Uma das grandes responsabilidades da família é cuidar com os excessos na vida da criança. Esse gesto faz toda a diferença no perfil do adulto que pretendemos que ela se torne. Os excessos estão diretamente relacionados com os vícios adultos que transmitimos mesmo sem perceber aos pequenos.
Afirmo ser responsabilidade exclusiva da família porque é ela, ou dentro dela, que existem os maiores exemplos para as crianças. É no ambiente familiar que são associadas as pequenas práticas do dia a dia que transformarão esse ser humano em alguém humilde ou arrogante, por exemplo. Quando digo pequenas atitudes do dia a dia me refiro às ações como não deixar comida no prato, usar o tênis até que o mesmo seja danificado, reutilizar roupas de irmãos e primos, usar peças de roupa que não sejam de marca ou da modinha, possuir estojo escolar com poucos lápis e não gastar muito dinheiro na cantina do colégio.
São gestos mínimos, mas que conferem à criança a possibilidade de perceber que tudo na vida tem um custo. Algumas vezes nem é pelo custo financeiro, mas pelo custo emocional, que é muito mais complexo de ser referenciado.
Você saber me dizer, por exemplo, porque às vezes uma criança de oito anos possui um celular de melhor qualidade do que o de seus pais? Alguns pais darão a justificativa de que querem dar ao filho aquilo que não tiveram quando crianças. Claro, como pais, nós normalmente queremos dar o melhor para os nossos filhos. No entanto, vamos avaliar essa situação juntos: se com oito anos a criança ganha um excelente aparelho celular e um carro aos 18 anos, por exemplo, ela não terá mais nada a conquistar, pois os presentes que ganhou até agora foram superfaturados pela a família muito cedo. Seguindo essa lógica, qualquer outro presente que venha a ganhar não será equiparado ao que já possui.
Quando nossos avós eram crianças, eles tinham apenas um casaco. Devido ao fato de que tudo era muito mais difícil de comprar do que atualmente, eles cuidavam e zelavam o máximo que podiam por aquela peça de roupa. Muitas coisas aconteceram desde aquela época e hoje em dia prezamos pela variedade. Dessa forma, queremos que nossos filhos tenham tudo do bom e do melhor. No entanto, até onde esse excesso pode contribuir para torná-los adultos mimados e com problemas psicológicos?
Então pais, vamos parar para pensar um pouco. Não precisa dar ao seu filho o que você não teve. Dê a ele apenas o que você teve. Tenho certeza que isso será suficiente para que ele se torne uma pessoa do bem como você.