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***Elisa Robson***

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Jornalista e representante em Brasília do Movimento República de Curitiba

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Quando Karl Marx apresentou o “Manifesto Comunista”, ele foi audaciosamente direto e sombrio quanto aos propósitos da sua ideologia. “Os comunistas rejeitam suavizar suas ideias e objetivos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pela violenta subversão de toda a ordem social vigente”. E na sua nefasta concepção de país comunista, a “família” recebeu atenção especial.

“Abolição da família! (…) A família burguesa será naturalmente eliminada com o eliminar deste seu complemento (a propriedade privada), e ambos desaparecerão com o desaparecimento do capital”, escreveu o seu panfleto.

Mas por que Marx incluiu o ataque à família como um dos seus alvos? Mais grave: por que ele não queria apenas modificar a família, mas elimina-la totalmente? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na história dos “Pilgrims Fathers” (Pais Peregrinos). Eles foram os primeiros ingleses a emigrarem para a América do Norte e lá fundaram as primeiras colônias, que, a posteriori, deram origem aos Estados Unidos.

A bordo do Mayflower, algumas dezenas de famílias partiram da Inglaterra em 6 de setembro de 1620 e seguiram por mais de 60 dias pelo Oceano Atlântico até aportar na baía do Cape Cod (atualmente o estado de Massachusetts).

Foi ainda dentro do navio que estas famílias elaboraram o chamado Pacto de Mayflower. Quarenta e um homens assinaram o documento que traçava regras a serem seguidas quando finalmente estivessem em terra firme, assentados na colônia. O pacto é reverenciado como um grande marco constitucional, já que apresenta claramente as intenções de uma sociedade bem no seu início, quando tudo ainda estava por ser realizado. Com destaque para a liberdade religiosa, política e econômica.

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O primeiro inverno que enfrentaram na nova terra foi dificílimo (1620-1621) e metade dos peregrinos morreram. Em sua History of Plymouth Plantation, o governador da colônia, William Bradford, relatou que os colonos passaram fome e muitas adversidades.

Mas em dois anos, algo mudou.

A colheita de 1623 foi diferente. De repente, “em vez de fome agora, Deus deu-lhes bastante”, escreveu Bradford, “e a face das coisas mudou, para regozijar os corações de muitos, pelos quais eles abençoaram a Deus”. Depois disso, ele escreveu: “qualquer desejo geral ou fome não existe entre eles desde o dia de hoje”. De fato, em 1624, tanto alimento foi produzido que os colonos puderam começar a exportar milho.

Mas o que aconteceu? Depois da pobre colheita de 1622, escreve Bradford, “eles começaram a pensar em como poderiam colher o máximo de milho que pudessem e obter uma safra melhor”. Eles começaram a questionar sua forma de organização econômica.

Isto porque, inicialmente, quando não tinham nada, a ideia era que de todos os lucros e benefícios obtidos pela produção da comunidade fossem colocados em um estoque comum, em que cada pessoa pudesse pegar apenas o que precisava. Era uma forma inicial de comunismo e é por isso que os peregrinos estavam morrendo de fome.

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Bradford escreve que “os jovens que eram mais capazes e aptos para o trabalho e o serviço” queixaram-se de serem forçados a “gastar seu tempo e força para trabalhar para as esposas e filhos de outros homens”. Além disso, “o forte não tinha mais provisões e roupas do que aquele que era fraco”.

Assim, os jovens e fortes recusaram-se a trabalhar e a quantidade total de alimentos produzidos era insuficiente.

Sem um estado coercitivo sobre aquelas famílias, no entanto, num período de dois anos, eles corrigiram esta situação. Em 1623, Bradford aboliu o “comunismo”. Deu a cada domicílio uma parcela de terra, a propriedade privada, e disse-lhes que poderiam guardar o que produziam ou trocá-lo como quisessem. Em outras palavras, ele substituiu o comunismo por um mercado livre, e isso foi o fim da fome entre eles.

O que os peregrinos constataram foi o mesmo que Marx abominava: a força das famílias na construção de uma sociedade.

A família, como a estrutura da economia de mercado, é produto não de uma coerção política, mas de uma associação voluntária, livre. Diferente do comunismo ou do socialismo, o casamento e a família se formam no consentimento das partes.

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O mesmo fundamento ético e institucional é partilhado pela família e pelo capitalismo, por exemplo, que é uma sociedade baseada em contratos. Para o comunismo, entretanto, a meta deve ser a substituição dessa sociedade por outra, baseada na violência e coerção estatal.

Não por acaso, a família patriarcal, o primeiro núcleo de liberdade, segurança e independência, e com força para mudar a economia e a política de uma sociedade (como vimos na história acima), é alvo de um agenda internacional que promove a sua “eliminação”. Tal qual, Marx pregava.

Logo, o ataque radical à liberdade e à vida familiar que políticas governamentais promovem só poderão ser enfrentadas pelas famílias.

E é aí que reside o segredo para começarmos a reconstruir o Brasil: trabalharmos para fortalecermos o conceito “tradicional de família”. E no caso das famílias genuinamente cristãs, existe a vantagem, como vimos com os Peregrinos, de guardar uma visão retrospectiva e providencial, conservada a partir de seu compromisso em praticar verdades singelas da Bíblia.

 

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