Marcha pela Vida de Washington, em janeiro de 2016 (foto: divulgação/March for Life).
Marcha pela Vida de Washington, em janeiro de 2016 (foto: divulgação/March for Life).| Foto:
Autor: Padre Frank Pavone, diretor nacional da Priests for Life, a maior organização católica do mundo focada exclusivamente em trabalhar pelo fim do aborto.

Os millenials, como é chamada a geração nascida entre as décadas de 1980 e 1990, costumam ser bastante mal vistos. Eles são rotulados como bebês chorões, frágeis, mimados e susceptíveis. Dizem que eles querem superproteção, medalhas de participação e recompensas. Eles são acusados de desejar o máximo de benefício pelo mínimo de trabalho, e a lista continua.  Eu meio que me sinto mal por eles. Imagino que cada nova geração de jovens adultos que surge recebe algum tipo de crítica, mas não me lembro de alguma que tenha sido tão atacada quanto os millenials. Mas se há algo que geralmente é negligenciado mesmo dentro de suas fileiras é que eles são a geração mais pró-vida até agora. E eles merecem aplausos por isso.

Na Marcha pela Vida de 2016, em Washington, os jovens compunham 80% dos participantes, que, totalizados, somavam cerca de 500 mil pessoas. O movimento pró-vida é sobretudo um movimento jovem. Sendo a geração mais perita em tecnologia de todas, eles são talvez os que menos tendem a ser enganados pela retórica pró-aborto. Para essa geração, as primeiras fotos dos seus bebês costumam ser imagens de ultrassom, até mesmo 3D. Eles têm acesso ao Youtube, ao Snapchat, ao Tumbler, ao Twitter, ao Instagram e sabem como usar tudo isso. Não há assunto que eles não saibam como procurar da maneira mais rápida no Google. Eles sabem o que um aborto é e não gostam nada disso.

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É fácil entender por quê. Essa geração não está apenas alçando a voz em nome de bebês em perigo de serem abortados – eles estão alçando a voz também em seu próprio nome. Eles sabem que são sobreviventes. Sabem que, quando estavam no ventre de suas mães, não estavam protegidos. Millenials experimentam uma “síndrome do sobrevivente”, como soldados que voltaram de uma guerra na qual seus companheiros foram mortos. De fato, durante encontros da campanha Silent No More – um projeto das organizações Priests for Life e Anglicans for Life – há cada vez mais jovens com cartazes dizendo: “Lamento por meu irmão abortado”.

O sentimento de ter sobrevivido ao aborto corresponde a boa parte daquilo que motiva jovens ativistas pró-vida hoje. De fato, quando me convidam a encorajar paróquias e organizações pró-vida a focar mais no recrutamento de jovens, não é uma tarefa difícil. Os millenials entendem a mensagem pró-vida melhor que as gerações anteriores e a resposta mais comum que eles dão à pergunta “Por que você está engajado em tentar acabar com o aborto?” é: “Porque poderia ter sido eu”.

Sempre ressalto que os jovens não são meramente os “futuros líderes” do movimento pró-vida. Eles são os líderes aqui e agora, de muitas maneiras. Eles têm muito a oferecer aos seus coetâneos, bem como a todos nós. Quem está no movimento há muito tempo precisa entender o que cai acontecer quando recrutarmos mais jovens às fileiras pró-vida. Eles vão nos desafiar. Eles vão nos lembrar de coisas que talvez esquecemos e serão até mesmo capazes de nos ensinar uma nova forma de ativismo e até uma nova forma de pensar. Todos nós já vimos o ativismo ousado, estilo “na-sua-cara”, dos millenials. É desprovido de qualquer pretensão. É um sopro de ar fresco.

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Quando confrontados com questões morais fundamentais, como as pró-vida, os jovens são diretos. O seu pensamento é sem rodeios. Desacostumados às camadas de complicações que anos de resistência dos oponentes podem trazer, os jovens conseguem enquadrar certas questões com uma clareza simples e direta. E enquanto eles sempre precisam estar abertos a aprender daqueles que têm mais experiência, também precisam ser ouvidos. Precisamos deixar que eles moldem nosso próprio pensamento.

Quando ficam sabendo que um bebê está sendo assassinado naquele prédio do outro lado da rua, eles dizem: “Vamos lá impedir isso! Precisamos ir lá e dizer a eles que não sairemos dali enquanto os assassinatos não cessem! Se é lá que estão os bebês que temos que salvar, o que estamos fazendo aqui?” Ou, quando descobrem que certo candidato é a favor da legalização do assassinato de bebês, nossos jovens declaram: “Temos que dizer as pessoas que não votem nele!” Quando percebem a clareza do ensinamento do Evangelho a respeito da sacralidade da vida, eles dizem: “Todos os pastores precisam pregar sobre isso e convocar seu povo ao ativismo pró-vida! Isso é mais importante que qualquer outra coisa!”

Não há verdade nessa forma direta de pensar? Podemos aprender algo deles e redirecionar nossa atenção e nossa energia nas coisas fundamentais que, no fim, simplesmente precisam ser ditas e feitas. Talvez nos tornamos complicados demais e somos rápidos demais em dizer: “Não é tão simples assim”.

Alegro-me com o compromisso e o envolvimento pró-vida da nossa juventude – tanto que, de fato, enquanto estou comprometido em treiná-los para a batalha, não estou disposto a entregar a batalha a eles. A hora de acabar com o aborto é agora, não na próxima geração ou na outra. Em vez de “passar o bastão” aos nossos jovens, vamos dar as mãos a eles e marchar juntos rumo à terra prometida da vitória dos nascituros!

 

Artigo originalmente publicado em Life Site News.

 

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