Quem convive com um, sabe o tamanho do fardo. E só vocação, atualmente, não basta: ser professor é um desafio cada vez maior no Brasil. Não obstante o que se passa em sala de aula, agora saímos dela: nos vemos em um ambiente incerto durante a pandemia da COVID-19, em que precisamos manter nossos jovens motivados quando, em alguns momentos, nós mesmos temos inseguranças.
Segundo o Banco Mundial para o Brasil, temos 47 milhões de alunos sem aulas presenciais por conta do novo coronavírus. São 130 mil instituições fechadas, com docentes trabalhando de casa. O mais impressionante do último mês é constatar que a classe não se vê desmotivada em lecionar.
“Reinvenção” se tornou a palavra-chave para definir o momento: mesmo à distância, a educação precisa continuar. Possuímos um dever, acima de tudo, de trabalhar por um futuro melhor para os jovens deste país.
Aqui ou nos EUA, novo epicentro pandêmico, é comum vermos rotinas desgastantes em meio a pandemia. Na linha de frente, enfermeiros e trabalhadores dos serviços essenciais tentam assegurar que tudo permaneça minimamente sustentável, apesar do distanciamento recomendado. Eles merecem aplausos diários, porque arriscam suas vidas. Por trás das máscaras, têm um rosto em comum: o do brasileiro perseverante, que trabalha por um bem maior. No momento, são a inspiração maior para que nós, docentes, continuemos lecionando da melhor forma possível.
E o que dizer das mães e pais nisso tudo? Só podemos parabenizá-los. Mesmo conciliando o trabalho remoto e as tarefas domésticas, vejo que a maioria se viu em um papel solidário de nos auxiliar, ajudando em grupos de redes sociais a marcar horários de avaliações online e transmitir atividades, quase como assistentes informais dos professores.
Já foi falado a esmo sobre os grandes desafios da educação brasileira. Do modelo distorcido da formação de docentes ao alinhamento do que é ensinado aqui ao que o resto do mundo acompanha, não é à toa que seguimos abaixo da média mundial.
Se é possível extrair algo positivo desse último mês, é esse sentimento de união e cooperação que a pandemia nos trouxe. Sabemos que existem deficiências, e juntos trabalhamos para contorná-las. O Ensino a Distância já existia antes disso tudo, mas para crianças ele sempre foi um desafio. Para quem nunca se familiarizou com ele, como é o caso de muitos professores do Ensino Fundamental, ele é ensinar e aprender, simultaneamente.
Neste momento, é adequada demais uma frase da saudosa Cora Coralina: “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Mais do que nunca, os professores merecem respeito por ensinar os nossos e a si mesmos.