Haddad na 17ª Parada do Orgulho Gay, em São Paulo (foto: divulgação/Prefeitura de São Paulo).| Foto:

O PT não contava com a força de Bolsonaro até esse ponto das eleições. Só isso explica como é que foram escolher como poste de Lula justamente o criador do “Kit Gay”, Fernando Haddad. No momento em que o Brasil vive uma inegável onda conservadora, o nome de Haddad era provavelmente a mais frágil das indicações. Se fosse Jaques Wagner, Celso Amorim ou até Tarso Genro, eles teriam mais condições de se defender da artilharia de Bolsonaro nos temas morais e da natural adesão dos evangélicos ao ex-militar. Mas Haddad? Durante anos ele se empenhou em ser reconhecido como político não apenas próximo da comunidade LGBT, mas um verdadeiro entusiasta e promotor das demandas desse segmento, seja como ministro da Educação ou como prefeito de São Paulo. E agora quer abafar a reputação que construiu com tanta dedicação?

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Sua revolta contra as mensagens que atribuem a ele a criação do “Kit Gay”, nesse momento, são de uma espantosa hipocrisia, dada a abundância de evidências que comprovam o fato. Ele não apenas foi o idealizador da cartilha “Escola sem Homofobia” (apelidada pelos críticos de Kit Gay), como sempre fez questão de apoiar, financiar e comparecer a inúmeros eventos LGBT, como a famosa Parada Gay de São Paulo.

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Ainda que concordem com as pautas desses grupos, ser fotografado nesses eventos é algo que muitos políticos evitam, pois têm ciência do impacto que as imagens têm junto ao eleitorado conservador. Haddad, no entanto, era diferente. Ele nunca se importou com isso. Aliás, as fotos permitem supor que ele sempre teve orgulho de ser tão bem aceito nesses ambientes. Duvidam? Experimentem digitar os termos “Haddad” e “Parada Gay” no buscador de imagens do Google e o que acharão é um prefeito demonstrando alegria.

Essa repentina tentativa de discrição sobre seu legado nesse campo, aliás, devia motivar os protestos das ONGs em defesa dos direitos LGBT. Pelo menos das mais honestas. Haddad, agora, por razões eleitoreiras, têm vergonha de ter estado onde esteve? De ter feito o que fez? Por causa do eleitorado evangélico? Isso é motivo de sobra para essa comunidade deixar de apoiá-lo ou, no mínimo, expor sua falta de coragem.

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Para o azar de Haddad, no mundo da internet, da eternização de momentos via indexação de buscadores e das redes sociais, o direito ao esquecimento é impossível para homens públicos. Para o bem ou para o mal, seu passado está lá e será lembrado para sempre.

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