Por André Brandalise, advogado e cinéfilo assumido. Escreve sobre filmes há quatro anos.
A Pixar tem o (bom) hábito de nos trazer belas animações, que assim como a trilogia Toy Story, servem para adultos e crianças. Divertida Mente é um desses casos, em que as crianças com certeza irão se apaixonar pelos personagens, dar risadas e chorar com cada um deles, mas os adultos terão ótimas lições para a sua vida e de seus filhos/netos/sobrinhos.
As personagens que estão na cabeça de Riley (e dos pais também … quer dizer, de todo mundo) foram muito bem caracterizadas, tanto na personalidade específica de cada uma, como nas cores e nos trejeitos. Cada detalhe foi colocado de forma simples e ao mesmo tempo brilhante.
Cada um tem na cabeça algo que podemos chamar de “torre de controle”, em que as emoções controlam as reações da pessoa. Em alguns momentos vemos as diferenças de “mentalidade” da filha, da mãe e do pai, mostrando não só a maturidade em razão da idade, como a diferença em virtude do sexo (o que também vale para as emoções que habitam na respectiva “torre”).
O belo do filme é mostrar o relacionamento das emoções, e como tentamos afastar (ou abafar) a tristeza e deixar a alegria tomar conta. Nós, os adultos, no desejo de proteger as crianças, tentamos fazer o mesmo com as crianças. Esquecemos que a tristeza faz parte do crescimento, amadurecimento e formação da personalidade de cada pessoa, e que muitas vezes ela é necessária em diversos momentos para se aprender a enfrentar as diversas dificuldades da vida.
O papel dos pais é estar presente, é ajudar a enfrentar os momentos tristes e participar dos alegres. É também ser o ombro amigo e, quando necessário, a autoridade que dá os limites. É tudo isso e muito mais, mas sem controlar a criança como se ela fosse programável igual a uma máquina.
Que maravilhosa lição aos pais. Ao mesmo tempo uma outra lição para nós adultos, que esquecemos muitos de nossos momentos na vida, de aprendizados, de coisas que gostamos. Em alguns momentos eu pensei em mim, ainda criança ou adolescente, as mudanças próprias da idade, o enfrentamento das dificuldades, minhas tristezas e alegrias, as coisas que tive que deixar pelo caminho e outras que acolhi. Sim, assim como tantos outros filmes da Pixar, meus olhos ficaram marejados… e tenho certeza de que você passará por uma experiência semelhante.
Pode não ser a melhor animação da Pixar, mas está fácil entre as melhores. Que possamos assistir (de preferência no cinema e até mesmo dublado – ótima dublagem) de coração aberto, vendo a vida com os olhos de cada emoção na “torre de controle”, pensando no crescimento de tantas crianças ao nosso redor e lembrando de nós mesmos.
Sinopse: Riley é uma garota divertida de 11 anos de idade, que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade natal, no centro dos Estados Unidos, para viver em São Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojinho e a Tristeza. Embora esses grupos sejam normalmente organizados, a chegada de Riley a uma nova escola faz com que todas as emoções se misturem.
Ficha técnica:
Gênero: Animação
Direção: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen
Roteiro: Josh Cooley, Meg LeFauve, Pete Docter
Elenco: Amy Poehler, Bill Hader, Bob Bergen, Carlos Alazraqui, Diane Lane, Jess Harnell, Kyle MacLachlan, Laraine Newman, Lewis Black, Lori Alan, Mindy Kaling, Paula Poundstone, Phyllis Smith, Richard Kind, Teresa Ganzel
Produção: Jonas Rivera
Trilha Sonora: Michael Giacchino
Duração: 102 min.
Ano: 2014
País: Estados Unidos
Estreia: 18/06/2015 (Brasil)
Distribuidora: Disney
Estúdio: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Classificação: Livre