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O Papa Francisco nomeou hoje (05/07) o jornalista italiano Paolo Ruffini como prefeito do Dicastério para a Comunicação, organismo da Cúria Romana responsável pela reflexão e atuação na área das comunicações sociais. Com isso, Ruffini se torna o primeiro leigo na história da Igreja a assumir a função de prefeito em um dicastério do Vaticano.

Os dicastérios estão para o papa como os ministérios estão para um chefe de governo. São organismos dedicados a colaborar com o governo da Igreja universal em áreas específicas. Até a reforma da Cúria Romana que o Papa Francisco empreende desde o início de seu pontificado, os dicastérios se dividiam principalmente em congregações (de maior status, chefiadas por “prefeitos”, geralmente cardeais) e conselhos pontifícios (de status menor, chefiados por “presidentes”, geralmente arcebispos).

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Com a reforma curial, Francisco tem instituído novos dicastérios, chamados agora simplesmente de “dicastérios” – um termo antes usado apenas de forma genérica e não no nome oficial dos organismos. Faz parte desse processo a instituição do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (originado da fusão dos Pontifícios Conselhos para a Família e para os Leigos) e do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (originado da fusão dos Pontifícios Conselhos para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, para a Pastoral no Campo da Saúde, Justiça e Paz e Cor Unum), em 2016.

Há 12 dias, Francisco havia ainda renomeado a Secretaria para a Comunicação, instituída em 2015, como Dicastério para a Comunicação, elevando o seu status curial. O organismo é responsável, entre outras coisas, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, pelo Vatican Media, pela Livraria Editora Vaticana, pelo Vatican News, pela conta de Francisco no Twitter e no Instagram e pelo site da Santa Sé.

O novo prefeito, que sucede o monsenhor Dario Edoardo Viganò, tem 61 anos e é casado há 32. Ruffini é formado em Direito e atua como jornalista desde 1979. Desde 2014, desempenhava a função de diretor da TV2000, a emissora da Conferência Episcopal Italiana.

Até a nomeação de Ruffini, o único tipo de organismo da Cúria Romana a ter leigos no comando eram as academias pontifícias. Atualmente, as Pontifícias Academias das Ciências, das Ciências Sociais e de Arqueologia são presididas por leigos – respectivamente, Joachim von Braun (um luterano), Margaret Archer e Marco Buonocore.

Leigos

Coincidentemente ou não, também hoje a Congregação para a Causa dos Santos anunciou a promulgação de decretos de virtudes heroicas de quatro leigos, dando a eles o título de “venerável” – último passo antes da beatificação.

Além disso, ontem foi divulgado que no dia 19 de julho o papa presidirá um consistório – uma reunião de cardeais – para agendar a canonização do Beato Núncio Sulprizio, provavelmente em um movimento de última hora para incluir um leigo na cerimônia de canonização prevista para o dia 14 de outubro e que inicialmente previa a concessão do título de “santo” apenas a religiosas e ministros ordenados.

É interessante notar também que o cardeal Kevin Farrell, precisamente o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, defendeu em uma entrevista recém-publicada em uma revista da Conferência Irlandesa dos Bispos Católicos que os padres não são os agentes de pastoral mais indicados para formar leigos para a vida matrimonial. “Eles não têm credibilidade. Nunca viveram a experiência. Podem saber de teologia moral e dogmática em teoria, mas não têm a experiência para falar sobre como colocá-las em prática no dia a dia”, disse.

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