Nesta semana uma postagem no Facebook causou comoção geral na internet. Uma mulher publicou uma fotografia de uma mãe amamentando seu bebê enquanto andava de bicicleta. Na legenda da imagem, a autora do post (que não era a mesma mãe da foto) escreveu uma mensagem preconceituosa, na qual criticava não apenas a amamentação em público, mas o ato de uma mãe amamentar o próprio filho. Segundo ela, o governo incentiva o aleitamento materno apenas para não ter de gastar com a compra do leite em pó, que teria as mesmas características do leite produzido pela mãe.
Neste episódio, há dois elementos a serem analisados. Um é a foto em sim, que é chocante. E não porque a mãe estar amamentando seu bebê em público, mas sim pelo risco a que expôs seu filha com esse ato. Que mãe dirige um veículo e amamenta seu filho ao mesmo tempo? Andar de bicicleta com uma criança a tiracolo já não é das atividades mais seguras. Agora, amamentá-la ao mesmo tempo me parece ser um ato de extrema irresponsabilidade. Ela poderia ter alimentado a criança com a bicicleta parada para preservar a própria segurança e, principalmente, a de sua filha. Infelizmente, essa discussão ficou de fora das redes sociais.
O segundo elemento que precisa ser discutido é o comportamento da pessoa que fez a postagem na rede social, que é completamente equivocado e presta um desserviço à saúde das crianças. Já está comprovado que apenas o leite materno tem todos os ingredientes essenciais para os primeiros seis meses de vida dos bebês. Tanto é que até essa idade eles não precisam de nenhum tipo de complementação na alimentação. Nem mesmo água.
Crianças que são alimentadas com o leite em pó acabam tendo de provar novos alimentos antes do fim do primeiro semestre de vida, justamente pela falta de alguns nutrientes dessa forma de lactação. É claro que há casos e casos e nem todas as mães conseguem amamentar. Não estou criticando o uso do leite artificial (em muitos casos eles salvam a vida das crianças), mas sim o incentivo ao abandono do aleitamento materno por meio de críticas preconceituosas e o incentivo do uso do leite industrializado por ser mais cômodo e não expor os seios da mãe.
Pensando nisso, separei algumas dicas que encontrei sobre aleitamento materno no site da NeoBaby, empresa que atua no Paraná, ministrando cursos para gestantes e ajudando as mamães a iniciar o processo de amamentação (que sabemos que pode ser bem traumático e nada mágico se não for bem orientado). O site traz outras dicas para gestantes também. Vale a pena conferir.
Vantagens do aleitamento materno
Para a mãe:
- Fortalece o vínculo afetivo.
- Favorece a involução uterina e reduz o risco de hemorragia. Ou seja, aquela barriguinha indesejada depois do parto some mais rapidamente.
- Contribui para o retorno ao peso normal.
- Contribui para o aumento do intervalo entre gestações.
- O leito é limpo, está pronto e na temperatura adequada e não tem custo.
Para a criança:
- É um alimento completo, não necessitando de nenhum acréscimo até os seis meses de idade.
- Facilita a eliminação de mecônio (as primeiras fezes do bebê que contêm ainda o líquido amniótico) e diminui a incidência de icterícia.
- Protege contra infecções.
- Aumenta o vínculo afetivo.
- Diminui as chances de desenvolvimento de alergias.
- Melhor utilização de nutrientes, favorecendo a digestão e a absorção.
- Previne alergias.
- Bacteriologicamente seguro, não tem risco de contaminação.
- Propriedades imunológicas – “vacina”.
- Evita a superalimentação, obesidade.
Tipos de leite materno e suas fases
Colostro
O colostro é amarelo, viscoso e levemente salgado. Tem alto valor nutritivo e transmite ao bebê os anticorpos da mãe, protegendo-o contra doenças. Ele é rico em imunoglobulinas, vitamina E (anti-hemolítica nesta fase), vitamina A (integridade celular), colesterol (para desenvolvimento cerebral e mielinização). Sua composição química é laxativa, o que favorece a liberação do mecônio (primeiras fezes do bebê, que contém resíduo do líquido amniótico).
- Até o 7º dia = colostro
- Entre o 7º e 15º dia = leite de transição
- Após o 15º dia = leite maduro
Leite Maduro
É produzido após o 15º dia. O leite é mais claro, translúcido. Pelo aspecto claro, muitas mães pensam que o leite está “fraco”. Porém o leite muda de aspecto de acordo com as necessidades do bebê. Não existe leite fraco. O leite de vaca tem aspecto mais “forte”, porém contém altíssima quantidade de cálcio, que é prejudicial ao sistema renal dos bebês humanos.
Leite anterior e posterior
Nos primeiros 10 minutos da amamentação o que sai do seio é o leite anterior, que tem mais água por ter justamente a função de matar a sede do bebê. Nos próximos 10 minutos, é produzido o leite posterior, que tem mais gordura e engorda o bebê. Para que ele se beneficie das duas fases do leito, a cada mamada deve-se realizar o rodízio das mamas, sempre começando pela em que o bebê terminou da última vez.
Como cuidar das mamas durante a gestação
Na gestação as mamas aumentam e ficam sensíveis, a pigmentação da aréola e dos mamilos escurece e o colostro pode aparecer a partir da 10.ª semana de gestação, aparecem pequenos “pontos” na aréola, são as glândulas de Montgomery que proporcionam a hidratação da aréola e mamilos (O corpo está se preparando para amamentar…).
- O Ministério da Saúde não recomenda mais o uso de buchas, pois elas retiram a hidratação natural das mamas.
- Usar sutiã durante a gestação. De preferência, sutiã com boa sustentação, alças largas e sem arcos. O sutiã deve ser usado à noite também.
- Fazer banhos de sol nas mamas durante 15 minutos (antes das 10 horas da manhã ou depois das 16 horas). Caso não seja possível, fazer banho de luz com lâmpada de 40 watts (usar a um palmo de distância da mama).
- Evitar uso de sabões, sabonetes, pomadas e cremes no mamilo.
- Não fazer a expressão de leite (ordenha) durante a gestação. Ela pode levar ao parto prematuro.
- Pode ser recomendado (pelo obstetra) o uso de conchas para mamas com mamilos planos, semi-invertidos ou invertidos.
Amamentando
1ª Etapa
Antes de amamentar, lave as mãos e verifique se a aréola está macia e flexível.
2ª Etapa
Caso esteja endurecida, inicie uma massagem suave, com movimentos circulares desde a aréola até a base da mama. Alterne a massagem com expressão do leite.
3ª Etapa
A expressão do leite deve ser feita com o dedo polegar acima da linha da aréola e o dedo indicador abaixo da linha da aréola.
4ª Etapa
Antes de levar o seio ao bebê, passe algumas gotas de leite ao redor do mamilo. Ao amamentar sustente a mama com sua mão em forma de “C” apoiando os 4 dedos sobre a mama e posicionando o polegar afastado da aréola. Faça uma suave compressão para sair algumas gotas de leite, a seguir toque seu mamilo no lábio inferior do bebê, assim o bebê abre a boca e abocanha o mamilo e parte da aréola.
O bebê deve estar relaxado e dando sugadas grandes e espaçadas, sem fazer barulho. A pega correta evita lesões nos mamilos.
É importante que a mãe também esteja tranquila e o ambiente favorável à amamentação. O apoio do pai e de familiares é fundamental para o sucesso da amamentação.