A vulnerabilidade psicológica avançou em nossa sociedade com força e velocidade aterradoras, em tempos recentes. O que falar quando vemos números de suicídio ligado a menores de idade? Que papel – enquanto indivíduos e sociedade – devemos desempenhar como educadores e pais? Salvaguardar nossa juventude da instabilidade emocional se faz tão necessário quanto da violência.
Uma série de doenças psicossomáticas, que antes eram comumente chamadas de “doenças dos nervos”, se multiplicaram com nomenclaturas diferentes: Síndrome do Pânico; Transtorno de Ansiedade; e Depressão, só para citar as mais populares. Isso, é claro, sem falar nos casos que envolvem automutilação e até o suicídio.
Não que nossas crianças no passado não tivessem seus medos e inseguranças – talvez hoje demos mais atenção justamente pelo avanço da educação enquanto instrumento modificador da sociedade – mas acabamos por criar condições propícias ao desenvolvimento desses desiquilíbrios: vivemos com a pressão da competitividade pessoal e profissional, desde a mais tenra idade.
As redes sociais, que tanto falamos aqui, são um instrumento benéfico se utilizadas da forma correta. Porém, em boa parte do tempo, acabam potencializando gatilhos que, não raro, trazem à tona a questão do suicídio entre os jovens: o que motiva alguém a dar fim à própria vida tão cedo?
No Brasil, a média de suicídio entre pessoas dos 15 aos 29 anos é de 5,6 mortes a cada 100 mil jovens, conforme a pesquisa “Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil e Mapa da Violência: os Jovens do Brasil”. Parece alarmante, mas é ainda pior do que imaginamos: o índice se situa 20% acima da média nacional, o que significa que essa faixa etária é uma das mais sensíveis a essa decisão.
Segundo o Ministério Público do Paraná, a proximidade aos jovens é fundamental para evitar que esse número cresça. Mais de 70% das crianças e adolescentes com transtornos de humor grave não apresentam sequer diagnóstico que dirá tratamento adequado. Na prática, isso representa um mal silencioso que, infelizmente, só tem seu sinal de alerta acionado no pior dos momentos.
Neste contexto, o papel de educadores e pais se faz fundamental. A perseverança em valores morais e éticos precisa ser repassada a essas crianças e adolescentes, uma vez que o suicídio – mais do que um total desapego à vida – é um ato impulsivo e muitas vezes fruto de uma imaturidade do que significa viver. Não raro, 98% dos atos se dão em meio à transtornos psiquiátricos como depressão, bipolaridade, borderline e afins. Por isso, a proximidade e observação constante de qualquer um que se mostre inclinado a isso é de vital importância.
O tratamento diferenciado pode, é claro, criar um certo desconforto. Por isso, ao mestre cabe mostrar-se aberto ao diálogo e reportar isso à direção e, posteriormente, pais. O ambiente familiar nem sempre é a causa fundamental do problema, mas pode agravá-lo se não for de conhecimento dos responsáveis. Juntos, temos que construir uma corrente do bem para que nossos jovens tenham toda a estrutura necessária para crescer e se desenvolver sem pedras pelo caminho.