Foto: divulgação/Facebook-Eduardo Girão| Foto:

O primeiro turno das eleições causou surpresa de muitas formas, em vários estados, mas certamente nenhuma foi tão positiva para o movimento pró-vida e pró-família quanto a eleição de Luís Eduardo Girão para o senado. Candidato pelo PROS, no estado do Ceará, ele disputava uma das duas vagas contra dois gigantes da política local, o ex-governador Cid Gomes (PDT) e o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), que apareciam à frente em todas as pesquisas de intenção de voto. Quando a apuração terminou, no entanto, foi Girão quem conquistou a segunda vaga, tirando Eunício do Senado por uma diferença de apenas 11 mil votos.

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Girão pode ser uma novidade para muita gente no mundo político, mas há anos é uma das lideranças mais influentes do país nas intermináveis batalhas em defesa da vida e da família que são travadas no Congresso Nacional. Próximo de outros ícones nesse campo, como a advogada Damares Alves, o ex-deputado Luiz Bassuma, o senador Magno Malta e a ativista Zezé Luz, Girão participa de audiências públicas e outros eventos dedicados à temática da família desde 2005, levantando cartazes em manifestações e visitando gabinetes de parlamentares para alertá-los sobre ameaças à infância e à vida desde a concepção.

Como empresário, Girão tem negócios nos ramos de hotelaria e segurança privada, e teve até uma passagem à frente do Fortaleza Esporte Clube, mas é mais conhecido no meio pró-vida como dono da Estação Luz Filmes, a produtora cinematográfica que trouxe para o Brasil filmes dedicados à causa, como o documentário “Blood Money – Aborto Legalizado” e “Eu, Vitória”, ambos de 2013. Ele também é um dos fundadores do Movida, organização sem fins lucrativos que promove ações contra o aborto e organiza anualmente a Marcha pela Vida, em Fortaleza.

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Agora, como senador eleito, ele conversou com o Blog da Vida e prometeu prosseguir agindo “na trincheira”, combatendo as principais ameaças à instituição familiar.

 

Aborto

O senador eleito conta que entrou de cabeça na luta contra o aborto em 2005, no primeiro mandato do presidente Lula, quando o projeto de lei 1135/91, que previa descriminalização da prática, estava tramitando com plenas condições de aprovação. O projeto seria votado na Comissão de Seguridade Social e Família, mas, contra todas as previsões, foi derrotado pela diferença de um voto. “Eu acompanhei os bastidores daquele momento. Vi que foi a ação conjunta de católicos, espíritas e evangélicos o que surtiu efeito. Deixaram suas diferenças doutrinárias de lado e foram para o front, agiram com estratégia, indo de gabinete em gabinete e nós vencemos por um voto. Foi lindo o que aconteceu ali. Foi a união de homens de bem”.

Entrevista: Luiz Bassuma, ex-deputado do PT, conta como o partido quase legalizou o aborto em 2005

Girão conta que desde então nunca parou de estudar sobre o tema e hoje está totalmente convencido de que, além de matar o bebê, o aborto faz estragos na saúde da mulher. “Há estatísticas internacionais que mostram isso. Elas ficam com sequelas para o resto da vida. Passam a apresentar problemas de ordem psicológica, emocional e até física. Surge também a propensão maior ao envolvimento com álcool e drogas, além dos casos de suicídio”.

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As grandes manifestações de rua que reivindicam a valorização do nascituro e o rechaço ao aborto são uma paixão do agora senador. A Marcha pela Vida de Fortaleza, que chegou à sua 10ª edição neste ano, e com a qual Girão contribui diretamente, é inspirada em outra marcha, muito maior, e na qual ele já esteve cinco vezes. Trata-se da March for Life, de Washington, a maior manifestação pela vida e contra o aborto do mundo, que ocorre todos os anos no dia 22 de janeiro, data em que o aborto foi legalizado nos Estados Unidos pela Suprema Corte do país, graças a uma mentira posteriormente admitida.

