Esther Cristina Pereira é psicopedagoga, diretora da Escola Atuação e vice-presidente do Sinepe/PR.
Quando nos fazemos esta pergunta – o que é reprovar? –, uma série de questionamentos, ponderações e dúvidas surgem à cabeça. Isso porque, aqui no Brasil, a visão negativa sobre a reprovação é muito presente, muito forte. É claro que fazer com que o aluno seja obrigado a rever todo o conteúdo de um ano escolar pode ser frustrante. Mas cada criança tem seu ritmo de aprendizagem e nem todas se utilizam das mesas estratégias cognitivas durante o processo.
Além disso, a reprovação está vinculada a uma série de questões que precisam ser avaliadas pelo aluno, sua família e a escola. A retenção se deu por falta de comprometimento e maturidade da criança ou por dificuldades de aprendizagem? É necessário avaliar todo o contexto.
Um aluno com dificuldade não demonstra isso no final do ano, mas sim durante todo o processo. E, se esse for o caso, qual foi a ajuda que a criança recebeu – emocional e pedagógica? A parceria entre família e escola é fundamental. Quanto maior a participação dos pais no dia a dia escolar, melhor o rendimento do aluno, pois, quando a família mostra o valor e a importância dos estudos, o filho entende e fica mais motivado. Pais que se interessam pelo dia a dia escolar tendem a exercer uma influência positiva, e isso se reflete no comportamento da criança.
Se todo o trabalho não for o suficiente e o aluno reprovar, é preciso que a família e a escola façam com que a criança se sinta segura e acolhida para iniciar o novo ano escolar. Além disso, diversos estudos já mostraram que a autoestima é essencial no processo educacional.
Pensar o potencial e a condição do aluno é o grande segredo de uma boa escola. Fazer com que ele encare a retenção como uma oportunidade de melhoria, uma nova chance de aprender aquilo que passou, também. Organizar uma agenda escolar e uma estratégia para que família e escola acompanhem lado a lado o desenvolvimento durante o ano letivo, proporcionando todo o suporte necessário para que a criança evolua de forma tranquila e satisfatória, é de um valor imensurável.