Em resposta ao STF, que resolveu marcar para a próxima semana - em plenário virtual (!!!) - o julgamento de uma ação que pode legalizar o aborto no Brasil nos casos em que a gestante estiver com zika vírus, um grupo de ativistas pró-vida foi até o Palácio do Planalto, neste sábado (18/04) pedir apoio do presidente Bolsonaro contra o assassinato de bebês em gestação.
Embora seja sábado, para a surpresa de muitos, Bolsonaro estava no palácio e saiu para conversar com os manifestantes. Na ocasião, ele reforçou sua posição de repúdio contra o aborto, lamentou a decisão do STF de agendar esse julgamento no meio do período de calamidade pública, decretado por causa do coronavírus, e posou para fotos com uma bandeira do movimento e com um quadro de Jesus Misericordioso. A Igreja Católica celebra a Festa da Divina Misericórdia neste domingo (19/04).
Sobre esse cruel, oportunista e insensato julgamento que pode tornar legítima a eugenia no Brasil, leia o editorial da Gazeta do Povo deste domingo.
Compartilho um trecho:
"Difícil enxergar na decisão de pautar este julgamento algo diferente de oportunismo da parte daqueles que, vendo a forma como o surto de Covid-19 monopoliza as atenções dos brasileiros, querem encontrar aí uma brecha para desferir seus ataques contra a vida humana (...)
... E neste caso não há um oportunismo qualquer, mas um oportunismo macabro, eugenista, que trata o nascituro como um ser indigno de viver por ser portador de um mal que está longe de ser incompatível com a vida, fato muito bem lembrado pela Advocacia-Geral da União no parecer entregue ao Supremo ainda em 2016. O Supremo, ao ter aberto as portas para o aborto de anencéfalos em 2012, já admitiu a eugenia, mas a ADI 5.581 quer ir além, negando o direito à vida também a portadores de uma outra doença que, apesar das dificuldades que traz, não inviabiliza o desenvolvimento da pessoa – e, uma vez aberta esta brecha, ela certamente serviria de base para se pleitear o aborto em diversos outros casos."