Fotos: Tribunal de Justiça de Goiás/divulgação
Fotos: Tribunal de Justiça de Goiás/divulgação| Foto:

Quando um adolescente que vive em um abrigo chega aos 17 anos de idade, a sua chance de ser adotado é muito pequena. Das mais de 44 mil pessoas cadastradas como pretendentes a adotar uma criança em todo o Brasil, apenas 53 – 0,12% – aceitam adotar um jovem dessa idade. Se esse adolescente for negro ou tiver um irmão – a lei não permite separá-los –, a situação é ainda pior, porque do total de pretendentes somente 54% aceitam uma criança negra e 36% aceitam adotar irmãos.

É por isso que Mariana Rocha, uma jovem negra que vivia em um abrigo de Cidade Ocidental (GO), pode ser considerada uma menina de sorte. Ela foi adotada pela cabeleireira Lucélia Rocha e pelo pintor Laurentino Rocha duas semanas antes de completar 18 anos – o que a obrigaria a deixar o abrigo, como aconteceu com a sua irmã Maiara, dois anos mais velha.

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Como muitos dos jovens que completam 18 anos acolhidos em instituições, Maiara estava vivendo nas ruas do município goiano. Lucélia, que havia trabalhado no abrigo, ficou sabendo disso através de um ex-diretor do local e foi atrás da jovem pelas ruas da cidade. Ela a acolheu em sua casa e em seguida foi atrás de Mariana, que estava às vésperas de completar 18 anos e ter o mesmo destino de Maiara.

“O ex-diretor do orfanato falou que todas as crianças da época em que eu fiz um trabalho lá tinham sido adotadas, menos ela e a irmã. Preocupado, ele me perguntou se eu podia ajudar e que ela precisava de uma casa. Eu falei: uma casa eu tenho”, recordou Lucélia em conversa com a TV Anhanguera. Ela e o marido receberam uma autorização judicial para que Mariana – que viveu em abrigos durante 15 anos – passasse o Natal de 2017 na casa deles e também uma parte das férias.

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“Ela pediu para ficar conosco e foi um momento de muita emoção alguém escolher andar com a gente. Não temos vida boêmia, moramos em área rural. Ela que nos escolheu”, contou Lucélia. Comovidos e já encantados pela adolescente, o casal não teve dúvidas de que a família já não estaria completa sem ela dali para frente.

“Ela me disse que não tinha sonho. Iria chegar aonde? Graças a Deus ela começou a pensar diferente, agir diferente. Foi bom para nós e para ela”, contou. “Mudou tudo. Eu não tinha sonhos, era muito presa. Agora me sinto livre. Comecei a enxergar um futuro”, disse Mariana, que agora deseja ser comissária de bordo como a sua irmã adotiva mais velha.

 

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