O mar turbulento que se instaurou durante a pandemia da COVID-19 afeta a todos. Talvez a maior crise que a nossa geração já tenha testemunhado, a situação que vivemos deveria exigir um pulso firme de quem define os rumos do nosso país. Mas não é o que vemos.
Dia após dia, nos confrontamos com um cenário caótico em que parece prevalecer a lei do mais forte. Na Educação, o que vemos é uma paralisia e inoperância total do poder público, que julga haver um distanciamento entre o ensino público e privado. Porém, assim como as milhares de empresas que estão à beira da falência no Brasil após quase três meses de distanciamento, os educadores também veem o círculo se fechar: a quem recorrer quando há completa omissão do Estado?
O que ocorre é justamente o contrário. Jogando para a torcida, governos estimulam que, como forma de contornar a crise, os país e responsáveis de alunos negociem a redução de mensalidades. Mas qual a contrapartida para as instituições, que continuam pagando os mesmos impostos e salários a seus colaboradores? Não existe sequer uma sinalização à redução ou suspensão de pagamento de IPTU, por exemplo.
As concessões que as escolas e universidades têm feito são inúmeras, num cenário em que precisaram simultaneamente rever todo o seu planejamento educacional para adaptá-lo ao virtual. Enquanto isso, o Poder Público vive uma realidade quase que paralela: distribui um auxílio emergencial escasso enquanto seus servidores seguem com os salários inalterados. A maioria dos brasileiros, no entanto, se vê em um beco sem saída de uma crise que já ocorre, sem data para acabar
Será mesmo que a Educação, alicerce fundamental de um país, deva se submeter a tudo isso sem sequer poder contar com o mínimo auxílio do Estado? Milhões de brasileiros dependem do ensino particular para ter acesso a um ensino de qualidade, papel este cuja responsabilidade é dividida com os governos estaduais e federal.
Precisamos de mais que o Certificado de Recebíveis Educacionais (CRE), um projeto de Lei aprovado no Senado que não leva em consideração as outras imensas dificuldades enfrentadas pelo setor. A sobrevivência da educação de milhões de brasileiros está em jogo e as consequências dessa omissão será julgada, no futuro, pelos livros de História.