lutar pelo seu lugar na sociedade e ver na maternidade uma algema, quando, na verdade ser mãe apenas faz com que cada faceta de nossas características individuais sejam enriquecidas. Com a maternidade, eu que agora tenho 4 lindas meninas, percebi que devo me conhecer ainda mais e isso só tem me ajudado a ser eu mesma e a querer ser melhor, pois todos os dias me deparo com um eu cheio de arestas a serem lapidadas.
Sim! A maternidade enriquece cada canto de nossa individualidade!
Na continuação deste tema, “Maternidade e individualidade – Parte 2”, você poderá conferir mães que assumem a mudança mas negam a morte de sua identidade e contam como lutaram para serem melhores pessoas.
Até lá!
Cibele