Divulgação
Divulgação| Foto:

Está chegando o dia das crianças, então que tal um filme para elas e para os adultos? Ou seria para o lado criança de cada adulto? 

Acredito que todos, quando criança, acreditavam em Papai Noel, Fada do Dente e Coelho da Páscoa. Trata-se de uma ilusão necessária para as crianças, que aguça a imaginação e chega a unir pais e filhos. Os contos de fadas são uma forma de moldar a consciência de uma criança, trazendo sempre uma lição moral. Este é o caso deste filme de hoje.

O filme mostra como as crianças estão perdendo a “fé” nos contos de fadas, isso porque estão crescendo muito rápido e etapas estão sendo puladas. São crianças que em vez de sonharem com a fada dos dentes, estão presas na televisão ou nos celulares. São crianças que em vez de ficarem imaginando o caminho que Papai Noel e o Coelho da Páscoa fizeram, estão grudadas nos videogames tentando descobrir os caminhos secretos para mudarem de fase. Ou até mesmo são crianças que os pais não incentivam a imaginar e sonhar.

“O conto de fadas discute o que o homem sensato fará num mundo de loucura.”

(GK Chesterton)

A luta dos personagens … não, dos heróis de nossa infância, é para resgatar a esperança das crianças neles, até porque se ninguém mais acreditar eles morrem (quem lembrou dos desenhos e filmes de Peter Pan?). 

A caracterização de cada um é muito interessante e foge daquelas visões clássicas que temos:

– o Papai Noel parece um daqueles senhores de 60 anos, grande, forte, careca, barbudo, tatuado e motoqueiro (você fica esperando que em algum momento ele suba em sua Harley-Davidson), e não tem nada daquele senhor de bochechas rosadas e uma dócil simpatia;

– o Coelhinho da Páscoa é o Coelhão da Páscoa, com 1,85m e todo marrento;

– a Fada dos Dentes e suas fadinhas parecem beija-flores, até mesmo com a agitação própria das asas destes pássaros;

– o Bicho Papão não tem aquela imagem de monstro, mas é um homem com ar sombrio.

E nós somos apresentados a dois seres não tão comuns para muitos países: Jack Frost e Sandman.

O primeiro é uma personificação do inverno no hemisfério norte, que vive solitário e tem o poder de congelar as pessoas, mas no filme é um rapaz que não lembra de seu passado e ninguém acredita em sua existência, sendo invisível para todos. É ainda um adolescente (mesmo que no filme ele tenha mais de 300 anos) e sofre com essa “rejeição”.

Sandman é o responsável por criar sonhos bons para as crianças enquanto elas dormem, e nos aparece como uma figura simpática que não fala, mas diz muito.

Bom, até aí nos parece mais um daqueles desenhos cheio de figuras conhecidas ao estilo Shrek (que traz diversas figuras de contos de fadas), mas em A Origem dos Guardiões a ideia é usar os personagens para levar os espectadores, sejam crianças ou adultos, a uma aventura sobre amizade, esperança, persistência e luta contra o medo e a escuridão. Vemos nos personagens principais as virtudes que muito procuramos passar para nossas crianças, e que ao mesmo tempo foi esquecido por vários adultos.

Nos envolvemos com os personagens, com suas lutas, angústias e alegrias. Um filme empolgante, divertido e emocionante, que transporta as crianças para um mundo imaginário (quando vi no cinema haviam crianças sentadas nas poltronas do cinema reagindo ao filme) e levando os adultos ao período de sua infância e inocência, quando procuravam os ovos de Páscoa e/ou as pegadas do coelho, assim como aguardava ansiosamente os presentes do Papai Noel.

E é nessa aventura, com muita diversão, ação e lições, que somos convidados a compartilhar com os personagens e com quem esteja em nossa volta (seja adulto ou criança … tá, os animais de estimação também entram nesse momento). E até mesmo nos fazer pensar onde foi que paramos de acreditar nos contos de fadas, não por serem reais, mas por serem importantes na formação de nossas consciências.

Acredito que a melhor descrição deste filme foi escrita há muito anos atrás, pelo já citado Chesterton:

(…) Contos de fada, pois, não são responsáveis por levar às crianças medo, ou qualquer dos contornos do medo; contos de fada não dão à criança a ideia do mal ou do feio; isso já está nela, porque já está no mundo. Contos de fada não dão à criança sua primeira noção de bicho-papão. O que os contos de fada lhe dão é sua primeira ideia clara da possível derrota do monstro. O bebê conhece o dragão em seu íntimo desde o momento em que sobreveio a imaginação. O que o conto de fada lhe proporciona é um São Jorge para matar o dragão. O que o conto de fada faz é exatamente isso: habitua-o, por uma série de imagens claras, à ideia de que esses terrores ilimitados têm um limite, de que esses inimigos sem forma têm inimigos nos cavaleiros de Deus, de que há algo no universo mais místico que a escuridão e mais forte que o medo. (…) (CHESTERTON, G.K. “Tremendous Trifles”, XVII: “The Red Angel”)

Brilhante! Inspirador! Divertido! O filme é recomendadíssimo para crianças e adultos.

Nota:

4

Sinopse:  As crianças do mundo inteiro são protegidas por um seleto grupo de guardiões: Papai Noel, Fada do Dente, Coelho da Páscoa e Sandman. São eles que garantem a inocência e as lendas infantis. Mas um espírito maligno, o Breu, pretende transformar todos os sonhos em pesadelo, despertando medo em todas as crianças. Para combater este adversário poderoso, a Lua designa um novo guardião para ajudar o grupo: Jack Frost, um garotinho invisível que controla o inverno. Sem conhecer sua própria vocação de guardião, ele embarca em uma aventura na qual vai descobrir tanto sobre as crianças quanto sobre seu próprio passado.

Ficha técnica:

Diretor: Peter Ramsey
Elenco: Vozes na versão original de: Chris Pine, Alec Baldwin, Hugh Jackman, Isla Fisher, Jude Law, Dakota Goyo, Khamani Griffin, Dominique Grund
Produção: Nancy Bernstein, Christina Steinberg
Roteiro: William Joyce, David Lindsay-Abaire
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Duração: 97 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Animação
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: DreamWorks Animation
Classificação: Livre

Trailer:

Deixe sua opinião