A revista norte-americana Time dedica a matéria de capa desse mês a uma interessante análise sobre a mudança na aceitação do aborto pela população dos Estados Unidos. A reportagem mostra que, embora os defensores de políticas abortistas tenham obtido uma vitória épica há 40 anos atrás, esse grupo está perdendo apoio popular como nunca.
A matéria chega ao público alguns meses depois de uma pesquisa do instituto Gallup apontar uma virada histórica na opinião pública sobre o tema. Em maio, o levantamento mostrou que somente 41% dos norte-americanos se identificam como pro-choice (“pró-escolha”, favoráveis ao aborto) contra 50% que se dizem pro-life. Dedicarei um outro post para falar sobre essa pesquisa.
Assinada pela jornalista Kate Pickert, a matéria da Time resgata o caso que ficou conhecido como Roe versus Wade, de 1973, no qual a Suprema Corte dos Estados Unidos emitiu uma sentença que legalizou o acesso ao aborto em todo o país. Ao comparar essa época com a atual, Kate conclui que há um número muito menor de médicos que aceitam fazer o procedimento, e mesmo o número de clínicas de aborto teria diminuído.
“Os ativistas pro-choice foram ultrapassados por seus adversários pró-vida, que tiveram êxito ao pressionar por regulações estatais que limitassem o acesso ao aborto”, afirma a jornalista (tradução livre).
O texto cita como exemplos de sucesso da ação pró-vida os procedimentos em vigor em alguns estados norte-americanos, como aconselhamentos, período de espera e a necessidade de passar por um ultrassom, que procuram conscientizar mães candidatas a uma cirurgia abortiva sobre as consequências do seu ato para si mesmas e para seu filho.
Desenvolvimento da ciência tem favorecido a causa pró-vida
É muito interessante a análise da jornalista sobre os motivos que estariam levando a causa pró-vida a ganhar espaço. Embora reconheça que em parte a mudança na opinião pública sobre o tema se deve à organização e boas estratégias dos grupos pró-vida, enquanto há brigas internas nos grupos pro-choice, os avanços da medicina diagnóstica têm influenciado muito o modo como as pessoas veem a vida dentro do útero.
De fato, basta pensarmos em como era um exame de ultrassom há quarenta anos atrás, e como é hoje, com imagens 3D ou 4D em ótima definição desde as primeiras semanas de vida. Além disso, o texto lembra que o desenvolvimento da neonatologia vêm garantindo cada vez mais as chances de sobrevivência de bebês prematuros.
Para quem se interessou pela reportagem, é possível adquirir a revista Time em revistarias de aeroporto ou livrarias especializadas. A matéria também está disponível na versão online para assinantes.