Crédito: Bigstock.| Foto:
Por Cibele Scandelari, esposa, mãe de três meninas, professora e orientadora familiar.
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Ao conversar com uma amiga do tempo de faculdade, uma pergunta que ela me fez ecoou na minha cabeça. Durante um bom tempo, a pergunta insistia em se fazer presente nos meus pensamentos. Acho que isso aconteceu porque percebi, ao meu ver, grande importância no tema suscitado.

Senti na pergunta dessa minha amiga um certo receio na existência de uma classificação pejorativa com relação ao que os pais devem ou não fazer. Tal classificação viria, provavelmente, de uma parcela da sociedade, uma parcela que tivesse a força suficiente para incutir na cabeça das pessoas o que seria “certo” ou “errado” na maneira de agir como pai e mãe.

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Não proponho receitas prontas, até mesmo porque elas não existem. Mas faço aqui o alerta pela educação coerente, pela busca de informações realmente eficazes, profundas e transformadoras

Talvez viessem daí as chamadas “guerras maternas”. Nunca ouviu falar delas? Bom, as mães bem sabem disso. Quem é “melhor”? Aquela que adotou a homeopatia ou a alopatia? Cesárea ou parto normal? Brincadeiras criativas, ou acesso à tecnologia? Aleitamento materno ou fórmula industrializada? Poderia me estender mais nessa lista de embates.

Essas guerras estão tão presentes no cotidiano de tantas famílias, de tantas mães, que já viraram pano de fundo de blogs e até campanha pelo seu fim. Sim… quando nós mulheres escolhemos ser tiriricas, conseguimos irritar até nós mesmas.

Mas voltemos à pergunta. Quem define quais são os papéis que os pais devem desempenhar? E essa minha amiga continuou: as pessoas são diferentes, logo, cada um tem o seu jeito, a sua maneira de educar. E todos educam. Conforme ela ia tecendo suas dúvidas, meu interior ia me dizendo que não podia concordar 100% com ela.

Por exemplo, conseguia concordar que as pessoas são diferentes e que possuem o direito de ser diferentes. Ótimo, mas não que, independentemente do que façam, todos os pais e mães educam. Não! Muitos deseducam. Muitos simplesmente não estão nem aí. Não podia e não posso achar que praticamente tudo possa ser válido quando se trata das vivências de uma criança. Vale fazer uma ressalva aqui: vai que não captei o que ela queria dizer.

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Resposta

Bom, independentemente de eu ter ou não captado a ideia dela, a pergunta inicial continuava. E eu continuei a pensar sobre ela. A reflexão me fez chegar à conclusão de que a questão não possui uma resposta correta, pois a dúvida que a gerou não está formulada corretamente. A questão não é QUEM e sim O QUÊ. O que define quais são os papéis que os pais devem desempenhar?

A partir desse momento, a resposta ao que já estava me angustiando veio. O que define os papéis são as necessidades que os filhos apresentam como pessoas únicas, de carne e osso, com personalidades distintas, com sonhos e dificuldades. Isso se considerarmos que o ser humano necessita de algum tipo de apoio para poder desenvolver suas capacidades e estas, por sua vez, de algum tipo de direcionamento para serem aplicadas para o bem da própria pessoa e da sociedade na qual convive. Do contrário, realmente, qualquer coisa é válida.

Os papéis não são definidos por um grupo de pessoas ou por parte da sociedade dominante numa determinada época. Essas funções vêm responder necessidades reais do ser humano em fases importantes de seu desenvolvimento, nas diferentes áreas que compõem seu ser. Vendo por esse ângulo, podemos compreender o quão importante são os pais para o crescimento integral da pessoa.

Entendo, aqui, o termo integral, não como unidade de comunicação muito utilizada nos dias de hoje pelo marketing, mas sim como uma palavra que abarca, de maneira completa, o ser humano como um todo. Nos seus aspectos físico, intelectual, afetivo-social, volitivo e transcendente.

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É certo que as pessoas são livres. Apesar de uns serem mais livres que outros. Suas ações como pais e mães também estão vinculadas ao uso dessa liberdade. Alguns pais escolhem que castigos físicos deverão entrar nas suas práticas educativas, enquanto outros abolem de vez a ideia e buscam alternativas.

Exemplo

Com certeza, você que está lendo tem uma opinião sobre o assunto. Ou, pelo menos, pende para algum lado dessa balança. Apesar de eu ter uma opinião sobre o tópico, minha intenção aqui não é tratar dele, mas sim utilizá-lo como exemplo. O pai que utiliza o castigo físico o faz pensando no bem da criança ou o faz quase sem pensar, como uma maneira de escape emocional? O pai que decidiu não bater conversa com seu filho de maneira a garantir sua autoridade, desenvolvendo importantes aspectos da criança ou simplesmente evita brigas para seu próprio bem-estar?

Acredito que, quando centramos nossa inteligência, nossa razão na busca por caminhos que garantam o cuidado com o crescimento integral de nossos filhos, vamos nos deparar com dúvidas internas sobre qual o melhor caminho tomar. Certas coisas serão relativas sim, dependerão da intensidade com que são vividas, dos momentos pelos quais a família está passando entre outras variáveis.

Os papéis não são definidos por um grupo de pessoas ou por parte da sociedade dominante numa determinada época. Essas funções vêm responder necessidades reais do ser humano em fases importantes de seu desenvolvimento, nas diferentes áreas que compõem seu ser

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Porém, se formos sinceros, encontraremos assuntos nos quais a relatividade não poderá encontrar espaço. Exemplo: os pais devem garantir ser os primeiros e principais educadores, o amor entre pai e mãe dá segurança aos filhos, autonomia é algo importante a ser desenvolvido, etc.

Alerta

Não proponho receitas prontas, até mesmo porque elas não existem. Mas faço aqui o alerta pela educação coerente, pela busca de informações realmente eficazes, profundas e transformadoras. Busco ferramentas que permitam aos pais serem protagonistas da educação de seus filhos, que sejam fomentadas ações educativas conscientes, fruto de reflexões, para a busca do desenvolvimento de seres humanos plenos, de bem e, sobretudo, felizes, capazes de com suas vidas transformar a sociedade.

É isso aí. Não temos o “Manual do Pai Perfeito”. Mas temos a intenção de estudar, discutir e buscar melhorar nossas ações como pais e mães. Reconhecer que pouco sabemos e que necessitamos ir atrás de informações para poder refletir e escolher o melhor caminho a seguir é um grande passo para evitarmos jogar a vida de nossos filhos no vale tudo do relativismo.

E assim me despeço, desejando a todos uma boa caminhada.

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