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A rotina da assessora parlamentar Christiane Matsumoto, de 40 anos, é tão puxada quanto a do seu marido Ednei Linhares, de 44, que é gerente comercial. Ambos trabalham pelo menos 40 horas semanais. Casados há pouco mais de um ano, hoje eles não encontram muito tempo para ouvir um ao outro, como no tempo de namoro. Mas reconhecem a importância de uma escuta diária ou eventual, e por isso procuram meios para aumentar a comunicação.

Nossas convicções: A importância do casamento

Um estudo feito com 24 homens e 28 mulheres, na Holanda, e publicado pela Harvard Business Review (HBR) mostra que a necessidade e preocupação de Christiane e Ednei, em ouvir e ser ouvido pelo outro, não é única.  Segundo os pesquisadores, não só as mulheres querem falar, como se imagina, mas também os homens têm esse desejo, quando buscam o apoio dentro do casamento. Ainda que de maneiras diferentes, os dois querem desabafar as angústias.

Uma atividade comum para o casal curitibano, por exemplo, é sair aos domingos para caminhar e também participar de rodas de terapia para casais na igreja que frequentam. “Tem funcionado muito bem, porque são maneiras de conhecer ainda mais o universo dele e desta forma acabo participando e opinando”, diz a assessora.

O poder da escuta

Segundo o estudo, a escuta ativa pode realmente ser o primeiro passo – não só para fazer com que as pessoas se sintam apoiadas quando compartilham vulneravelmente os altos e baixos de suas vidas – mas, também, para aproximar o casal. Esse hábito pode ajudá-lo a entender melhor os vários papéis que o cônjuge assume diariamente e como influenciam seus relacionamentos.

Para o terapeuta Clayton Machado é importante que também o homem reconheça que deseja ser ouvido, já que se sente pressionado socialmente a ser forte o tempo todo. “Muitos casais esbarram nessa dificuldade do diálogo, mas é conversando que se fortalece o casamento”, alerta. Hoje, doenças de transtornos psíquicas e emocionais são geradas também por conta do isolamento, segundo o especialista. Por isso, ambos precisam ter a docilidade de saber escutar e compreender, além de se abrir também.

 A importância do diálogo

Mostrar suas fraquezas não é ser vulnerável, é um ato de coragem. Certos assuntos não podem ser omitidos ou serem tratados como meros detalhes em um casamento. Segundo Machado, marido e mulher acabam se tornando bons psicólogos um do outro durante a vida. “O diálogo precisa ser treinado. Embora às vezes o tempo seja um obstáculo, procure meios para dar suporte ao outro. O casamento é um eterno se ajudar”, diz.

5 chaves para ouvir seu parceiro de forma eficaz

Mas nesse momento de escuta, é importante que o casal esteja atento às falhas de comunicação que possam surgir. A psicóloga Eloise Almeida explica que é comum que hajam “furos” na comunicação, mas que eles podem ser evitados. “A comunicação é composta por ouvir e falar. Uma das defesas mais destruidoras de uma comunicação é a desqualificação das mensagens do outro”, afirma. Jogar palavras alfinetando o outro faz com que o relacionamento perca sua funcionalidade, de acordo com Eloise.

Além disso, as expressões corporais precisam ser observadas. “Negar com gestos aquilo que afirma verbalmente, ser incoerente, mudar bruscamente de assunto não dando importância aquilo que está sendo falado e interpretar de forma errônea, desqualifica a comunicação”, garante a especialista. Atentar para o momento vivido pelo outro também é de suma importância. “Tem fase que o marido tem a necessidade de expor mais suas vivências do dia a dia e em outros momentos será uma necessidade maior da mulher”, completou.

Relacionamento funcional

Esse estudo ainda descobriu algumas questões importantes para que um relacionamento se torne funcional. Para a maioria dos entrevistados, a escuta ativa é fundamental e por isso é necessário entender o que o outro quer dizer em uma conversa e não apenas concordar acenando com a cabeça. Também, segundo os participantes, é importante incentivar o companheiro dizendo que se sente orgulhoso e entusiasmado sempre que algo novo acontecer, oferecer além desse apoio emocional, apoio instrumental, tomando a iniciativa de fazer outras tarefas que o auxiliem nesse momento de desgaste.

Para Eloise, um relacionamento só será funcional se o casal for transparente, se houver cumplicidade e ainda se os esposos tiverem certos tipos de diálogos primordiais na relação. “Para isso será necessário falar desde as aflições e receios, especialmente os que estão concernentes ao relacionamento, conversar sobre seus desejos e frustrações e expor seus medos”, completa.

 

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