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Inúmeros livros adotam, como estratégia de marketing, títulos bombásticos. A princípio, a frase imortalizada por Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”, parecia uma tentativa de venda. Tal foi a surpresa ao descobrir que esta frase não encabeça o encantador livro de José Maria Rodriguez Ramos por estratégia de mercado, mas porque o seu conteúdo é exatamente o proposto pelo título.

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A ética, enquanto disciplina filosófica, tende a ser extremamente pesada e árida, como a maior parte das reflexões do campo da filosofia; o principal mérito de Rodriguez Ramos é que, sem perder profundidade, consegue transformar tais problemas em matéria suave, leve, e profundamente transformadora. Sua estratégia é simples: adotar exemplos biográficos ou artísticos como ponto de partida e prova real dos posicionamentos éticos. É analisando a vida de Sophie Scholl que descobrimos o significado da consciência; é desvendando Ben-Hur que notamos sermos feitos por intelecto, afetos e vontade, e assim sucessivamente.

Os temas são expostos de maneira vital e formam uma continuidade; não constituem, no entanto, uma mera exposição pessoal: os grandes pensadores são abordados e devidamente explicados no decorrer dos capítulos. Trata-se de um verdadeiro manual de ética para não filósofos.

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Mas é, sobretudo, o tema do autoconhecimento o que mais importa: num mundo de pouca reflexão, em que se medem as pessoas pela quantidade de postagens, conhecer-se é a verdadeira rebeldia. Nada mais belo e transformador do que alguém que se compreende, que é capaz de dominar-se e decidir livremente, agindo segundo uma reta consciência. ****