As mulheres não precisaram se tornar clérigas ou ter postos de poder para fazer a diferença na história da Igreja. O dinamismo das diversas vocações dentro da comunhão eclesial permite que não seja a hierarquia o critério absoluto dos caminhos que a Igreja toma. Por isso podemos dizer, sem sombra de dúvida, que mulheres como Teresa de Jesus, Teresa do Menino Jesus e Teresa de Calcutá exerceram e continuam exercendo uma influência enorme na vida da Igreja, muito superior à de muitos papas e cardeais.
Ainda assim, a presença feminina na Igreja também é importante do ponto de vista institucional e a Igreja, a passos lentos, tem dado cada vez mais espaço às mulheres em seus organismos. Os últimos papas se deram conta disso e chegaram a nomear mulheres para cargos inéditos na Cúria Romana – a primeira foi a teóloga australiana Rosemary Goldie, nomeada pelo Beato Paulo VI subsecretária do Pontifício Conselho para os Leigos, cargo que exerceu de 1967 a 1976. Hoje, entre as dezenas de pontifícias comissões, congregações, academias, comitês e conselhos que assessoram o papa, apenas quatro mulheres ocupam posições de destaque nos organismos do Vaticano. Conheça-as:
Paloma García Ovejero
A jornalista espanhola Paloma García Ovejero é vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé desde outubro de 2016, quando assumiu a vaga antes ocupada pelo jornalista norte-americano Greg Burke, que foi promovido a diretor do organismo. Nascida em Madri em 1975, desde 2012 ela era correspondente da rede de rádio Cope, do episcopado espanhol, na Itália e na Cidade do Vaticano.
Seu cargo na Sala de Imprensa equivale ao de vice-porta-voz do papa. Junto a Burke, ela é responsável pela organização das conferências de imprensa realizadas pela Santa Sé e pela emissão dos boletins que diariamente informam sobre as atividades do papa.
Margaret Archer
A socióloga britânica Margaret Archer já é a segunda mulher a ocupar o cargo de presidente da Pontifícia Academia de Ciências Sociais. Foi nomeada em 2014 pelo papa Francisco para suceder a Mary Ann Glendon, que havia sido apontada por São João Paulo II em 2004.
Archer também foi a primeira mulher a presidir a International Sociological Association, de 1986 a 1990. Aos 74 anos, ela é considerada um dos principais nomes na tradição sociológica do realismo crítico. Atualmente, leciona em Lausanne, na Suíça.
Nicoletta Vittoria Spezzati
Nascida em 1948, na Itália, a irmã Nicoletta é subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica desde que o papa Bento XVI a nomeou para a função, em 2011. Religiosa da congregação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, ela é doutora em Ciências da Comunicação e perita em Teologia Espiritual.
O dicastério em que ela trabalha é responsável pelos religiosos e religiosas de todo o mundo. Lá, ela é a terceira pessoa na hierarquia, depois do cardeal brasileiro João Braz de Aviz, que chefia o organismo, e do arcebispo espanhol José Rodríguez Carballo, secretário. Nicoletta está no dicastério desde 2006. Como subsecretária, substituiu outra religiosa, Enrica Rosanna, nomeada por São João Paulo II em 2004.
Barbara Jatta
Diretora dos Museus Vaticanos desde janeiro de 2017, a italiana Barbara Jatta foi escolhida para a função pelo papa Francisco depois de seis meses como vice-diretora da instituição e de vinte anos de trabalho na Biblioteca Apostólica Vaticana. Especializada em história da arte, tem 54 anos, é casada há 29 e tem três filhos.
Jatta é a primeira mulher a dirigir os Museus Vaticanos, que são o terceiro museu mais visitado do mundo, atrás apenas do Louvre e do Museu Metropolitano de Arte de Nova York. Cerca de seis milhões de pessoas visitam as suas galerias todos os anos.