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Vivemos no país que tem um dos piores desempenhos em educação básica do Mundo. E isso não sou quem está falando: segundo um levantamento de 2016 da Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), há ao menos 1,1 milhão de jovens até 15 anos de idade que não têm capacidade de compreender o que leem, sequer possuem capacidade para resolver cálculos básicos de matemática.

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De 64 países analisados – em um ranking decrescente – o Brasil ficou na amarga 2ª posição – atrás apenas da Indonésia, que tem 1,7 milhão de alunos com uma educação de péssima qualidade. E o que esses dados nos dizem em relação à nossa realidade? O primeiro fato: educação é a base de qualquer sociedade. Não há surpresa nenhuma em uma recessão que dura anos quando, claramente, os alicerces da economia não foram construídos em torno de profissionais qualificados e cuja resiliência é posta à prova em um cenário de crise.

Não podemos responsabilizar apenas os governantes pelo cenário desolador de 13 milhões de desempregados. O buraco é mais embaixo: vivemos em muitas profissões uma crise profissionalizante: um levantamento recente do ManPowerGroup aponta que existem ao menos 10 áreas de atuação, como operadores de máquinas, engenheiros e profissionais de TI, cuja demanda no Brasil não é preenchida apenas pela mão de obra disponível. Ou seja: em um cenário de economia positiva, faltaria gente capacitada para trabalhar. Como decolar um avião só com o piloto?

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E, atrelado à educação, invariavelmente vem a ética e a questão de fazer o certo. O tal do “jeitinho brasileiro” não surgiu ontem. Trata-se de uma questão cultural que acumula décadas de improviso, do resultado mínimo, de “fazer do jeito que der” em detrimento do “fazer bem feito”. Isso se reflete na política: por que, ao longo dos anos, nossos políticos acumularam tantas mordomias, enquanto ao trabalhador brasileiro uma carteira assinada tornou-se um luxo?

Temos água em abundância, uma localização privilegiada para comércio com diferentes países e continentes e, principalmente, um terreno fértil para ser autossuficiente. O que nos falta é um material humano honesto, comprometido, ético e, claro, oportunidades a um povo que, se souber agarrá-las, jamais passará por essa crise que nos acomete há anos.