Os pais da atual geração precisam aprender: nem toda repreensão pune e nem todo sermão traumatiza
Educar nossos filhos é plantar sementes para um mundo melhor. Tendo isso em mente, é crucial não repetirmos comportamentos errados que nós, como filhos de pais de outra geração, observamos na infância e adolescência. No entanto, essa visão alimenta uma crença de que todo sermão ou repreensão significa traumatizar as crianças ou inibi-las de um processo cognitivo mais amplo.
As repreensões verbais devem ser usadas em ocasiões pontuais, sim. Se o pequeno fez alguma ação que foi desrespeitosa, proibida ou a colocou em perigo, aquele momento deve ser marcado, de alguma forma, por um conselho claro e um sermão com paciência, mais contundente. A violência, obviamente, nunca deverá ser a solução.
O que coloca os pais em maus lençóis, não raro, é a forma de executar essa disciplina. Desacostumados a terem pulso firme em uma situação que se exige autoridade, acabam por exercer a máxima do “8 ou 80”: ou pegam leve demais com uma situação que pode vir a tornar-se corriqueira, ou exageram na dose e ficam com remorso.
Que fique claro: disciplinar significa incentivar a reflexão e o diálogo, jamais atemorizar ou marcar sermões com o medo através de gritos ou ameaças. O tom de voz, sim, deve ser enérgico e autoritário, porém sem perder o controle. O respeito se dá no dia a dia, nas atitudes que os pais transmitem às crianças como corretas e de boa índole.
No caso de uma bronca, o adulto responsável deve exercer o papel de conciliador da situação complicada: não apenas reforçar o errado, mas mostrar ao pequeno a alternativa correta. Falar a “linguagem” da criança também é importante: devemos reconhecer os limites cognitivos de cada idade e ser sucintos na fala, sem se prolongar muito. A objetividade torna clara a mensagem.
Somos todos humanos e isso deve ser levado em consideração, também. Caso esteja em um dia ruim ou estressado, é melhor deixar para depois o sermão. Um pai irritado dificilmente terá algo a agregar a uma situação de forma educativa. Agir por impulso nos coloca no mesmo nível das crianças, que passam a enxergar no adulto similaridades de seus comportamentos erráticos.
Liderar pelo exemplo. Esse é o caminho: sempre que possível, elogie os feitos anteriores da criança para demonstrar como é possível ela acertar onde está errando. Estar próximo do dia a dia escolar, como dito em artigos anteriores, demonstra interesse na vida dos filhos. Como diria Içami Tiba: “quem ama, educa”.