“Todos os anos, faça chuva ou faça sol, mesmo caindo neve, não importa o que estiver acontecendo, a marcha acontece com 700 mil, 800 mil, um milhão de pessoas, e a maioria do pública é formada por jovens. É um negócio impressionante”. Girão conta que já levou para o evento senador Magno Malta e o deputado Sóstenes Cavalcante, e que pretende levar consigo na edição de 2019 um grupo ainda maior de parlamentares, a fim de que a iniciativa se torne mais conhecida no Brasil.

Drogas

Em 2014, quando ainda não tinha qualquer pretensão de se tornar político, Girão já frequentava o Congresso para debater com outros senadores. Naquele ano, estava em discussão um projeto que pretendia liberar o uso recreativo, medicinal e industrial da maconha. Girão teve participação ativa nas audiências públicas sobre o assunto promovidas pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, opondo-se incisivamente à legalização. Ele denuncia que naquela ocasião privilegiou-se visivelmente o lado defensor da maconha, já que pouquíssimos especialistas contrários à legalização foram convidados ao debate. “Só tinha gente pró-maconha na mesa e quase ninguém estava sabendo daquela articulação. Estava tudo muito estranho”.

Assista a uma das participações de Eduardo Girão na audiência pública sobre legalização da maconha, em 2014

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Segundo ele, há no Congresso um lobby fortíssimo pela legalização da maconha que tenta “glamourizar” a droga. “Trata-se de estratégia comercial. A indústria do cigarro caiu devido aos riscos à saúde e agora querem ressurgir essa indústria com a maconha fumada”, diz o senador eleito.

Com base em estudos aos quais teve acesso, Girão afirma ainda que a legalização da maconha aumenta a evasão escolar, os acidentes de trânsito e os índices de violência, além de potencializar a esquizofrenia, não diminuir o tráfico e fazer o consumo da droga crescer em níveis alarmantes.

 

Ideologia de gênero

Para Girão, trata-se da “mãe dos ataques à família, pois tira a identidade e erotiza as crianças, com base em ideias que não tem nenhuma comprovação científica, muito pelo contrário”. Ele destaca que a opção sexual dos homossexuais tem de ser respeitada, mas a inocência das crianças não pode ser ameaçada. “Tem projeto de lei que quer forçar o SUS a fazer cirurgia de mudança de sexo nos hospitais públicos em criança de 12 anos, sem a autorização dos pais. É um absurdo”.

 

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Jogos de Azar

A liberação de bingos e cassinos no Brasil é outro tema que preocupa o senador eleito. “É outro campo no qual há lobbies poderosos, inclusive internacionais. Junto com bingos e cassinos vem tudo o que é de ruim junto”. Girão chama de falácia a tese de que a legalização dos jogos de azar traz desenvolvimento já que, segundo ele, a cada dólar arrecadado, gastam-se outros três para solucionar problemas nas áreas de saúde e segurança.

Ele também destaca os riscos que os jogos de azar trazem às famílias. “Vicia, os aposentados perdem tudo, entram em depressão. Além disso, trata-se de um ambiente que sempre vem acompanhado de prostituição, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e violência”

 

Armas

Girão declarou apoio a Jair Bolsonaro desde o primeiro turno, mas não esconde os pontos de discordância que têm com o ex-capitão do exército. Um deles é o controle de armas. Embora aceite uma maior facilitação à posse de armas pelos cidadãos (permissão para que a arma seja mantida em casa), Girão é contrário à liberação irrestrita do porte (permissão para andar armado) aos civis.

“Estou convencido, depois de muito estudar, que precisamos ter um controle de armas. A liberação total, como alguns querem, faria com que simples brigas de trânsito ou discussões entre marido e mulher acabassem em tragédia”, afirma. Como alternativa, o senador eleito defende a valorização das polícias e o uso de melhores estratégias para a retirada de armas ilegais das ruas, com blitz, buscas e apreensões. “O esforço tem que ser nesse sentido, e não armar o cidadão comum. Acho muito preocupante o avanço desse discurso. Uma arma de fogo empodera e há dados que mostram que acaba migrando para o crime, pois o efeito surpresa sempre será do assaltante”.

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Assista também à entrevista em vídeo que Eduardo Girão concedeu a Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo:

 

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