O Jubileu da Misericórdia está se encaminhando para o seu encerramento. No próximo domingo (13/11) serão fechadas as Portas da Misericórdia nas catedrais do mundo todo e no dia 20 o papa Francisco fechará a Porta Santa da Basílica de São Pedro, concluindo assim o Ano Santo.
Um dos pontos em que Francisco mais insistiu durante o Jubileu foi a importância das obras de misericórdia. Sermos “misericordiados” pelo Senhor, isto é, sermos acolhidos em seu amor apaixonado mesmo com as nossas misérias, é uma graça que, quando vivida verdadeiramente, desabrocha em um novo olhar que dirigimos ao próximo. Os gestos que fazemos para remediar suas misérias corporais e espirituais são fruto desse olhar, que nos torna um só com aquele que sofre.
Mas o papa não só falou sobre as obras de misericórdia, como fez questão de dar exemplo. Alguns dos momentos mais comoventes desse Ano Jubilar foram as visitas surpresa que Francisco fez a diversos locais que abrigam pessoas em alguma situação de periferia existencial. Foram os chamados sinais jubilares ou sextas-feiras da misericórdia.
Confira quais foram esses momentos e se inspire para pôr em prática a misericórdia que Deus nos concede:
Dezembro – Porta da Caridade em um albergue para sem-teto
Dez dias depois de ter aberto a Porta Santa da Basílica de São Pedro, o papa se dirigiu a um albergue dirigido pela Caritas para celebrar uma missa com duzentos pessoas, entre sem-teto atendidos pela instituição, funcionários e voluntários. Lá, abriu a “Porta Santa da Caridade” – a primeira Porta Santa da história da Igreja que não se localiza em uma grande catedral ou basílica, mas é uma simples porta no meio dos necessitados.
Janeiro – Pacientes em estado vegetativo
No dia 15 de janeiro, o papa visitou um estabelecimento médico para pacientes em estado vegetativo e um lar para idosos. A visita foi um claro sinal em favor da dignidade da vida humana mesmo nas situações de fragilidade.
Fevereiro – Dependentes químicos em recuperação
O papa foi até Castelgandolfo – onde fica a residência papal de verão, a cujo uso Francisco renunciou – para visitar uma comunidade que trata jovens que lutam contra a dependência química. A visita foi no dia 26 de fevereiro.
Março – Lava-pés com os refugiados
Francisco celebrou a Quinta-Feira Santa, no dia 24 de março, no centro de acolhida de refugiados de Castelnuovo di Porto, que hospeda cerca de 900 pessoas de mais de vinte países. Durante a missa, lavou os pés de doze refugiados, incluindo um hindu e três muçulmanos.
Abril – Campo de refugiados em Lesbos
Diferentemente das outras, a visita de abril não aconteceu nos arredores de Roma. Francisco foi até a ilha de Lesbos, na Grécia, onde visitou um campo de refugiados, acompanhado pelo patriarca Bartolomeu e pelo arcebispo Hieronimos. Voltou para Roma levando no avião três famílias da Síria, para serem integrados na sociedade italiana.
Maio – Pessoas com deficiências mentais
Em 13 de maio, o papa visitou em Ciampino, perto de Roma, a comunidade “Il Chicco” (O grão), onde vivem 18 pessoas com problemas mentais. Francisco fez um lanche com os membros e voluntários da comunidade, ouviu o testemunho de alguns deles e visitou a oficina onde cada um, conforme sua capacidade, faz trabalhos manuais.
Junho – Padres idosos e enfermos
Em junho, no dia 17, o papa visitou duas comunidades onde vivem padres idosos e enfermos: a casa Monte Tabor, onde residem oito sacerdotes com diversos tipos de problemas, e a casa São Caetano, que acolhe os sacerdotes idosos da Diocese de Roma e onde vivem 21 padres.
Julho – Hospital pediátrico
Em julho, Francisco realizou seu gesto de misericórdia durante a Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, na Polônia. Ele visitou um hospital por onde passam anualmente milhares de crianças com diversos tipos de problema. Além disso, fez uma visita silenciosa, em espírito de oração, ao antigo campo de concentração de Auschwitz.
Agosto – Vítimas da prostituição
Em 12 de agosto, o papa fez uma visita à Comunidade Papa João XXIII, onde vivem 20 mulheres libertadas da escravidão da prostituição, a maioria delas dos Bálcãs e da África. Todas sofreram graves violências físicas e vivem sob proteção. “Peço perdão por todos aqueles católicos e fiéis que vos exploraram, abusaram e violentaram”, disse ele às jovens na ocasião. Um mês depois, encontrando no Vaticano alguns colaboradores da instituição, perguntou: “Como estão as minhas garotas?”
Setembro – UTI neonatal e cancerosos em fase terminal
Francisco sublinhou o valor da vida humana na fragilidade de seu início e na de seu fim em sua visita surpresa de setembro, no dia 16. Ele visitou uma UTI neonatal e uma unidade que trata de pacientes com câncer em fase terminal. Dedicou-se ainda a consolar e fortalecer os pais dos bebês.
Outubro – Orfanato
No dia 14 de outubro, Francisco visitou a Vila SOS de Roma, um orfanato. A estrutura é formada por cinco casas e em cada uma delas moram no máximo seis meninos e meninas de até 12 anos, junto com uma responsável, uma “Mãe SOS”. As crianças mostraram o jardim e o parquinho ao papa, bem como os seus quartos e seus brinquedos.
Novembro – Famílias de padres que deixaram o ministério
Hoje (11/11) o papa visitou um apartamento em um bairro de Roma onde se reuniram sete famílias, todas formadas por homens que deixaram o exercício do sacerdócio nos últimos anos, suas esposas e filhos. Francisco quis compensar o julgamento que sofrem dentro da própria Igreja por terem tomado essa decisão e oferecer um sinal de proximidade e compreensão, passando parte da tarde com eles e ouvindo suas histórias.