Ainda que a maternidade seja um elemento central na figura da mais venerada santa do cristianismo, Maria, o fato é que conhecemos muito mais santas freiras e virgens do que santas que alcançaram a plenitude do amor na vida conjugal e na maternidade. Infelizmente, são poucas as mães já beatificadas ou canonizadas e só recentemente a Igreja passou a se dar conta dessa lacuna.
Apresentamos aqui oito santas e beatas que viveram a maternidade, procurando deixar de fora aquelas que, depois da viuvez, ingressaram na vida religiosa, como Rita de Cássia (1381-1457), Joana Francisca de Chantal (1572-1641) e Elizabeth Ann Seton (1774-1821). Conheça um pouco sobre essas santas e mães.
Gianna formou-se médica aos 27 anos e em seguida especializou-se em pediatria. Ela desejava tornar-se leiga missionária no Brasil, onde estava o seu irmão, o frei Alberto Beretta, para cuidar dos necessitados. Na oração, porém, discerniu sua vocação ao matrimônio. Casou-se aos 33 anos com o engenheiro Pietro Molla, com quem teve quatro filhos. Todas as suas gestações foram difíceis, mas a última teve uma complicação a mais: a descoberta de um tumor no útero. Gianna recusou-se a abortar e submeteu-se a uma delicada cirurgia, que teve sucesso. Sua filha nasceu com saúde, mas a mãe acabou morrendo uma semana depois de dar à luz – em uma oferta da própria vida que o Beato Paulo VI chamou de “meditada imolação”.
Nascida na atual Argélia, Mônica casou-se aos 17 anos com Patrício, com quem passou a viver na cidade de Tagaste. O marido tinha um temperamento violento, mas a oração e o testemunho de Mônica o levaram à conversão. O casal teve ao menos três filhos, sendo um deles Santo Agostinho, Doutor da Igreja, um dos maiores personagens da história do cristianismo. Um filho difícil, cheio de vaidade e avesso à fé cristã professada pela mãe, Agostinho deu trabalho. Mônica decidiu segui-lo até a Itália, onde ambos conheceram Santo Ambrósio, que se tornou seu diretor espiritual. Foi também com a sua ajuda – e com as orações e as lágrimas da mãe – que Agostinho se converteu e pediu o batismo. É o que ele reconhece em suas Confissões: “Deu-me a vida temporal segundo a carne e, pelo coração, fez-me nascer para a vida eterna”.
Beata Maria Corsini (1884-1965)
Nascida em Florença, casou-se aos 21 anos com o Beato Luigi Beltrame Quattrocchi. Corsini dedicava-se a escrever livros educativos e servia como catequista em cursos de noivos, uma novidade em sua época. Além disso, foi enfermeira durante a II Guerra. O casal ia junto à missa pela manhã todos os dias, e de noite rezava o terço. Tiveram quatro filhos e foram beatificados juntos, em 2001, por São João Paulo II. Sua última filha ainda viva morreu em 2012.
Nascida na Alemanha em uma família judia não-praticante, Hildegard estudou filosofia, política e economia. Aos 24 anos, casou-se com o empresário húngaro Alexander Burjan. No mesmo ano, doutorou-se em filosofia e, um ano depois, ficou gravemente enferma devido a um problema nos rins. Vendo o serviço das freiras no hospital, decidiu pedir o batismo. Depois de curada, mudou-se com o esposo para Viena, onde tiveram uma filha. Fundou uma congregação religiosa feminina, chamada Caritas Socialis, que diante dos problemas sociais da capital austríaca organizou agências de empregos, lares para mães solteiras, hospitais e locais de distribuição de alimento para os pobres. Ingressou ainda no Partido Social Cristão e se tornou, em 1919, deputada federal.
Beata Isabel Canori Mora (1774-1825)
Isabel casou-se aos 24 anos com o advogado Cristoforo Mora, que logo a traiu e negligenciou a família, depois de gerarem duas filhas. Abandonada pelo marido, precisou trabalhar duro para sustentar as pequenas e, ainda assim, dedicava-se intensamente à oração – principalmente pela conversão de Cristoforo – e ao cuidado dos pobres e doentes. Morreu aos 51 anos, em Roma, onde passou toda a vida. Pouco tempo depois, seu marido se converteu e tornou-se padre na Ordem dos Frades Menores, os franciscanos.
Zélia tentou inicialmente enveredar pela vida religiosa, mas logo se deu conta de que sua vocação era o matrimônio. Dona de uma pequena fábrica de rendas, casou-se aos 27 anos com São Luís Martin, um relojoeiro. O casal viveu na cidade francesa de Alençon e teve nove filhos, dos quais quatro morreram prematuramente. Ela também morreu cedo, de câncer de mama, e não viu uma das filhas entrar no Carmelo e se tornar a grande Santa Teresa do Menino Jesus, Doutora da Igreja.
Beata Anna Maria Taigi (1769-1837)
Nascida em Siena, precisou se mudar com a família para Roma aos cinco anos, depois de ir à falência. Aos 20 anos, casou-se com Domenico Taigi. Tiveram sete filhos, dos quais três morreram prematuramente. Depois de uma experiência de conversão, na Basílica de São Pedro, Anna Maria decidiu renunciar a uma vida mundana e deu todas as suas joias e roupas de luxo. Com uma vida de intensa penitência, demonstrava grande afabilidade por todos, sobretudo por sua família e pelos pobres. Diz-se ainda que teve dons místicos e operava curas.
Santa Emília de Cesareia (+375)
Sabe-se muito pouco sobre Santa Emília, mas se pelos frutos é possível conhecer as árvores, parece que ela fez alguma coisa direito. Afinal, dos seus dez filhos, seis são venerados como santos: Macrina, a Jovem, Teosébia, Naucrácio, Pedro de Sebaste, Gregório de Nissa e Basílio Magno, os dois últimos Doutores da Igreja. Com o esposo, São Basílio, o Velho – filho de Santa Macrina, a Velha –, Emília foi exilada durante o tempo da perseguição de Galério.